Família

Feira do bem-estar animal na Ajuda deu novos lares a patudos para adoção

Houve finais felizes para animais à espera de um lar. Foi o caso da gatinha Anni, da associação Tiara, que encantou Marcela.
Marcela apaixonou-se por Anni.

Chegou a primavera e, com ela, também as ninhadas de gatos nascidos na rua. Por esta altura, as associações enchem-se de bebés – e ainda agora começou. A Tiara – associação Tiarama, na Amadora, já acolheu 23 gatinhos e sabe que, infelizmente, o número não se fica por aqui. Na esperança de que dois deles cativassem famílias responsáveis, levou um casalinho até à Feira do bem-estar animal, organizada pela junta de freguesia da Ajuda, em Lisboa, que decorreu neste sábado, 6 de maio. E houve um final feliz.

Os jardins do palácio da Ajuda encheram-se, das 10h às 17h, com tendas de associações de proteção animal de Lisboa e arredores, que aproveitaram a iniciativa para se darem mais a conhecer e para venderem artigos. Algumas levaram também animais para adoção. Foi o caso da Tiara – com uma das bebés a ganhar uma casa.

Este ano, os bebés que a Tiara vai conseguindo acolher recebem todos nomes de cantores, contou à PiT a presidente da associação, Carmen Piñera de Melo. E os quatro manos mais recentes, com cerca de dois meses de idade, que foram recolhidos das ruas de Carnaxide, têm os nomes dos cantores do grupo sueco ABBA. Para a feira foram o Björn e a Anni-Frid, na associação ficaram a Agnetha e e Benny.

Estavam Anni e Björn a mostrar os seus encantos a quem passava, quando um olhar se fixou na gatinha. Houve um clique – e foi mútuo. Marcela de Meo, 28 anos, vive em Santos, Lisboa, e foi até à feira já com intenção de adotar. “Queria um gato bebé, independentemente do sexo”, disse à PiT. Quando olhou para Anni, foi amor à primeira vista. “Olhei e pensei: é ela”, contou, enquanto a afagava. Anni estava deliciada, encostando a cabecinha e o corpo miúdo àquela que será a sua humana especial. E vai manter o nome, já que Marcela gostou muito da escolha.

“A Marcela já formalizou o pedido de adoção e depois iremos entregar a Anni em sua casa”, explica Carmen. É o procedimento normal e ideal, principalmente para os “papás de primeira água”, já que será possível explicar no local tudo o que é necessário para as coisas correrem bem e sem incidentes.

À espera de amor numa feira de afetos

Logo ali ao lado, a realidade era menos feliz. A 101 Rafeiros, que recentemente se constituiu formalmente como associação, tinha junto de si uma cadelinha branca de olhar triste. Com cinco anos, tinha acabado de perder a família. “Os donos vieram cá trazê-la. Pediram se a podíamos acolher. A cadelita ia ficar hoje sem casa porque no prédio para onde os donos foram viver não permitem animais”, explica à PiT, com tristeza, a vice-presidente da associação, Luísa Ribeiro.

Eles sentem – e ressentem-se muito quando se sentem abandonados. Por isso mesmo, a pequena cadelita estava na defensiva e aparentava medo. Mas quando uma jovem se aproximou, tudo mudou. Deixou fazer festas e passou o resto da tarde ao colo da menina que talvez a fizesse lembrar-se da criança lá de casa. Infelizmente, não pôde seguir caminho com ela. Nem sempre é possível quando uma casa já tem a sua conta de animais de companhia. Terá agora o amor da 101 Rafeiros, mas conseguirá um lar em breve? É a dúvida que paira sobre qualquer animal para adoção.

No restante recinto da feira houve outros finais que trouxeram sorrisos, já que alguns cãezitos foram também adotados – todos com o desejo aberto de uma vida longa e feliz.

Uma feira elogiada por todos

Por entre mais de uma dezena de associações presentes, o testemunho foi unânime por parte de quem falou à PiT: a organização do evento está de parabéns.

Suzel Costa, presidente da 1.618 – Dignidade Animal, sublinhou o facto de a junta ter dado todas as condições: “disponibilizou as tendas, bancadas e cadeiras, bem como lugares à sombra para quem trazia animais”. “Esteve tudo muito bem, desde a logística até ao material de apoio. E estas iniciativas são sempre bem vindas porque também é uma forma de as associações angariarem dinheiro e divulgarem o seu trabalho, além de poderem conseguir adotantes para os seus animais”, frisa Suzel.

Na vida de uma associação, os pedidos de ajuda e os resgates não param. Não há fins de semana, nem feriados. Todos os dias há mais animais a precisarem de assistência. Georgina, nome que a 1.618 deu à galinha que resgatou na véspera, de uma colónia de gatos na margem sul, teve sorte. Nome catita já ela tem, agora só lhe falta encontrar um santuário onde viva dias felizes e sem sobressaltos.

Também Cristina Nogueira, presidente da SOS Bicharada, enalteceu toda a organização. “Foi uma iniciativa excelente. Estes projetos fazem sempre falta e só temos a agradecer”, afirmou à PiT.

“No que pudermos ajudar as associações, cá estaremos”

A junta de freguesia da Ajuda fez questão de acolher todas as associações interessadas, mesmo que não fossem de Lisboa. “No que pudermos ajudar a divulgar todas as associações, cá estaremos”, disse à PiT Elisabete Godinho, elemento do projeto bem-estar animal da junta.

“O projeto nasceu em 2019 e é realizado agora uma vez por ano. Estamos muito contentes porque este ano esteve mais gente. Queremos ajudar todas as associações possíveis em Lisboa e arredores, ligadas à natureza e aos animais, que têm de ser conhecidas de todos. O nosso objetivo é sermos uma ponte para as associações e no próximo ano queremos ainda mais a marcarem presença. São todas bem vindas”, declarou Elisabete.

Além do WC e ponto de água disponível para todos no jardim do evento, a própria junta tinha um stand com vários elementos do projeto e uma veterinária, onde se foi ensinando as crianças a fazerem adoções responsáveis. E não faltou uma “mini clínica” para os mais pequenos perceberem algumas das rotinas de saúde dos animais, como as vacinas e os raio-X.

A organização esteve sempre atenta, passando de vez em quando pelas tendas para saber se estava tudo a correr bem – e tinha também águas à disposição de quem tivesse sede. Além disso, foi oferecida ração para cão e gato às associações presentes, bem como areia para gato.

Pelo relvado passeavam dois cavalos da GNR, que os miúdos adoraram conhecer, e não faltou um insuflável para muita brincadeira entre os mais pequenos. E para o ano há mais.

Percorra a galeria para ver imagens desta Feira do bem-estar animal.

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