A PiT e a Delta Q juntaram-se para apoiar uma associação de proteção animal, todos os meses, ao longo de um ano. Neste mês de março damos-lhe a conhecer o Cantinho dos Animais de Évora, que vai a caminho dos 44 anos de existência.
Esta organização sem fins lucrativos, constituída a 19 de outubro de 1979, tem percorrido um longo caminho na promoção e defesa dos direitos dos animais e foi reconhecida como instituição de utilidade pública em 1988.
A sua principal atividade centra-se na recolha de animais abandonados e no seu encaminhamento para adoção responsável, bem como na realização de campanhas de sensibilização da opinião pública. E isso basta para que tudo melhore? Nunca basta. Há ainda muito a fazer no que diz respeito aos direitos dos animais, diz à PiT a vice-presidente da direção do Cantinho, Carla Cupido.
“A nossa missão está centrada na sensibilização para a causa da defesa animal e na denúncia e combate à crueldade animal. Mas há sempre novos animais a precisarem de ajuda”, sublinha. “Surge-nos um pouco de tudo: animais abandonados, encontrados na berma da estrada, animais cujos donos faleceram ou foram para lares e nenhum dos familiares, por algum motivo, os quis acolher”.
Carla Cupido tem 46 anos e desde criança que sempre gostou de animais, especialmente de cães: “sempre foram a minha paixão”. “Também gosto de gatos, mas não sei lidar tão bem com eles. Lidar com os gatos tem sido uma aprendizagem dos últimos anos”, conta.
O seu percurso na associação já é longo. “O meu cão morreu quando eu tinha 19 anos e fui até ao Cantinho para conhecer os animais que tinham para adoção. Gostei do que vi e voltei. Comecei a ajudar na limpeza dos canis e na alimentação dos animais, e também a participar nas campanhas de adoção e de angariação de alimentos”.
Amores que ficam
E não mais saiu. “O que acontece a muitos de nós é que começamos por ir conhecer a associação, participamos numa primeira atividade e depois noutra, e noutra. E depois acabamos por ser convidados para integrar os corpos sociais. Foi o que sucedeu comigo”. “Entretanto, adotei um dos cães mais velhos que tínhamos no abrigo. E até hoje mantenho-me na associação”.
O caminho é enriquecedor, especialmente pelas vidas que se mudam para melhor e pelos finais felizes que vão surgindo para muitos animais. No entanto, as dificuldades são muitas, até porque “é difícil encontrar adotantes para todos”. Mas não é isso que faz com que a associação baixe os seus padrões. “É difícil encontrar famílias para todos eles, mas preferimos ser bastante rigorosos no processo de adoção, de modo a termos um maior número de casos de sucesso”, diz.
E quais as maiores dificuldades desta associação alentejana? “Os gastos com a alimentação e os cuidados veterinários dos nossos animais”, salienta a vice-presidente da direção do Cantinho dos Animais de Évora. “Mas, apesar das dificuldades financeiras que diariamente enfrentamos, não descuramos o bem-estar dos nossos animais”, afiança.
Há também apoios preciosos. “O hospital veterinário que nos presta auxílio tem sido uma grande ajuda para nós. Apesar das dificuldades que temos para pagar os serviços prestados, eles não negam assistência aos nossos animais. E nós vamos tentando pagar e cumprir, dentro daquilo que são as nossas possibilidades”, explica Carla.
Mais de 70 no Cantinho à espera de um lar
Ainda assim, as necessidades são diárias e crescentes. Não só financeiras, mas também humanas, pois são sempre precisas mais mãos. “A associação sobrevive de donativos, maioritariamente de particulares, e das quotas dos associados. Não temos qualquer tipo de apoio fixo, público ou privado. Ao longo do ano vamos fazendo várias campanhas de angariação de alimentos e temos também algumas superfícies comerciais que nos vão dando as quebras”, explica. Mas não só. “Desenvolvemos atividades para angariar fundos e existem também entidades que organizam atividades para recolher fundos ou géneros para o abrigo”. A associação participa em feiras, onde vende artigos para angariar fundos, e tem também a agenda solidária, além do número solidário para onde pode ligar e ajudar: 760 102 590.
Os membros ativos do Cantinho, nos desafios diários, são seis. O que é pouco, tendo em conta os mais de 70 cães e gatos de que é preciso cuidar. “Os voluntários são sempre insuficientes para as reais necessidades da associação. Precisamos de mais voluntários para passear e interagir com os nossos animais, bem como para as campanhas de angariação de alimentos e outras atividades”, apela Carla Cupido.
Percorra a galeria para ficar a conhecer o abrigo do Cantinho dos Animais de Évora e alguns dos animais que lá residem, à espera de uma família. E, se puder, torne-se voluntário. É por uma boa causa.