São muitas as famílias que pensam em fazer longas viagens com os seus animais, mas devido à logística que isso requer, acabam rapidamente por desistir. Para Tom Turcich, isso nunca foi um empecilho. O norte-americano passou sete anos a rodar o mundo de ponta a ponta com a cadela Savannah e entrou para a história como a décima pessoa em todo o mundo a conseguir completar esta aventura — sendo que a patuda foi o primeiro animal a conseguir este título. Agora, em sua homenagem, escreveu um livro.
“The World Walk” foi lançado no início do mês de outubro e conta todas as aventuras vividas por Tom e Savannah durante o tempo que passaram longe de casa. De 2015 até 2022, a dupla percorreu seis continente e 38 países. Mas quando regressou à rotina normal, o norte-americano deixou de ver sentido na vida.
“Esta coisa que sempre foi a minha vida acabou. Mas depois a vida continuou e pode simplesmente continuar a viver sem esse propósito maior. Porém, foi muito difícil perceber isso”, confessou. Nesta altura, entrou numa depressão grave e o pior aconteceu — Savannah adoeceu e não resistiu.
Depois de quase uma década a proteger a companheira das mais diversas situações, no final não a conseguiu salvar. A cadela morreu em maio deste ano de falência renal. “Se não a tivesse comigo, não teria sido tão bom. Não teria sido tão divertido e não teria sido capaz de absorver tantos momentos”, partilhou à CNN Travel. “Não consigo imaginar fazer isto sem ela.”
Depois de sete anos inesquecíveis com a companheira, teve de dizer adeus à melhor amiga, num período em que ele próprio não estava bem. “Ainda sinto um pouco de culpa. Fiquei muito mal no primeiro mês. Era a minha melhor amiga, foi a única que passou por tudo isto comigo”.
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Tom e a cadela entraram para a história juntos
Tom tinha 17 anos quando vivenciou a sua primeira perda marcante: a amiga Ann Marie morreu num acidente, deixando-o sem chão e mais ciente do peso da mortalidade. Mais tarde, foi com o filme “O Clube dos Poetas Mortos” que encontrou um sentido para a vida, através da célebre frase “Carpe Diem. Seize the day”.
“Desde a morte dela, decidi aproveitar ao máximo cada dia”, explicou na plataforma onde partilhou as suas aventuras. Mais tarde, a notícia da morte de outra amiga, Shannon, só reforçou o que já sentia. A 2 de abril de 2015, na véspera de fazer 26 anos, deixou para trás a sua casa, em Nova Jérsia, nos EUA, e embarcou numa caminhada pelos sete continentes que só terminou sete anos depois.
“Decidi calcorrear o mundo a pé para mergulhar por locais desconhecidos e obrigar-me à aventura dia após dia”, contou. Quatro meses depois, no Texas, adotou Savannah num abrigo para animais. Desde então nunca mais se largaram — “a Savannah é a minha melhor amiga e a melhor companhia para fazer uma caminhada”, disse várias vezes.
Quando regressou ao lar com a nova companheira, a 25 de maio de 2022, foi recebido com uma grande festa. Nos quilómetros finais, a dupla foi acompanhada por uma multidão e recebida ao longo do caminho com cartazes e frases escritas a giz no alcatrão da estrada.
Foi aconchegante para Tom, que se tornou a décima pessoa a dar a volta ao mundo a pé, e para a Savannah — a primeira cadela a conseguir esse feito. O Livro de Recordes do Guinness considerou tratar-se de uma nova meta superada. “The World Walk” está disponível à venda na Amazon. Custa 33,80€.
De seguida, carregue na galeria para recordar algumas aventuras de Savannah e Tom.