Quando pensamos num atleta profissional, não o associamos a alguém que siga uma dieta vegetariana. “Precisam de energia”, podemos pensar. No entanto, João Pereira prova que mesmo sem comer animais consegue ter toda a energia necessária. Aos 33 anos já jogou futebol na Moldávia, Dinamarca e participou na Champions League. Pelo caminho conheceu a mulher Djuli Silva, de 32. Ela também é vegetariana. Aquele estilo de vida e de alimentação levou-os a abrir o Café Jardim, em Ourém. Foi inaugurado a 14 de maio.
“Estivemos na Dinamarca durante nove anos. Regressámos para Portugal há dois e comprámos uma casa em Santarém”, conta Djuli à NiT. Pensavam que era ali que iriam ficar durante longos anos, mas estavam enganado. Tiveram um filho e perceberam que era mais fácil se estivessem perto dos pais, que viviam em Ourém.
Quando lá chegaram viram que eram poucos os estabelecimentos que apostavam naquela vertente. Ao abandono encontraram o Café Jardim, que costumava ser um dos grandes símbolos da região. No rés do chão, um restaurante tradicional. No primeiro andar, era um salão de jogos. Mudaram por completo o conceito. Agora, servem pratos vegetarianos e vegan e, na sala de cima, terão aulas de ioga às terças, quintas e sábados. “Era um café muito antigo, estava fechado há mais de 40 anos. Mantivemos os azulejos porque têm muita histórias. As pessoas vão lá e lembram-se do espaço”, explica a proprietária.
O objetivo é servir pratos bem apresentados com um cuidado a nível nutricional, algo pelo qual o casal se guia no seu dia a dia. “São pratos bonitos que as pessoas comem com os olhos”, descreve Djuli. A decoração do espaço é bastante simples, e lá encontra algumas plantas, como a tília. É originária do Japão mas compraram-na quando viviam na Dinamarca. Dá muitos rebentos, que depois são espalhados pelo espaço já verde. Esta estilo decorativo combina com o ambiente que rodeia o estabelecimento, que fica mesmo à frente de um jardim — e daí o nome.
Aos sábados têm um menu especial de brunch. Custa 9,50€ e inclui uma bowl de iogurte grego complementada por várias frutas e toppings — como caramelo salgado ou granola — confecionados no Jardim, sumos naturais, tostas abertas e waffles. Todos estes produtos estão presentes no menu diário, mas é feita uma combinação que fica “com um valor mais agradável”.
A carta tem várias outras propostas de pequeno-almoço. Pode escolher entre a torrada simples (1,50€) com um acompanhamento ou pela especial (2,30€), com três. Estes complementos podem ser doce caseiro, manteiga (normal ou de amendoim), mel, brigadeiro, requeijão de ovelha. Nas tostas abertas encontra uma de ovos mexidos com pesto e molho da casa (4,50€) e uma proposta vegan (4,50€), com pesto, abacate, húmus e grão crocante. Também tem batidos (desde 2,30€), bowl de açaí (3,85€) e as típicas bebidas de cafetaria, como café (0,85€), chá (1€), cacau quente (1,30€), entre outros.
Caso prefira ir ao Jardim para almoçar, pode sempre experimentar as deliciosa Poke bowls. Custa 7,50€ e é bastante personalizável. Como proteína pode optar entre tofu marinado ou falafel. Nos molhos tem mostarda, agridoce e tahini. Quanto aos acompanhamento é possível escolher entre arroz, edamame, abacata, tâmaras, e não só. Os mais gulosos têm pratos irresistíveis, como o brigadeiro (2,50€ por fatia de bolo ou 0,80€ pelas versões miniatura) e o cheesecake vegan (2,50€).
Um espaço pet friendly com um cão que mudou a vida do casal
Não são caravanistas, mas durante as férias de verão passam grande parte do tempo a viajar pelo País. Além do filho, Djuli e João levam o Coragem, um cão que entrou por puro acaso nas suas vidas. “O meu marido pôs-lhe este nome por causa do desenho animado”, recorda. Encontraram-no na rua em Santarém, no mesmo dia que ia acabar por ser a data de nascimento do filho. “Passámos a tarde toda com o cão e esquecemo-nos que o bebé poderia estar quase a nascer”.
Quando viram Coragem, pensaram que estava morto, porque estava deitado no chão. Na verdade, foi apenas um bom ator, que procurava conhecer alguém que o acolhesse. Quando o levaram ao veterinário estava bom de saúde e disseram-lhes que tinha apenas meio ano de idade, o que foi chocante porque era bastante pequeno. “Não o conseguimos deixar em lado nenhum, então levámo-lo para casa”, diz Djuli.
Na primeira noite do cão lá em casa, rebentaram as águas de Djuli. Não o queriam deixar sozinho em casa porque não sabiam como se iria comportar ou o que poderia estragar. Apenas havia uma solução: tiveram de o levar para o hospital. Tudo isto aconteceu durante a pandemia, numa altura em que os pais apenas podiam entrar na unidade de partos num momento específico. João estava com o cachorro na rua. “Fugiu no hospital e ele teve de andar a correr atrás”, brinca Djuli. “No início do dia éramos dois, ao final da noite passámos para quatro.”
Desde então que criaram uma ligação forte com o animal, que está muitas vezes no Café Jardim a cumprimentar os clientes. Todos os patudos são bem-vindos e são recebidos por um biscoito e água, caso necessitem. “Muitas vezes, as pessoas querem ter uma refeição fora de casa e grande parte dos sítios não aceitam animais. Sermos pet friendly fazia todo o sentido porque também temos um animal e sentimos essa carência na região”, explica. Além disso, tem o enorme jardim mesmo à porta.
De pequeno porte, médio ou grande, todos podem entrar. E não se preocupe que não o vão chatear. Provavelmente nem se aperceberá que estão lá cães, algo que acontece regularmente. “Portam-se todos bastante bem. Os donos que os levam conhecem os cães que têm. Ninguém quer levar um animal que não sabe estar”, realça.
Carregue na galeria e conheça melhor o Café Jardim.