Família

Irão proíbe tutores de passear cães na rua por ser “ameaça à saúde pública e à paz”

O governo pretende desencorajar a população de ter cães como animais de estimação.
Uma guerra contra os cães.

Cuidar de cães tem sido objeto de um diálogo contínuo e controverso no Irão. Depois de vários anos de medidas, o governo proibiu oficialmente a população de 18 cidades de passear os seus patudos, ao longo da primeira semana de junho. O país alega que a decisão pretende proteger a saúde pública, a ordem social e a segurança dos habitantes.

A regra teve início em 2019, e tem vindo a ser aplicada a cada vez mais cidades — desta vez, incluiu Isfahan, Kerman e Teerão, a capital. As autoridades locais têm introduzido de forma periódica a proibição, que impede que os cães sejam passeados e que sejam transportados em carros, com o propósito de desencorajar que sejam mantidos como animais de estimação, adianta o The Guardian. Contudo, a imposição tem sido inconsistente, devido à recusa dos tutores iranianos em cumprir com a norma, mantendo abertamente passeios regulares com os patudos.

A opção é fundamentada por crenças religiosas, que consideram impuro o contacto com os cães, sobretudo com a sua saliva. Além disso, alguns dos oficiais do governo consideram a prática de manter os canídeos como animais de estimação uma forma de influência ocidental.

No domingo, 8 de junho, a publicação iraniana Etemad avançou que os oficiais pretendem tomar “ações legais conta violadores” da medida, sem especificar que o tipo de consequências. Já o jornal do estado iraniano clarificou que as medidas pretendem “manter a ordem pública, garantir segurança e proteger a saúde pública”. O mesmo artigo citou Abbas Najaf, procurador da cidade Hamedan, que afirmou que “passear cães é uma ameaça à saúde pública, à paz e ao conforto”.

Ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, confirmou que “manter cães por razões além de pastorar, caçar ou como cães de guarda é considerado repreensível”. “Se esta prática imita a de não muçulmanos, promove a sua cultura ou fere e perturba as ruas, é proibida”, acrescentou.

Em 2021, o estado do Irão considerou legalmente a escolha de ter cães como um “problema social destrutivo”, que poderia “gradualmente alterar a forma de vida iraniana e islâmica”, avança a BBC. Já em 2010 o Ministério da Cultura e Direção Islâmica baniu toda a publicidade relacionada com pets, e em 2014 o parlamento ponderou passar a multar e açoitar quem passeasse cães.

Carregue na galeria para conhecer a história de Pani, uma cadela paraplégica que foi resgatada do Irão com a coluna partida.

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