Família

Esteve desaparecido quatro meses e meio. Apareceu tosquiado a 2km de casa

Tiquinho foi apanhado em Santa Maria da Feira por alguém que não verificou o chip. Mas já está com a família.
No dia do reencontro.

Quando um amigo de quatro patas desaparece, a vida da sua família fica quase em suspenso. Estará bem? Será que alguém o acolheu? Anda na rua com fome e sede? São muitas as perguntas – que ficam, muitas vezes, sem resposta – que afligem que os procura. O facto de terem microchip, que é obrigatório, deveria ser reconfortante, mas também acontece serem encontrados por alguém que não se lembra de ir a um veterinário verificar se tem essa identificação eletrónica. Foi precisamente o que aconteceu com Tiquinho, que por pouco não voltava a ver a sua família.

“Ontem tive uma pequena aventura. A caminho de casa vi um cãozinho mini, no meio da rua, muito desorientado e assustado. Sei que não posso recolher mais nenhum animal, mas não consegui ficar indiferente. Chamei por ele e entrou logo para dentro do carro. Estava muito magro, cheio de carraças, mas parecia estar aliviado. Deitou-se aos meus pés e adormeceu”, contava na passada sexta-feira, 28 de junho, a protetora de causa animal Dolores Silva.

E o melhor estava ainda para vir. “Felizmente tinha chip e anúncio no Encontra-me.org, explicou Dolores na publicação feita no Facebook. “Este menino estava perdido desde fevereiro. Não compreendo como conseguem ver um cão mini na rua e não ajudarem, não verificarem se tem chip. Também não sei como este pequenito sobreviveu mais de quatro meses na rua. O importante é que o Tico já está em casa. A alegria dele ao ver a sua família foi comovente”, referiu a protetora.

“Dá a sensação de que foi tosquiado por alguém”

Mas, neste caso, tudo aponta para que Tico – carinhosamente chamado de Tiquinho pela família – não tivesse ficado na rua. “Felizmente, a D. Dolores surgiu no caminho do nosso patudo. Reencontrámos o nosso companheiro! No entanto, acreditamos que o reencontro mais cedo fosse, de alguma forma, impossível… o nosso patudo estava com pelo comprido e encontra-se com ele curtinho. Dá a sensação de que foi tosquiado por alguém”, escreveu nos comentários Ana Filipa Carvalho, neta da dona do patudo.

À PiT, Ana conta como tudo aconteceu quando o cão desapareceu e como foi o feliz reencontro. “O Tiquinho desapareceu no dia 15 de fevereiro, em Santa Maria da Feira. Assim que a minha avó deu pela sua ausência, ainda que com mobilidade reduzida, não hesitou em sair de casa e tentar encontrar o seu companheiro. Com as poucas informações que recebeu da vizinhança, seguiu-as sem perder a esperança de o trazer de volta para casa. Assim que percebeu que já não o conseguiria alcançar, telefonou de imediato para nós, que rapidamente nos deslocámos para casa dela e começámos a percorrer as ruas de Santa Maria da Feira”, explica.

As buscas foram incessantes, mas também infrutíferas. “Foram horas, dias, semanas e meses à procura do nosso patudo… mas nem um rasto, um telefonema, uma mensagem. A esperança começava a desvanecer-se e, cada vez mais, acreditávamos que alguém o teria em sua posse, visto que o Tiquinho é um cão super meigo, sociável e muito bem estimado. Ainda assim, continuávamos à sua procura, a renovar anúncios e a apelar a toda a gente que nos contactasse se visse um cão parecido com ele”, diz Ana Filipa à PiT.

Tiquinho
Tiquinho antes de desaparecer.

Família de Tiquinho não desistiu de o procurar

“Desistir nunca esteve no nosso leque de opções, ainda que a esperança já estivesse escassa… Durante quatro meses e meio, a casa esteve mais vazia. Entrar nela sem sermos recebidos por ele já não era a mesma coisa. Mas depois de tantos meses, de tanto desespero, angústia e pedidos, surgiu o telefonema da D. Dolores”, afirma com grande alegria.

Foi a emoção total. “O dia 27 foi um dia de luz, de emoções à flor da pele. Pelas 20h14 recebo um telefonema de um número desconhecido e, por algum motivo, decido atender. Foi-me, de imediato, questionado se já tínhamos encontrado o nosso patudo, ao que respondo negativamente. Após conferirmos o número do chip, confirmaram-nos que era o nosso menino. Sem pensarmos duas vezes, perguntámos onde o poderíamos ir buscar”, conta Ana Filipa.

“Pelo caminho, o meu corpo tremia, entre suores frios e quentes. E quando o vimos, após sair do carro da D. Dolores com a cauda a abanar de felicidade, inevitavelmente, as lágrimas escorreram-nos pela cara! Era o nosso menino, encontrado a cerca de 2km de casa, em ruas que foram percorridas vezes sem conta… Mas o mais importante é que, a partir daquele momento, a família estava um bocadinho mais completa”, salienta.

“Foi levar para casa uma parte do meu avô”

Este regresso a casa foi muito especial também por outras razões. “Não foi apenas reencontrar o nosso patudo. Foi levar para casa uma parte do meu avô, um ser humano inigualável que nos deixou no ano passado. Aquele que afirmava não dar nem vender o seu companheiro por valor algum. Eram a sombra um do outro. O verdadeiro significado de amor e companheirismo. Hoje, temos a família um bocadinho mais completa. Com o coração mais reconfortado, pronto a dar o amor necessário para que o nosso Tiquinho retome uma vida feliz”, diz Ana Filipa Carvalho.

Com este acontecimento, e por Tiquinho ter sido encontrado por uma protetora, a família do patudo ficou também mais desperta para as necessidades da causa animal em geral. “À D. Dolores, um anjo que surgiu no caminho do nosso patudo e, por conseguinte, no nosso, ficou a promessa de contribuirmos para a sua causa, para que possa continuar a cuidar dos animais que resgata, oferecendo-lhe uma vida de qualidade”, afiança Ana Filipa, visivelmente emocionada.

Percorra a galeria e veja algumas fotos deste jovem cãozito que, ao ter fugido de onde estava, teve a sorte de ser encontrado pela pessoa certa para poder regressar a casa.

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