Há animais que passam toda uma vida atrás das grades, na box de um canil ou de um abrigo. A salvo dos perigos da rua, recebem carinho e bons cuidados e passeiam sempre que há voluntários disponíveis. Mas à noite, quando chega a hora de dormir, é difícil. É nesses momentos que os seus olhares se perdem na imensidão dos sonhos: recordam-se dos amigos que se foram embora a abanar a cauda e também eles querem sair dali pela trela, com uma boa família pronta a oferecer-lhes um lar de amor. Faísca é um deles.
“Ele terá nascido em 2015 e a 13 de maio de 2017 deu entrada no canil municipal de Tarouca. Está há oito anos preso. Não vale de nada dizer ‘coitadinho’. Não vale a pena pedir desculpas por não poder ajudar. Somos todos responsáveis pela triste vida a que condenamos os animais abandonados como o Faísca”, lamenta à PiT uma das suas protetoras que costuma levá-lo a passear sempre que pode.
A cuidadora, que é voluntária da Associação de Amigos dos Animais de Tarouca, explica o porquê. “Enquanto comprarmos animais e fizermos criação deles, e enquanto não os esterilizarmos, estaremos a compactuar para esta dura e triste realidade. Estaremos a ser cúmplices, ao manter estes animais enclausurados, quando os criminosos somos nós. É revoltante”.
Faísca “é mais um menino invisível”
Apesar da revolta, a esperança de que todos os animais que estão no canil possam vir a ter um lar continua acesa. E no caso de Faísca não é diferente, apesar de estar há tantos anos sem conquistar definitivamente uma família. “São oito longos anos. Mete dó. É mais um menino invisível”, diz, com tristeza, a voluntária da associação do distrito de Viseu.
Será que anda por aí o coração especial que vai apaixonar-se por este amigo de quatro patas? “É pacífico e submisso. Sabe andar de trela, sem puxar. Só precisa de uma oportunidade”, afirma a sua protetora, sublinhando que Faísca será entregue castrado e com tudo em dia.
No canil, Faísca é tratado com muito amor. “É um cão dócil e sociável com outros animais. Connosco é brincalhão e não tem medo, mas com as visitas por vezes fica retraído”, explica o canil de Tarouca. É tudo natural. Precisa de tempo para perceber que quem vem de fora também lhe quer bem. Enquanto isso, os funcionários deste centro de recolha vão tirando novas fotos e renovando os apelos. Há que não perder a esperança numa adoção. Com animais de mais idade, torna-se ainda mais difícil, mas por vezes surge a tal família especial com vontade de tornar mais felizes os últimos anos de um patudo.
Será que está por aí a família com que Faísca tanto sonha? Será que vai ter a sorte que tiveram, por exemplo, o Snoopy, o Ringo e o Pudim? As suas protetoras têm essa esperança. Percorra a galeria para o conhecer melhor.
