Família

Da venda de figos ao turismo, nesta quinta alentejana não há limites para os pets

Pedro e Mariana vivem na quinta, em Santiago do Cacém, que partilham com clientes e amigos. Os animais são bem-vindos.
Vou à piscina, ou não?

Ele vivia da terra e fugia da cidade, ela vivia da moda e fugia do campo. “Somos a prova de que os oposto se atraem”, conta à PiT Mariana Pereira Rito, 28 anos, sócia gerente e diretora executiva da Hortacasa, um alojamento local inserido na Quinta do Pedro, em Santiago do Cacém, completamente pet friendly, e que integra duas casas, uma de tipologia T1, que acomoda até quatro pessoas, e outra T2, onde cabem até seis.

“Grande parte dos nossos hóspedes vêm com animais. Digo animais porque não aceitamos só cães. Já tivemos hóspedes que trouxeram gatos, piriquitos e coelhos, por exemplo”, afirma a empresária, que acrescenta que o alojamento alentejano “não impõe qualquer restrição ao número de animais por casa nem limite de peso”. “Cobramos apenas uma taxa adicional de 10€ por animal e por estadia. Atenção, não é por noite, é por estadia”, reforça. 

Mariana e Pedro, 32 anos, que namoram desde 2017, estão habituados a viver com patudos. “Temos o nosso cão Santi, um Pointer de um ano e meio. Infelizmente o Will, um Golden Retriever de 11 anos, morreu no início deste ano e era uma das mascotes da Hortacasa e bastante acarinhado pelos hóspedes”,enumera. Mas não só. “Temos ainda galinhas, pavões e, mais recentemente, duas ovelhas”.

Assim sendo, não havia razão para deixar os animais dos clientes para trás. “Tendo nós as casas inseridas numa quinta, não faria sentido não permitir que os hóspedes trouxessem animais de estimação. São parte da família e deixá-los para trás é sempre um sofrimento. Também temos animais, por isso somos os primeiros a querer que os hóspedes venham para a nossa casa a sentirem-se em casa”, sublinha à nossa revista.

“Olha os figos fresquinhos!”

A Hortacasa nasceu em 2018, mas apenas como venda de produtos agrícolas da Quinta do Pedro, produzidos pelo próprio Pedro Pereira Rito, um alentejano dedicado à terra. “Na altura, ele vivia para a agricultura e fugia da cidade. Eu vivia em Lisboa, trabalhava no mundo da moda e não largava a cidade por nada”. Tudo mudou quando Pedro convidou Mariana. Não foi bem “Anda comigo ver os aviões”, como cantam os Azeitonas, mas foi algo aparecido. “Ele lembrou-se de me levar a ver as figueiras da Quinta que, para minha surpresa, estavam carregadas de figos”, recorda.

Perante tal abundância, Pedro e Mariana decidiram vender figos em Lisboa. “Depois, uma coisa levou à outra e dos figos à marmelada, da rama de batata doce à batata doce já confecionada no prato, das nozes ao mel”.

O jovem casal precisava de um empurrãozinho para mudar a vida. E a pandemia de Covid-19 foi esse boost.  “No dia 1 de Maio de 2020, em pleno Covid, estávamos os dois de layoff dos nossos trabalhos e  começámos a pôr mãos à obra numa antiga casa de um caseiro dentro da quina e a pôr em prática tudo o que tínhamos idealizado. De martelo e escopo na mão, levantámos muito pó e os sorrisos não desapareciam das nossas caras. Estávamos perplexos com as nossas capacidades”, descreve Mariana.

Assim nasceu, logo em agosto, a casinha Cá Vamos — uma homenagem à resposta tipicamente alentejana à pergunta “Como estás?” —, um T1 confortável. A segunda dose da pandemia, um ano mais tarde, trouxe um novo confinamento. Se tinha corrido bem à primeira, o casal achou que correria bem à segunda. E correu. “Renovámos mais uma casinha, o nosso T2 – Cá Estamos”. “2022 foi o ano desafiante de gerir duas casas ao mesmo tempo e de começar a preparar outros objetivos que temos em mente. Por aqui nunca paramos, estamos constantemente a querer mais”, explica a jovem, que se rendeu ao campo.

Comunhão entre amigos

A viverem na própria quinta, Pedro e Mariana decidiram casar-se. Onde? Onde haveria de ser? “Este está a ser o nosso ano. O ano em que concretizámos o nosso sonho e nos casámos em casa. Vai ficar na memória”, recorda entusiasmada à PiT. “O casamento correu tão bem e foi tão adorado pelos nossos convidados, que decidimos alargar o portfólio da quinta para Quinta de casamentos! Queremos ver noivos felizes na Quinta, como nós fomos felizes no nosso dia de casamento! Estamos abertos a marcação para casamentos em 2024. Paralelamente continuamos obviamente com o negócio do alojamento local”, acrescenta.

E o negócio corre de vento em popa. “Somos um alojamento local muito familiar. Nós vivemos cá e por isso gostamos de conhecer os hóspedes e que eles também nos conheçam”, diz. A hospitalidade é a palavra de ordem, mas sem excessos. “Apesar de cá estarmos, damos o espaço necessário para que façam a vida deles à vontade e sem pressão” 

Os preços do alojamento variam de acordo com o número de pessoas por casa e a época do ano escolhida. Começam nos 100€ por noite e podem ir até aos 250. Mariana Pereira Rito garante que “ainda há datas disponíveis para uns dias em setembro”. É aproveitar, porque sol ainda vai voltar. Que nunca nos falte a esperança…

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