Há animais que vivem uma vida indigna, sem que nada pareça poder mudar-lhes esse destino. Mas, por vezes, um golpe de sorte faz toda a diferença. Foi o caso de um jovem Pitbull, salvo em janeiro pelo grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA), num bairro social da Ameixoeira, em Lisboa, e que se encontrava num estado miserável.
Foi a 19 de janeiro que tudo aconteceu. Numa publicação no Instagram, o IRA dava conta de mais um resgate: “Denúncia para um animal com sinais de ferimentos generalizados no corpo todo, um inchaço considerável na zona do crânio e fechado num recinto sem condições, na via pública de um bairro na Ameixoeira em Lisboa. Com a colaboração dos agentes da 41.ª esquadra PSP Lisboa, mobilizámos duas equipas do IRA ao local”.
À chegada do IRA e PSP, “o detentor foi intercetado pelos agentes da PSP e alvo de fiscalização afeta à identificação eletrónica, boletim sanitário e demais obrigações legais enquanto detentor de raças potencialmente perigosas”, explicou o grupo de intervenção. “O animal encontrava-se indocumentado, sem boletim sanitário mas com aparente boa condição corporal, não castrado e ausência de qualquer documentação legalmente exigida para este tipo de raças, tendo sido recolhido para caixa transportadora e colocado numa viatura do IRA”.
Numa segunda publicação, ainda no mesmo dia, o IRA informou que o cão já tinha sido observado e examinado pelos veterinários do grupo de resgate, tendo testado positivo a Leishmaniose e Erlichia. “Tem vários ferimentos no corpo derivado à doença, está anémico mas com boas expectativas para recuperar”.
Sultão teve visíveis melhorias a todos os níveis
No dia seguinte chegava um post ainda mais animador: “Adivinhem quem é que adora as nossas guloseimas e não descansou enquanto não ‘derreteu’ o osso inteiro em menos de nada. Vamos ver se o convencemos a tomar uma bela banhoca para lhe limpar as feridas e tirar toda esta goma do pêlo”, anunciou o grupo, com uma foto do guloso Pitbull.
Cerca de uma semana depois, novas notícias, recebidas com alegria por quem esperava por uma atualização. Numa publicação intitulada “Antes e depois – Sultão (ex Saddam)”, o IRA dava a boa nova. “Aqui está o menino resgatado de um bairro social na Ameixoeira, com ferimentos no corpo e no estado visível nas fotos, uma semana depois de tratamentos, carinho e banhos”. As diferenças eram notórias e Sultão estava com um enorme sorriso e uma bola de ténis entre as patas.
“Precisamos de uma família de acolhimento temporário ou adotantes para que o Sultão conheça de novo o amor humano. Se alguém tiver capacidade de nos ajudar, acolhendo este lindo bebezolas que adora colo e brincar com as bolas, por favor enviem mensagem privada ou e-mail para geral@nullnira.pt. Também disponível para Famílias de Acolhimento Remunerado (contacte-nos para mais informação)”, dizia ainda o IRA.
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O antes e o depois
Desde então, continuaram a ser assíduas as novidades sobre este doce patudo. Em fevereiro, em duas publicações diferentes, o IRA dava conta de uma boa evolução. “O seu comportamento desconfiado obrigou-nos a agir sempre com medidas de autoproteção. Mas, tal como nos seres humanos, o ambiente que o rodeava tornou-o naquilo que ele era quando foi resgatado. Hoje, semanas mais tarde, rodeado de amor e cãopanheiros, podemos afirmar que é uma alma totalmente nova. Tornou-se amoroso, tornou-se sociável e brincalhão, tornou-se aquilo que todos procuram num animal. Um amigo! Uma vez mais mostramos que não é da raça, mas dos donos!”, sublinhou o grupo de intervenção e resgate a 12 de fevereiro.
A 16 de fevereiro era divulgado um novo “antes e depois”, com Sultão a revelar estar cada vez melhor: “a felicidade de um animal nas mãos de quem cuida, protege e transforma. Esta é a importância de uma família de acolhimento temporária. E esta é a diferença nas suas vidas. Seja uma das nossas Famílias de Acolhimento Temporário e faça parte da transformação na vida de um dos nossos resgates”.
A feliz notícia: Sultão foi adotado
O patudo continuou a recuperar das feridas – do corpo e da alma. “Poucas semanas passaram desde que o Sultão foi resgatado de um bairro social em Lisboa, onde se encontrava enclausurado num espaço conspurcado de fezes, urina e lama, doente e cheio de feridas. Hoje, enquanto aguarda uma família adotiva 5 estrelas, faz as delícias da sua família de acolhimento temporária (FAT) vendo a sua série favorita, brincando com a sua maior paixão (bolas) e ouvindo com atenção os problemas diários de um ser humano trabalhador e respeitável. Se procura um ombro amigo, um companheiro para as maratonas da Netflix ou um pateta de brincadeiras no parque, então venha conhecer o nosso Sultão”, dizia o IRA a 5 de março.
E esta semana chegou, por fim, a notícia pela qual todos ansiavam. “O nosso menino Sultão foi adotado. Começamos bem o dia”, comunicou o grupo na quarta-feira, 22 de maio. Dois dias depois, já na sexta-feira, o IRA fez uma nova publicação com um mega feliz patudo, que já recuperou das mazelas que trazia. “Do lixo para o luxo. Bom dia a todos, do Sultão”, escreveu o IRA numa publicação que conta com 5.000 likes.
A nova vida de Sultão, que tem perto de cinco anos, já começou e ele não poderia ter imaginado melhor. Por isso mesmo, está já para trás um passado que ninguém quer recordar – nem ele. Percorra a galeria e veja a bonita transformação deste amigo de quatro patas.