A forma como olhamos para os nossos cães e interpretamos os sinais que nos dão, compreendendo de forma correta os seus comportamentos, é um elemento chave para evitarmos situações que podem vir a revelar-se muito complicadas. Uma equipa da universidade britânica de Edge Hill, no condado de Lancashire, estabeleceu uma ligação entre o entendimento errado dos comportamentos dos cães e os ataques que podem ocorrer.
Os investigadores, liderados pela professora Claire Parkinson, levaram a cabo o estudo junto de 1.535 pessoas, focando-se nas suas perceções sobre o que são cães perigosos, sobre o risco de mordidas e sobre as fontes de informação a que recorrem para saberem mais sobre os seus amigos de quatro patas.
As respostas dadas pelos participantes estavam, muitas vezes, incorretas. Muitos deles estavam erradamente convictos, por exemplo, de que um cão tenta sempre evitar morder uma criança, refere o comunicado da equipa que realizou o estudo. Também tiveram dificuldades em identificar a linguagem corporal dos cães e acreditavam que os seus próprios patudos tinham um melhor comportamento do que os cães em geral, dizem os investigadores.
Com base nestas conclusões, a professora Claire Parkinson quer apelar ao governo britânico para que deixe cair legislação desatualizada, apenas baseada em raças, e que mude o seu foco para os tutores. Nesse sentido, propõe que se reintroduzam as licenças para ter cão, que se lance uma campanha pública de informação e que se crie a possibilidade de acesso, por parte das famílias com rendimentos mais baixos, a sessões de treino de cães geridas pelas comunidades onde essas famílias estão inseridas.
É preciso entender a linguagem corporal do cão
“As mordidas de cães são um crescente problema de saúde pública e este estudo ajuda a esclarecer o porquê”, explicou Claire Parkinson, que é codiretora do Centre for Human Animal Studies da Universidade de Edge Hill. Nos últimos cinco anos houve um aumento de 34 por cento no reporte de ataques de cães em Inglaterra e no País de Gales. “As conclusões a que chegámos revelam de forma clara que há uma falta de entendimento da linguagem corporal do cão”, acrescenta a professora.
Os cães, diz ainda a principal autora do estudo, “raramente atacam sem avisar”. É isso mesmo. Daí ser tão importante compreendê-los. “As pessoas podem ter uma visão errada do seu cão ou de outros cães, o que acaba por resultar num treino inadequado e numa incapacidade de compreenderem o seu comportamento – o que aumenta o risco de haver mordidas”, sublinha.
Não é apenas no Reino Unido que os ataques ocorrem. Podem acontecer em qualquer lugar do mundo. E não é que haja cães maus – mas há donos que, simplesmente, não sabem ler o que lhes está a ser mostrado por um patudo (que pode estar a sentir-se ameaçado, com medo ou dor, por exemplo, levando a que reaja). Para evitar que isso aconteça, agende umas sessões com um treinador certificado e verá que tudo irá correr muito melhor, especialmente se tem um cão reativo – perante pessoas e/ou outros animais. E, claro, certifique-se de que ele vive num contexto saudável que o faça sentir-se bem.
Percorra a galeria para conhecer algumas dicas que ajudam a cuidar da saúde mental do seu cão – com recursos que o estimulem e desafiem, para que se sinta preenchido e feliz.