O dia 10 de agosto parecia ser mais um dia bonito na vida de Faia e da sua família. Mas não foi isso que aconteceu. A pequena cadela de dois anos e meio morreu esfaqueada, em plena rua de Lisboa, o seu dog walker também ficou ferido e a família de Faia nunca mais será a mesma. O que lhes resta de Faia é uma caixa com as suas cinzas. Agora, pedem justiça – e para que o caso seja discutido em plenário na Assembleia da República são precisas 7.500 assinaturas até 18 de setembro.
Entre a petição criada, que já conta com 3.462 assinaturas, e o documento na Google Forms disponibilizado pela família de Faia, que tem já em torno de 1.300 assinaturas, o objetivo está muito perto de ser cumprido.
Qualquer petição subscrita por um mínimo de 1.000 cidadãos é publicada na íntegra no Diário da Assembleia da República e os peticionários têm o direito a ser ouvidos em audição na comissão parlamentar competente. Se a petição for subscrita por mais de 7.500 cidadãos ou a comissão aprovar parecer nesse sentido, é apreciada em sessão plenária na Assembleia da República (AR). E é o que a família de Faia deseja.
A pequena cadela – muito amada pela sua família – e o seu dog walker, Lars Rueger, tiveram a infelicidade de se deparar, naquele dia 10 de agosto com um homem alterado, na freguesia da Penha de França, que do nada atacou Faia e quem a passeava como habitualmente. Nada houve a fazer pela Podengo, que morreu no local. Já Lars, um alemão em situação de sem-abrigo que adora animais e que passeava Faia também como forma de se sustentar, sofreu ferimentos em várias partes do corpo.
Nessa altura, muitas figuras públicas e outras instituições denunciaram o ocorrido, pedindo justiça. Foi o caso do grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA), do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e da atriz Ana Lopes Gomes – que é amiga da família e que conhecia Faia.
“Ainda estamos longe, mas mais animados e confiantes em que todos juntos chegaremos às 7.500 ou mais para dia 18 de setembro. Acreditamos! Obrigada pelo vosso apoio e carinho, vocês são incríveis”, escreveu a família de Faia na conta de Instagram da cadelinha. Na mesma publicação, é ainda sublinhado que não pode haver assinaturas duplicadas. “Assinem só num sítio: na plataforma da AR (link na Bio), na Google Forms (link na Bio), ou em papel”, apela a família, que está a ser ajudada por dois advogados em regime pro bono.
Perda de Faia deixou família destroçada
A petição – dirigida ao Presidente da República, ao presidente da AR, aos deputados de todos os partidos da AR, aos juízes do Tribunal Constitucional e ao primeiro-ministro – intitula-se “Pela Faia. Pela consagração constitucional do bem-estar animal enquanto bem jurídico tutelado. Por um Direito Animal justo e consequente”. Se ainda não assinou, dê uma ajuda e permita que o assunto chegue ao plenário do Parlamento.
“No passado dia 10 de Agosto de 2023, por volta das 16h, a Faia e o seu dedicado passeador de há mais de seis meses, Lars Rueger, foram brutalmente esfaqueados em Lisboa, na área da Penha de França, num descampado junto das Torres do Alto da Eira. O ataque foi premeditado, depois de um desentendimento prévio entre a mulher do assassino, cujos cães partiram para cima da Faia, e o passeador, cerca de 1h antes do crime”, diz o texto da petição.
E continua: “A Faia, cadela doce, sociável e muito amada, como se pode comprovar através da sua página de instagram @faia_podengo, não sobreviveu. O Lars teve essa ‘sorte’ porque conseguiu fugir, mas ficou bastante ferido ao tentar proteger a Faia, e defender-se, com cortes profundos nos braços, pernas e pé. Mesmo ferido, assim que conseguiu, carregou a Faia em braços, desesperado, os dois ensanguentados, até ao veterinário mais próximo, a clínica veterinária Dra Vanessa Carvalho, na Avenida General Roçadas, onde a Faia já era seguida”.
“O processo penal corre termos, mas o criminoso continua em liberdade apesar de ter assassinado um animal inocente e meigo, e tentado assassinar um ser humano. Pode, neste momento, voltar a fazê-lo a qualquer altura. O massacre da Faia espelha também um outro tipo de ódio/preconceito que tem vindo a escalar e que é necessário combater – violência contra pessoas numa situação de fragilidade social. Acontece que Lars vive neste momento numa situação de sem-abrigo, facto desconhecido pelos tutores da Faia até ao dia do crime. Circunstâncias da vida fizeram com que Lars, cidadão alemão, formado, extremamente educado, irrepreensivelmente pontual, respeitador, sociável, e que nutre um amor gigante por animais, estivesse a viver no descampado em frente às torres acima mencionadas”.
Faia à espera de justiça
O assassino, diz a petição, “pensou que Faia pertencia a Lars, e que ninguém quereria saber nem do seu cão, nem tão pouco dele, podendo desferir o seu ódio e maldade sem consequências. Enquanto lhes fazia a espera, destruiu o acampamento do Lars e, assim que os viu, esfaqueou brutalmente a Faia, atacando em seguida o Lars. A intenção era só uma: matar. Mas não só não era o Lars o tutor da Faia, como tem o Lars mais dignidade, carácter e estrutura emocional do que muitos que vivem entre quatro paredes de betão, e tem-se mantido ao lado dos tutores na sua luta por justiça exercida da forma certa, sem medo de dar a cara e mostrar o amor que lhe tinha, mesmo que isso signifique ficar exposto a um assassino que continua em liberdade e sabe onde ele mora”.
Percorra a galeria para ver algumas fotos da cadela Faia, cuja morte deixou a sua família destroçada – incluindo uma bebé de 10 meses, que perdeu a sua grande amiga de quatro patas.