“Vinhos, petiscos e pessoas.” Esta é a essência do Bico Bar, inaugurado a 30 de maio, no Bairro Alto em Lisboa. Jude Shell, o gerente, assume-se “profundamente apaixonado por vinho”. O sírio de 25 anos aterrou em Lisboa há dois anos e decidiu que estava na hora de tirar o “projeto de uma vida” da gaveta.
Arquiteto de formação, foi como escanção — profissional especializado em vinhos — que encontrou a verdadeira vocação. Quem não estranhou a mudança de carreira foram os pais, que sempre o envolveram no mundo dos vinhos.
“Cresci rodeado pelas vinhas do meu pai e pela paixão e conhecimento da minha mãe pelos vinhos vintage. Aprendi cedo como é que se bebe álcool, as diferenças entre cada bebida e os momentos certos para provar. Tudo isto acabou por enraizar a cultura do vinho em mim”, conta.
O jovem decidiu mudar-se para a capital após uma breve passagem pelo País. “O objetivo era mudar-me para Madrid, já tinha tudo tratado. Mas antes de me instalar decidi conhecer Lisboa e fiquei rendido. Assim que comecei a conhecer a cidade percebi que seria a minha nova casa. As pessoas, o clima e a quantidade de produtores de vinho convenceram-me.”
Após conhecer um pouco da cultura portuguesa, fez o plano. Sem medos, começou a desenhar a criação de um restaurante e de um wine bar, com a ajuda de um grupo de investidores.
Os meses seguintes foram passados a trabalhar no projeto. Começou por fazer, em conjunto com os investidores, “um reconhecimento da zona” para perceber onde queriam instalar os conceitos. O Bairro Alto acabou por ser o bairro de eleição, dada a afluência e as “características arquitetónicas”. “Esta é uma das zonas mais populares entre os turistas e acredito que vai continuar a crescer e a evoluir. Conseguimos um espaço na Rua da Rosa, que embora tenha movimento é mais calma e estamos a adorar. Era perfeito para trazer o bar mais sofisticado que queríamos”, refere.
View this post on Instagram
Após escolhida a zona, Shell fez uma formação específica sobre vinhos portugueses com a escanção portuguesa Gabriela Marques. “Para nós, Portugal tem os melhores vinhos do mundo e queremos apresentá-los aos nossos clientes, para que possam dar a conhecê-los lá fora. Queremos que tenham a atenção que merecem e por isso, no Bico, temos apenas referências de cá”, explica.
“Não acreditamos no conceito em que apenas perguntam aos clientes se querem tinto ou branco. Gostámos de personalizar a experiência e damos várias opções, consoante os gostos do cliente. Depois trazemos três copos para prova. Apresentámos cada um e ainda sugerimos a harmonização com queijos e alguns dos nossos petiscos”, diz sobre o conceito. E lá, os animais também podem fazer companhia aos donos.
O convívio é a máxima do espaço, que promove as provas e a interação. “Temos feito book club meetings com vinho, pequenas festas de aniversário onde todos acabam a falar sobre a bebida. É tudo sobre vinho e pessoas. Conseguimos criar o que sonhamos: um espaço de cultura onde provam bom vinho e comida, num ambiente mais intimista”, adianta.
O bar tem cerca de 100 metros quadrados e espaço para 13 pessoas. Como queriam algo mais acolhedor, acabou por ter o “tamanho ideal”. “Temos também a possibilidade de compra de garrafas e até oferecemos 25 por cento de desconto se for o caso. Em breve vamos colocar cartões em cada uma com as informações sobre o rótulo, para que quem o compra possa fazer um género de prova de vinho em casa.”
As prateleiras do Bico estão preenchidas com mais de 150 referências de vinho português e algumas unidades de champanhe. “Temos vinho de todas as regiões do País, incluindo Madeira, Porto Santo e Açores. Quisemos mesmo chegar a todo o lado”, adianta.
Os preços por garrafa começam no 20€ e podem facilmente escalar para os 900€. “Queremos ter opções para todas as carteiras e em breve iremos ampliar para ter referências mais acessíveis. Mas também temos rótulos que são servidos em restaurantes Michelin e outros exclusivos.”
A cada dois dias abrem uma garrafa de vinho vintage para que os clientes a possam provar a um preço mais simpático. “Vendemos como vinho do dia ou da semana”, esclarece.
Já na comida, tentaram manter tudo simples. “Tentamos focar-nos em sabores e combinações que fazem bons pairings com os vinhos. Adoramos pratos simples, com ingredientes de alta qualidade.” O Bico abriu há poucos meses, mas Jude já consegue apontar os bestsellers: o black caviar (54€) a bruschetta de straciatella com pistácio (9€); a mousse de feta (11€), as tábuas de queijo (desde 15€) e, nos pratos principais, a tarte caseira (9€).
Em breve irão abrir um novo restaurante, na mesma zona, onde querem servir vinhos portugueses. De seguida, carregue na galeria para saber mais sobre o espaço.