Família

Gata queimada no forno já tem uma nova família e vive feliz e sem traumas

Depois da alta hospitalar, Ariel parece que nunca viveu o terror. Brinca, come e adora colo: tudo com que sempre sonhou.
Ariel já não larga o colo da tutora.

A excitação reina na nova casa de Ariel. A pequena gata não precisou de muito tempo para se ambientar ao novo lar, e já anda de um lado para o outro atrás das suas bolinhas de brincar. Está feliz com o novo começo, depois de todo o trauma por que passou.

Quando a gata branca foi adotada da associação SOS Bigodes, sediada em Barcelos, esperava uma casa onde fosse amada e uma família que a tratasse com carinho. Não foi isso que veio a acontecer. Em vez disso, Ariel deixou o seu lar cheia de cicatrizes e de traumas.

A gata foi, alegadamente, colocada no forno pela filha do casal, uma miúda de três anos. Em vez de pedir ajuda a clínicas ou à própria associação de onde adotou Ariel, optou por deixá-la uma semana na garagem, sem qualquer tipo de condições à sua sobrevivência.

Quando finalmente decidiu pegar no telefone, foi para pedir para abater o animal. Mas essa chamada acabou por salvar a vida de Ariel. A auxiliar veterinária que a atendeu não só lhe garantiu que recebia todos os tratamentos necessários à sua recuperação, como optou por ficar com ela, após todo o processo.

Ariel teve alta no dia 14 de janeiro, após dois meses de internamento a curar o corpo 50 por cento queimado. Cristiana Dias, presidente da associação, estava lá. Não para dizer não um adeus, mas um até já, sabendo que ela ia para um lugar melhor: “Ela já se está a adaptar muito bem. Parece que sempre esteve lá. Só quer mimo”, conta à PiT.

A gata foi para uma casa com mais animais, por isso já tem com quem partilhar as brincadeiras, assim que estiver totalmente recuperada. Por agora, tem que se restringir à cozinha, por estar a ser tratada com pele de peixe Tilápia, que lhe regenerá a pele, e por haver o perigo de os outros patudos quererem lambê-la.

Na cozinha, tem tudo disposto ao seu agrado. “Adora o arranhador e de ir atrás das bolinhas. Além disso, ainda gosta de se esconder debaixo dos tapetes”, confidenciou a tutora, que prefere não ser identificada, à presidente da associação.

Ariel está feliz na nova casa.

Apesar de estar confinada a uma divisão, tem a mesma rotina que os restantes gatos que habitam na casa: “Comem de manhã antes de eu sair para o trabalho. Quando vou a casa à hora de almoço, voltam a comer. E, quando a minha mãe chega a casa, por volta das 18 horas, ela também os alimenta”.

A tutora explica que a razão pela qual ela não lhe dá “comida à descrição”, tendo em conta que está sozinha, é para se habituar aos restantes patudos: “Tendo em conta que tenho animais que fazem rações veterinárias específicas e têm de comer separados. Desta forma ela adapta-se a estes horários, facilitando o momento de a juntar aos outros”.

Ariel pode estar ambientada à cozinha, mas, assim que as suas donas chegam a casa, a gata salta para o seu local preferido: o colo. Já à noite, dorme na caminha com a sua tutora, enroscada nos seus braços.

A gata tem que voltar à clínica de quatro em quatro dias para trocar os pensos, mas fá-lo sem problemas. No entanto, apesar de esse ter sido o seu lar durante tanto tempo, a tutora admite que ela “não tem saudades nenhumas”. Ariel está mais feliz e pronta a deixar os traumas para trás. Mas o pesadelo está longe de chegar ao fim.

Ariel está nas mãos da justiça — ela e o forno que quase a matou

O que aconteceu a Ariel é considerado crime público. Por isso, mesmo antes de Cristiana Dias e as restantes voluntárias colocarem o pé na esquadra da polícia, já dezenas de e-mails explicavam toda a situação. Foram várias as pessoas que condenaram a atitude da tutora de fechar o seu animal numa garagem durante uma semana, de não ter pedido ajuda, de a única ação que fez para a matar.

A presidente da associação não culpa a suposta miúda que colocou a gata no forno, mas sim a negligência que surgiu depois: “Mesmo que tenha sido a menina a fazê-lo, o que nós queremos que seja julgado foi o facto de a gata ter passado uma semana fechada numa garagem. Uma semana a apodrecer, literalmente”, garantiu à PiT.

Além de ter maltratado a gata, ainda ameaçou a associação que lhe prestou cuidados, e mudou a versão da história quando percebeu a gravidade da situação, dizendo que o forno não estava ligado, e que apenas “tinha óleo de ter sido usado anteriormente”. Agora, a associação procura um advogado que a consiga defender, pois querem “fazer justiça da Ariel”.

A SOS Bigodes tem muitos mais animais a seu cargo. Nomeadamente Phoebe, uma gata que foi abandonada num riacho, com “água a passar, à espera da morte”. Partiu as duas pernas, e a amputação chegou a ser uma opção, mas depois ela voltou a ter sensibilidade. Está à procura de uma nova família e já se inscreveu na Pitmatch, a nova plataforma de adoção responsável da PiT.

Carregue na galeria para ver algumas fotografias de Ariel na nova casa.

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