Ian, um cão-guia, foi homenageado esta semana naquele que se tornou o seu último passeio de sempre. O Labrador foi diagnosticado com um sarcoma inoperável em dezembro, altura em que recebeu entre “quatro e oito semanas de vida”. Agora, foi celebrado como um rei antes de partir.
O encontro que juntou mais de 200 pessoas e 80 cães decorreu na região de Blackpool Promenade, em Inglaterra, e teve como objetivo angariar o dinheiro suficiente (cerca de seis mil euros) para treinar um novo cão-guia em homenagem ao Labrador.
A história do patudo remonta há cerca de dez anos, quando Gemma Fairhurst decidiu adotá-lo. Nessa altura, a britânica de 40 anos tinha sofrido um ataque cardíaco no trabalho e quando acordou no hospital, descobriu que teve de colocar um pacemaker. “Disseram que para continuar a viver, tinha de mudar seriamente a minha vida”, contou.
Gemma sempre quis ter um cão e quando teve alta, um dia, deparou-se com um anúncio de cães-guia na televisão. “Aquilo deu-me a ideia de que não só poderia ter um cãozinho, mas também poderia ajudar outras pessoas”, recordou. “Fiquei completamente convencida da ideia e, depois de várias candidaturas, entrevistas e formações, chegou o meu pequeno príncipe ruivo de sete semanas.”
Durante os seus primeiros 18 meses de vida, Ian viveu ao lado de Gemma, a aprender a tornar-se um cão-guia. Quando completou a formação, tornou-se no melhor companheiro de Mark Fielding, o seu tutor invisual. “O Ian partiu para a sua próxima viagem e deixou a minha vida. Nunca o substituí, mas nos dez anos seguintes, consegui ajudar a criar mais de 20 cães-guia e foi tudo graças ao Ian que me deu a inspiração para o fazer”, frisou.
Algum tempo depois, Mark entrou em contacto com Gemma, que voltou a ter o Labrador na sua vida. Sempre que Mark e a mulher, Kerry, iam de férias, deixavam o patudo ao cuidado da treinadora. Juntos, chegaram a definir um plano de reforma para o cão: assim que atingisse a idade certa — dez anos — viveria com a família de Gemma, ao lado de outros cães-guia reformados. Mas isso acabou por não acontecer.
Em dezembro, Mark ligou-lhe a informar que uma visita ao veterinário alterou por completo os planos da família: o Labrador estava gravemente doente e não havia mais nada que pudesse ser feito.
“Ele desenvolveu um grande caroço no peito e estava com dificuldade em andar. Fui ter com o Mark para ficar ao lado do Ian e levámo-lo a vários testes depois disso”, contou. “Disseram-nos que o Ian era um menino muito doente, tinha cancro e não lhe restava muito tempo de vida. Faltava um ano para se reformar e ficámos todos completamente devastados”.

Como última forma de o homenagear, Gemma decidiu organizar a tal caminhada para angariar o dinheiro necessário para conseguir treinar um novo cão-guia que continuasse o legado de Ian. Foi assim que se tornou viral e conseguiu juntar centenas de pessoas e cães (alguns deles treinados por si ao longo dos anos).
Ian esteve presente na caminhada e foi transportado num carrinho, ao qual Gemma apelidou de “carruagem real.” Mark, o “papá”, também marcou presença.
“O Ian teve uma vida maravilhosa e trouxe felicidade não só ao Mark e a Kerry, mas também a todos os que conheceu”, sublinhou. “Ele mudou a minha vida e, de muitas formas, salvou-me. Deu-me forças para continuar e deu ao Mark amor e apoio que não podem ser medidos.”
Além de ser embaixadora e treinadora da Guide Dogs for the Blind Association, a maior organização de cães guias do Reino Unido, Gemma é também fundadora da Scoff Paper, uma empresa que criou os “primeiros postais comestíveis para cães, sem couro cru e à base de batata.”
Através da angariação online que fez em nome de Ian, já conseguiu angariar mais de oito mil euros. O novo cão-guia que será treinado em homenagem ao Labrador também se chamará Ian.
De seguida, carregue na galeria para recordar a vida do Labrador e ver como correu o seu último passeio.