A pandemia levou ao encerramento de muitas empresas, mas o que foi um revés para alguns representou uma oportunidade para outros. Charlie e Malaylack Teixeira são um exemplo deste fenómeno. Em 2021, pouco após se mudarem de Toulouse para Lisboa, souberam que o café na Bica que costumavam frequentar estava prestes a encerrar. Decidiram aproveitar a oportunidade e fazer uma proposta para assumir o espaço. O negócio vingou e a 8 de junho abriram numa nova localização, com vista para o Panteão Nacional.
O casal decidiu manter tanto o nome como o antigo conceito, servindo exclusivamente cafés de especialidade, provenientes de várias partes do mundo, como Honduras e Colômbia. Além disso, optaram por incluir opções rápidas e saborosas para almoçar e definiram uma regra: o uso de computadores não é permitido no espaço. Mas os patudos são masi do que bem vindos.
Após o êxito na Bica, decidiram abrir um segundo Hello, Kristoff, no Campo de Santa Clara e preparam-se para inaugurar outro espaço, desta vez em Santos, com um conceito diferente.
“Além de sermos conhecidos pelo café de especialidade, este ano demos um novo passo, iniciando a torrefação dos grãos. Até outubro, esperamos dar as boas-vindas a um novo espaço, onde, para além da torra, ofereceremos uma experiência imersiva com provas sensoriais de café (cuppings) e outras novidades”, revelam Charlie e Malaylack, de 37 e 40 anos, respetivamente.
Antes da sua chegada a Portugal, o casal nunca tinha trabalhado na área da restauração. Charlie, luso-francês, tinha uma empresa de construção em França, enquanto Malaylack era engenheira aeroespacial. A decisão de mudar de vida surgiu após um périplo por Portugal.
“Em 2018, fizemos uma viagem de Norte a Sul. O Charlie desejava mostrar-me o País da família e apaixonei-me por Lisboa. Começámos a imaginar como seria viver aqui e decidimos arriscar. Volvidos seis anos, percebemos que foi a melhor decisão”, relata a sócia-gerente do Hello, Kristoff.
Estabeleceram-se de forma definitiva em janeiro de 2021, mas, antes disso, já procuravam oportunidades de investimento na capital. “Queríamos algo que fosse nosso e, ao encontrarmos o café na Bica à venda, percebemos que poderia ser um desafio interessante”, explicam. Após tratarem das burocracias necessárias, decorridos alguns meses, já serviam café de especialidade.
Na altura, com muitos portugueses a adaptarem-se ao teletrabalho, notaram que alguns clientes tinham dificuldade em afastar-se dos computadores. Contudo, essa situação ia contra a visão que tinham para o espaço. “Queremos que todos venham para socializar e fazer novas amizades. Sendo emigrantes, valorizamos muito a socialização e a cultura, por isso, decidimos proibir o uso de computadores. Assim, quem visita o nosso espaço sai daqui com novos amigos e conhecimentos”, esclarecem.
Os proprietários disponibilizam revistas internacionais, selecionadas pelos próprios, para que os clientes encontrem “novos interesses” e deixem de lado “as novas tecnologias”. “Temos publicações de França, Alemanha, Portugal e Coreia do Sul, que os clientes podem folhear enquanto saboreiam o seu café.”
Esta bebida é, sem dúvida, a estrela do espaço. No menu, encontram-se opções como o clássico expresso (1,70€), macchiato (2,50€), americano (2,60€) e café de filtro (3,10€). Para quem prefere bebidas com leite, estão disponíveis cappuccino (3,50€), latte (4€) e matcha latte (4,40€), além do chaï latte (4,40€). No entanto, o casal destaca o Dopio (5€) como a proposta mais vendida. “É uma bebida que combina Coca-Cola, whisky e café da Colômbia,” revelam.
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Na próxima loja, planeiam também oferecer café feito na cafeteira V60 e realizar workshops de café filtrado. “Queremos proporcionar uma experiência aos clientes, pois o café de especialidade tem uma qualidade superior, comprovada mundialmente, e desejamos apresentá-lo a quem ainda não o conhece”, explicam.
Durante esta jornada, Malaylack revelou uma paixão pela pastelaria e é responsável por todos os bolos que saem da cozinha. “Adoro prepará-los de manhã para estarem sempre frescos, e gosto de variar,” conta. Além disso, desenvolve também as receitas das tostas servidas em todos os Hello, Kristoff.
Têm uma proposta com salmão fumado (12,90€), mousse de limão, sementes, tomate e alface e outra de presunto com creme de pimentos, queijo, tomate seco, alface, tomate e cebola caramelizada.
As propostas incluem uma tosta de salmão fumado (12,90€) com mousse de limão, sementes, tomate e alface, assim como outra com presunto, creme de pimentos, queijo, tomate seco, alface, cebola caramelizada e tomate. “A tosta que gera mais curiosidade é a do momento (12,90€), que muda todos os meses. Como utilizamos apenas ingredientes frescos e sazonais, temos de a alterar periodicamente, e isso é o segredo do nosso sucesso,” revelam.
Ao fim de semana, oferecem dois menus de brunch: o doce inclui sumo de laranja natural, uma bebida quente, um croissant ou pain au chocolat, torrada com compota e manteiga, e um iogurte com granola caseira, mel e fruta por 17€. A combinação salgada também inclui sumo natural, uma bebida quente e croissant, mas acrescenta uma sugestão salgada, uma salada de fruta e uma de vegetais, por 20,50€.
O espaço em Santa Clara conta com 24 lugares e foi decorado com uma mistura de inspiração nórdica e elementos naturais. “Fomos conhecidos pelo nosso excelente café e ambiente acolhedor, e decidimos trazer essa essência para este novo local,” sublinham.
O motivo que levou à escolha do nome Hello, Kristoff continua a ser um mistério, até mesmo para os proprietários. “Isto já se tornou uma piada, porque decidimos simplesmente mantê-lo. Mas não sabemos qual o seu significado.”
Carregue na galeria para ver mais imagens do novo espaço da Hello, Kristof em Lisboa onde os computadores não entram.