Família

Jack portou-se mal e foi suspenso da creche — chegou a casa e levou ralhete da “mãe”

Invadiu o refeitório e comeu o almoço do colega Joaquim. A PiT falou com os donos, que dizem que ele é um "filho" exemplar em casa.
Veja o vídeo viral.

“Cara mãe do pet Jack. Estou a escrever este recado, porque ele foi suspenso da creche por um dia inteiro”. Foi assim que começou a breve carta que o cão de quatro anos levou para casa, após se ter comportado mal na escola. Com a cabeça cabisbaixa e encarando sempre a janela, teve que ouvir palavra por palavra do que tinha feito. O pior é que foi da boca da sua “mãe”.

Foi a primeira vez que Aguida Silva, 43 anos, ouviu uma queixa da creche do seu cão. No primeiro dia de aulas do cão em Londres, onde a cidadã brasileira e o marido moram atualmente, recebeu uma carta de boas-vindas. Desta vez, o texto não foi tão simpático.

“O Jack, que também é apelidado de serelepe [adjetivo brasileiro usado para alguém irrequieto e agitado], invadiu o refeitório sem permissão e comeu o almoço do seu amigo Joaquim”, continuava a carta. Perante esta afirmação, a dona do cão não deixou de mostrar o seu desagrado: “Jack, você comeu a comida dele?”, enunciou num vídeo publicado no Tik Tok, que ficou viral em todo o mundo.

Não bastou ter invadido a cantina da creche, como influenciou outros a fazê-lo. “Incentivou a Indiana e o Bento. O Bento não é muito seu amigo, mas entrou na festa com ele”, escrevia a funcionária da creche.

Finalmente, a escola de Jack pediu que a sua “mãe” falasse com ele, para que tal “não se voltasse a repetir”. E foi o que fez. Sem nunca olhar para a sua cara, o cão teve que ouvir o sermão de Aguida: “O que tens a dizer sobre isto, Jack? Olha para a mãe. Não quero que te portes mal na creche. Estou sem trabalhar, porque ficaste suspenso da creche”.

@aguidasilva2 #dog #londres #inglaterra #ticktock ♬ original sound – Aguida Silva

À PiT, no entanto, a emigrante na capital inglesa confirma que isto foi apenas uma brincadeira: “Eu fui um pouco agressiva com ele, mas era apenas no gozo. Até era para não falar nada, mas achei muita piada ao recado”.

Mau aluno na escola, mas excelente cãopanheiro em casa

Jack mora em Londres, tem família brasileira, mas as suas origens são portuguesas. Foi um presente do marido de Aguida, Leandro, quando os dois moravam no Algarve e esta estava a passar por uma altura muito difícil: “Estava muito doente, porque tinha sofrido bullying no trabalho. Sempre quis um cão, mas o meu marido não queria. Quando me apareceu com esta bola de pêlo em casa, devolveu-me a alegria”.

Os cidadãos brasileiros mudaram-se de Goiás para Portugal quando tinham apenas 20 anos, ambicionando uma carreira no mundo da hotelaria. No entanto, a pandemia atrapalhou um pouco os planos, e Leandro acabou por tentar uma nova vida em Londres: “Correu muito bem para ele, e ele disse-me para ir ter com ele, que era ótimo para eu estudar”.

Aguida acabou por seguir o conselho. Fez as malas, pôs-se no avião e inscreveu-se num curso de inglês. No entanto, a logística que envolve viajar com um animal de estimação, impediu que Jack fosse imediatamente incluído nos planos. E as restrições da Covid-19 agravaram ainda mais a situação. Por isso, os donos do cão puseram-se ao volante e conduziram até Portugal, para irem buscar a sua fonte de energia de lá de casa. Desde então que vivem os três em Londres, tendo deixado um filho em Lisboa, que está a estudar arquitetura.

Jack não vai todos os dias à creche. Além de ser muito caro, Aguida passa muito tempo em casa, e por isso pode estar com o seu cão, que tem algumas manias: “Não gosta de visitas, não gosta de muita claridade. Também não podemos fazer muito barulho ao pé dele que lhe faz confusão”.

Jack pode parecer traquina, mas é um doce.

O cão, no entanto, não é só feito de bizarrices. “Ele é extremamente inteligente. Não faz necessidades dentro de casa, e nunca foi preciso ensiná-lo a isso. É ele que acorda o meu marido para ir trabalhar, sabe a hora a que temos de ir dormir… E percebe o nosso tom de voz. Por exemplo, sabia que eu estava a ralhar com ele naquele dia”, descreve à PiT.

O “serelepe” também conhece bem a palavra “medo”: “Uma vez, fomos atacados por três cães, aqui, em Londres. Agora, quando digo para não irmos para determinado sítio ou rua, e uso a palavra ‘medo’, ele já sabe que não é suposto ir”.

Tem ainda outra peculiaridade sempre que o seu dono chega a casa: “Nós temos logo de ir buscar uma meia à gaveta e dar-lha. Ele mete-a na boca, vai a correr ter com o meu marido e entrega-lha”, ri-se

Jack pôs de lado o focinho da vergonha e voltou à creche, passado poucos dias. Desta vez, regressou a casa não com uma nota de mau comportamento, mas com uma carta a congratulá-lo: “Cara mãe do pet Jack. Estou a escrever este recado, porque, depois de ele voltar da sua suspensão, portou-se muito bem e foi o ajudante do dia”, leu entusiasticamente a “mãe” de Jack.

Carregue na galeria para ver algumas fotografias do aluno mal comportado, Jack.

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