Era um dos maiores símbolos da Lourinhã. Toda a gente conhecia o boi que levava o dono às costas pelas praias e pelo kartódromo. Depois de vários dias doente, em que mal se levantava e não tinha apetite, Manjerico acabou por morrer junto do seu dono na passada segunda-feira, dia 31 de outubro.
Ao longo dos últimos dias, Mário Baltazar, 74 anos, tem recebido milhares de mensagens a lamentar a morte do seu animal de estimação: “Se pudessem, as pessoas estavam cá todas em casa”, ri-se. Houve, no entanto, uma visita que nunca chegou a aparecer.
Embora ainda não se tenha pronunciado publicamente sobre a morte de Manjerico, ao ser contactada pela PiT, a Junta da União das Freguesias de Lourinhã e Atalaia lamentou a partida do animal e reconheceu “a sua importância na divulgação a nível nacional do Concelho da Lourinhã“.
Já quando questionado sobre se a Junta pretende prestar algum tributo ao boi, o Presidente da Junta, Pedro Margarido, esclareceu que, “por motivo de justiça para com os proprietários de animais de estimação da Freguesia”, isso não vai acontecer. “Um animal de estimação tem uma forte relação familiar com os seus proprietários e no nosso entender deve ser respeitada. Por isso, a Junta de Freguesia irá abster-se de realizar uma homenagem pública em relação ao ‘Manjerico'”, afirmou à nossa revista.
Mário Baltazar não esperava uma posição contrária da Junta de Freguesia, mas não consegue compreender as razões para essa escolha: “Não percebo muito bem. Não consigo perceber por que é que ele diz isso. Podia apenas dizer que não tinha a ver com isso”, disse à PiT.
Há muito tempo que o dono de Manjerico sente que o seu animal não é valorizado pelo concelho: “Se for alguma coisa dos dinossauros, metem logo. Os dinossauros são de plástico, mas o Manjerico, que era de carne e osso, já não interessava”, critica Mário.
“Eu, por acaso, ia-lhes pedir para virem cá fazer umas filmagens, como se fosse uma reportagem. Mas já não estava à espera de nada deles”, confessa Mário.
Um passeio no areal que acabou com uma queixa na GNR
Não é a primeira vez que o natural da Lourinhã tem desentendimentos com Pedro “Manata”, como o presidente da Junta é tratado na região, mas é com João Duarte Carvalho, presidente da Câmara Municipal da Lourinhã, que Mário Baltazar guarda ressentimento em relação ao seu boi, devido a eventos de há quatro anos.
“Um dia, estava eu muito bem com o Manjerico na praia e, por acaso, estava muita gente, por isso decidi ir embora para não haver problema nenhum”, Mário começa por explicar à PiT. “Não chegou a haver nada e o Manjerico portou-se bem como sempre. Contudo, no dia a seguir, recebi um telefonema da GNR a dizer que tinha havido uma queixa por parte da Cãmara Municipal”.
Mário não esconde o desagrado na voz quando detalha o momento em que lhe pediram a documentação do seu boi: “O Manjerico sempre teve um passaporte que lhe permitia andar por aí. Tenho-o aqui em casa e ninguém mo tira”.
O dono do boi dirigiu-se à esquadra para apresentar a documentação, que foi toda arquivada e enviada à Câmara: “Desde aí, nunca mais se meteram comigo. Agora, eu estou doente, mas sabem que eu sou destemperado”, remata.
“Eu costumava dizer que o Manjerico era igual ao presidente da Câmara: não podia ver uma câmara de filmar que se punha logo a jeito”, ri Mário, ao recordar um momento alegre do seu animal de estimação, que o ensinou a amar bois.
Carregue na galeria para ver alguns momentos do boi Manjerico com o seu dono.