Família

Cão deixado na rua nas férias da dona não será devolvido. E já está para adoção

O IRA apresentou queixa nas autoridades e ficou com o cão à sua guarda. Agora espera-lhe uma nova vida.
É muito meigo.

Há famílias que são incapazes de criar laços emocionais com os seus animais de companhia. E, por isso mesmo, são vistos como coisas – sendo também facilmente descartáveis. Foi isso que aconteceu a Snoopy, um pequeno cão que esteve mais de 15 dias ao abandono nas ruas de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, depois de a tutora o largar à sua sorte para ir de férias. Foi resgatado, recuperou das mazelas e agora procura uma nova família, já que foi feita denúncia por abandono contra a dona, que não poderá tê-lo de volta.

Foi a 19 de agosto que o núcleo do Porto do grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA) resgatou o pequenote da rua, depois do alerta de que ali andava desde inícios do mês. Feita a leitura do microchip, deu-se uma alegria momentânea: tinha família. Mas o contentamento durou pouco. Ao ligarem para o número de contacto do chip, a dona disse estar de férias em Espanha, pouco se importando com a situação ou estado do seu cão.

“Em plena época de férias, e por mais campanhas de sensibilização que se façam, o abandono de animais é uma prática comum. E, para nosso espanto, a existência de identificação eletrónica em nada demove os respetivos detentores. Isto só revela que as consequências previstas na lei são irrisórias, insuficientes e precisam urgentemente de serem revistas”, apontava então o IRA.

O grupo denunciou o caso e apresentou queixa nas autoridades competentes, tendo ficado com Snoopy a seu cargo. E agora, já recuperado de uma maleita na pata dianteira esquerda, o pequeno e meigo cão está para adoção. “Snoopy. O menino que foi abandonado em Avintes e, após verificarmos o microchip para entrarmos em contacto com a detentora, a mesma respondeu-nos ‘Estou de férias em Espanha’. Agora está para adoção responsável”, escreveu o IRA numa publicação no Facebook e no Instagram.

 
 
 
 
 
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Snoopy é um cachorro adorável

“Parece meio pinscher, meio Onassis. Gosta de romance e aventura. Procura uma família que tenha discos do Marco Paulo ou Tony Carreira, mas também abre uma goela se tocarem coisas tristes da Bárbara Tinoco. O Snoopy contenta-se com coisas simples como passear de iate, comida gourmet, jóias e paparazzi. Pode ser pequeno de tamanho, mas por dentro continua a ser pequeno porque essas tretas inspiradoras não adiantam de nada nos cães. Se procura desassossego, expropriação do sofá por usucapião e confusões com os cães dos vizinhos, aqui o alérgico a água benta é o seu companheiro ideal”, acrescenta o post, que conta já com milhares de likes nas redes sociais.

Sendo meigo, pequeno e jovem, certamente não faltarão candidatos à adoção de Snoopy – que agora, sim, vai ter uma família de raça. Numa pesquisa na plataforma Encontra-me, a PiT descobriu que o cão já tinha sido encontrado na rua a meio de julho, na zona dos Carvalhos – Pedroso, também em Gaia. Nessa altura, segundo o anúncio publicado por quem o encontrou, a pata estava partida e tinha uma ligadura – que se via na foto divulgada. No dia seguinte, o anúncio estava dado como resolvido por ter regressado a casa.

Entretanto, a 3 de agosto foi publicado um novo anúncio na plataforma, referindo que o cão estava no cemitério, junto ao Intermarché de Avintes. Como estava junto a uma campa, talvez apenas procurasse um lugar fresco, mas houve quem chegasse a pensar que o dono poderia estar ali sepultado. Não era o caso. “Come comida como a nossa. Tem uma pata da frente encolhida, possivelmente foi atropelado, não sei precisar… Hoje de manhã algumas pessoas conseguiram fazer festinhas, à tarde já não se conseguiram aproximar, pois rosna”, sublinhava o anúncio.

Quinze dias depois, Snoopy era resgatado pelo IRA e agora a sua história vai ter um final feliz. Percorra a galeria para conhecer melhor este amigo de quatro patas, que foi descartado por quem decidiu ir de férias e o considerou um estorvo – e que, por isso mesmo, não poderá tê-lo de volta.

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