“Coisinha boa. Anda cá, oh cadelinha tão bonita”. Arruba, o traficante de droga interpretado por Albano Jerónimo, não foi o único a ficar rendido a Sky. Todos os espectadores de “Rabo de Peixe”, a série portuguesa da Netflix que tem estado nas bocas do mundo, continuando em primeiro lugar no Top 10 do País, ficaram aflitos quando a cadela, da raça Fila de São Miguel, foi arrancada das mãos de Eduardo, personagem de José Condessa. Mas, quando se ouviu o “Corta”, Kila ficou tranquila.
“Ela portou-se muito bem. Há cenas muito violentas e com tiros e ela esteve sempre calma. Aliás, fez quase todas as cenas à primeira”, assegura à PiT a cuidadora Sara Varatojo, 25 anos. A cadela de dois anos é quem dá vida a Sky, o animal de estimação de José Condessa na série, baseada no acontecimento da grande quantidade de cocaína que deu à costa em Rabo de Peixe, nos Açores, em 2001.
Como tal, além da sua tutora, o protagonista foi o seu melhor amigo durante as gravações: “Ele passou muito tempo com ela. No início, fomos mais cedo, para ela poder ambientar-se a ele. Dava comida, passeava-a e era o único que tinha autorização para lhe tocar, para garantir que ela se ligava mesmo a ele e que o seguia”. E essa relação é evidente, nomeadamente quando Eduardo faz questão de a ir resgatar das mãos do traficante, ação que decorre no segundo episódio.
José Condessa foi o seu mais fiel companheiro, mas não foi o único. Também Helena Caldeira, que interpreta Sílvia, teve oportunidade de fazer amizade com Kila, por partilhar algumas cenas com ela. Já Sara, ficava atrás das câmaras a sorrir de orgulho e a assegurar que a cadela ficava no lugar.
“As gravações de uma série são muito demoradas. Para uma cena, chegamos a gravar cerca de dez takes. Por isso, às vezes a Kila cansava-se, como é normal, e saía do cenário. E eu tinha de a ir colocar outra vez no sítio”, revela à PiT a cuidadora e fundadora do pet sitting Oh My Dog. Felizmente, a paciência dos atores ajudou a que a cadela estivesse sempre à vontade. Algo que nem sempre tomou como garantido.
Antes de ser Kila, a Fila de São Miguel era apenas um número: 18871, para ser exato. “Estava a passear pelo Facebook, quando vi a página de um canil de Ponta Delgada. Chocou-me imenso o estado em que ela estava, magra e com um olhar cabisbaixo, mas o que mais me tocou foi o facto de os cães não terem nome. Apenas número”, descreve a protetora de animais.
Resgatar animais não é o ganha-pão de Sara. E, apesar de já ter tido sete cães em casa, admite fazê-lo “esporadicamente”. Com Kila, ou melhor, 18871, não conseguiu fechar os olhos. “Entrei em contacto com o canil e ela ainda ficou duas semanas num hotel até voar para Lisboa. Veio para minha casa como uma cadela para adoção, mas acabou por ficar por cá e nós adotámo-la”.
Sara ainda está a terminar a formação de treino canino, mas não foi isso que a impediu de criar estrelas. Para que Kila se tornasse Sky, só precisou de ensinar alguns comandos básicos, como o “fica”, o ladrar quando mandam, entre outros. Já com Zé Manel, não precisou de fazer nada para ficar com o papel de Desty. Foi a própria faceta do Chihuahua a ganhar destaque.
Kila não é a única estrela de quatro patas da família
Dos sete Chihuahuas a concurso, venceu o “zarolho”, como Sara se refere a Zé Manel. O cão de cinco anos entrou na novela da TVI “Bem me Quer” (2021), como fiel companheiro de Madalena Quintela, a personagem interpretada pela atriz Sofia Aparício: “Foi ela que o escolheu. Nunca pensei que fosse selecionado, pois só tem um olho”, confessa à PiT.
Zé Manel revelou ser a escolha perfeita e cumpriu com isenção o papel que lhe foi atribuído. “Ele só precisava de estar ao colo dela. Ou aí, ou na caminha. Ela falava muito com ele e eram íntimos”. Parece fácil, mas não é. Ainda assim, o Chihuahua fazia quase todas as cenas à primeira.
O cão foi o primeiro a lidar com a fama, e tinha muito para ensinar à sua irmã mais nova. Nomeadamente em como lidar com os fãs que o abordavam na rua: “Imensa gente o conhecia. Principalmente as pessoas mais velhas, metiam-se imenso com ele. No comboio, os jovens também interagiam”, ri-se Sara.
Já com Kila, os admiradores têm sido mais recatados. Enviam algumas mensagens nas redes sociais, mas, fora isso, têm dado espaço à estrela em ascensão. Mas o vedetismo ainda não lhe subiu à cabela, assegura a dona.
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