Família

“É pet friendly?” Eis as respostas mais absurdas dos alojamentos portugueses

Alguns dizem sim, uns que não e outros vão além. Maria João, fundadora do Pet Friendly Portugal, conta-nos algumas pérolas.
Maria João e a companheira Romã.

Viajar com os animais por Portugal não é uma tarefa fácil e encontrar os alojamentos que realmente os aceitem como membros da família pode ser um desafio sem fim à vista (até porque há pet friendly e pet friendly.) O peso, o porte, a saúde e a personalidade são apenas algumas das regras defendidas por diversos hotéis e turismos rurais de norte a sul do País. Mas em muitos casos, alguns não param por aqui. 

A PiT esteve à conversa com Maria João Pavão Serra, a fundadora de 65 anos do Pet Friendly Portugal, para selecionar algumas das respostas mais cómicas (para não dizer o contrário) que a fundadora do site, que junta vários espaços que permitem a entrada de animais, já recebeu dos alojamentos portugueses quando são questionados sobre a política pet friendly. 

“Aceitamos animais, mas preferimos que durmam fora da casa”, disse um deles. “Os animais são sempre bem-vindos em nossa casa. Apenas não podem é comparecer dentro dela”, respondeu outro. “Temos um local vedado, com uma casota e uma cama muito fofinha, na propriedade, mas não dentro de casa”, partilhou um terceiro. Já um quarto espaço, afirmou: “Se ficar no terraço, tudo bem.”

Para além da justificativa mais comum, outros têm boas intenções — o que falta é tudo o resto. “Somos pet friendly, mas não temos condições para os receber no alojamento”, rematou um deles. “Gostamos muito de animais, mas nos quartos do hotel não aceitamos. Temos, no entanto, várias caixas ninho montadas nas árvores da propriedade para albergar famílias de pássaros”, disse outro. “De momento, ainda não temos reunidas as condições para receber animais, mas consoante o seu porte, podemos aceitar a reserva”, explicou um terceiro. 

Há ainda um grupo mais restrito com justificativas que vão dos oito aos 80. “Não somos! Para mim não aproveitam nada as viagens, é mais ideia dos donos. E além de isso são uma ameaça enorme para os animais selvagens e a biodiversidade”, apontou um. “Somos pet friendly, mas não aceitamos animais de estimação”, frisou outro.

Por fim, outros limitam a sua permanência mediante a época. “Não somos, mas abrimos exceção em época baixa”, garantiu um deles. “Aceitamos de porte pequeno, exceto de 1 de julho a 15 de setembro”, partilhou um segundo. Já um terceiro, explicou: “Depende da época e do porte do animal. Na temporada alta, temos que dizer que não por causa dos hóspedes que têm alergia ou não gostam”.

Seja qual for a justificativa, Maria João partilha que tem sempre uma resposta pronta para tentar mudar a mentalidade do lado de lá. E às vezes, vale a pena: “Há uma percentagem pequenina que, passados uns tempos me mandam uma mensagem a dizer ‘Olha, pensei no que me disse e vamos começar a aceitar os animais’. É gratificante.”

“O ser pet friendly não é uma moda, é uma realidade”

Durante quase toda a vida e ainda hoje, Maria João dedica-se à área do turismo, especialmente ao internacional. Mas foi só nos últimos quatro anos, quando arrancou com o Pet Friendly Portugal, que virou os olhos para a realidade das famílias que tentam viajar com os seus companheiros de quatro patas em Portugal.

Durante a pandemia, quando deixou de poder organizar viagens para o exterior, a travel designer especializada em Marrocos decidiu reinventar-se. Era tutora de cinco cães — Romã, Nour, Dari, Mel e Zituna — e apercebeu-se que o mercado pet friendly estava a crescer no País, mas ainda não existia uma plataforma destinada aos alojamentos que aceitassem os patudos. 

“Queria fazer algo ligado ao turismo e achei que era um nicho de mercado inexistente”, conta à PiT. “Queria criar uma plataforma de reservas com alojamentos pet friendly e divulgar tudo ligado ao mundo animal, onde as famílias multi-espécies pudessem ir e aproveitar.”

Entre os cães que tinha na altura da criação do projeto, só um deles permanece ao seu lado: Romã, uma Yorkshire Terrier. Aos sete anos, a cadela é a grande companheira de Maria João e também a cara do projeto criado para as famílias com animais em solo português. “Ela também tem sido a prova provada que os animais fazem-nos um bem sem fim e são extremamente importantes”, afirma. 

Através de muita pesquisa, a fundadora encontra espaços pet friendly e tenta criar ali uma parceria para não só divulgar o alojamento, mas também oferecer um mimo aos seus seguidores, como a possibilidade de não terem de pagar a diária dos animais ou alguns presentes que podem ser oferecidos caso a escapadinha seja reservada com o código disponibilizado pelo Pet Friendly Portugal.

Desde que começou a trabalhar nessa área, Maria conta-nos que tem percebido uma maior aceitação dos animais no País, mas o caminho ainda é longo. “Portugal ainda está longe de ser considerado um país verdadeiramente pet friendly”, confessa. 

De seguida, carregue na galeria para saber mais sobre Maria João e Romã, as criadoras do Pet Friendly Portugal. 

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