Família

Kiko mandava-se para a frente dos carros — até que, um dia, foi colhido por um

Foi atropelado e deixado numa clínica veterinária. Perdeu uma pata, mas já quer embarcar para uma vida normal.
Kiko adora ir à praia e caminhar.

“Hoje, foi à minha carrinha que se atirou. Qualquer dia, acaba mesmo atropelado, infelizmente”. Quando a diretora de uma clínica veterinária em Santa Maria da Feira, em Aveiro, disse isto, as funcionárias sabiam exatamente de quem estava a falar. Kiko era conhecido nas redondeza por se mandar para a frente dos carros. E houve um dia em que o destino não o poupou.

Aliás, foi no dia seguinte à diretora ter dito esta frase. Foi com grande choque que Maria João Silva, que era, na altura, enfermeira veterinária na clínica, recebeu o cão frágil e gravemente ferido que entrou pela porta da frente. Pouco havia a fazer, mas as funcionárias lutaram por ele: “Ele chegou mesmo muito mal. Ninguém achava que ele ia sobreviver”, conta à PiT a jovem de 25 anos.

O cão foi entregue pela senhora que, acidentalmente, o atropelou, com ambas as patas da frente quase “desfeitas”. Apesar dos esforços, não foi possível salvar a esquerda, tendo acabado por ser amputada, e a outra ficou com diversas cicatrizes que relembrá-lo-ão do incidente para toda a vida.

Kiko, com sete anos, teve a sorte de ter sido deixado numa clínica com bondade para dar e vender. Porque quem o levou para lá não tinha a mesma compaixão: “A senhora foi-se embora e ninguém ficou com os seus dados. Ela desapareceu, e a clínica não teve outro remédio senão assumir os custos do seu tratamento”.

O cão recuperou rapidamente e faz, atualmente, uma “vida normal”, quase como se não notasse que lhe falta uma pata. Corre, brinca e é um “cãozinho cheio de energia” para gastar. Onde? A resposta é óbvia. “Ele adora ir à praia caminhar. Claro que fica mais cansado do que os outros, mas adora e é um cão super sociável”, acrescenta Maria João.

Só há algo e alguém que fazem Kiko dar um passo atrás: vassouras e homens. “Não sabemos se terá sido maltratado quando era mais novo. Mas tudo o que são vassouras e cabos de esfregona ele odeia. E também não vai muito com a cara dos homens”.

Kiko nunca morde, apenas late. Ainda assim. só precisa de tempo para esquecer a primeira impressão: “Ele consegue ser conquistado. O meu namorado, por exemplo, sempre que me ia visitar a clínica, brincava imenso com ele e o Kiko reagia normalmente”, diz animada.

Contrariamente aos homens, adora mulheres e miúdos. O que faz dele um ótimo candidato a uma família grande e composta. Ou melhor, a uma família. É só isso que ele deseja, para poder sair das boxes da clínica e ter a liberdade que sempre quis ter.

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