Família

Lúa foi adotada em Espanha. Passados 10 anos, um caçador português apareceu a reclamá-la

Os moradores imploraram para que o dono não levasse a cadela que, alegadamente, tinha perdido. E conseguiram convencê-lo.
Lúa dorme num posto de gasolina e é muito amada.

Há dez anos que Lúa vagueia pelas ruas de Ponte Nova, na Galiza. É alimentada pelos vizinhos, acarinhada por todos os que passam por ela e dorme num posto de gasolina. A cadela adora a vida que leva. Mas quase que esta lhe foi arrancada pelo seu passado em solo português.

Os residentes do bairro de Tui lembram-se perfeitamente de quando Lúa apareceu. “Vinha em muito mau estado e muito faminta. Acabou por ser alimentada por um vizinho”, recorda Jose Manuel Caballero à PiT. Mal a barriga se encheu da bondade do morador, a cadela decidiu partir. Mas não por muito tempo.

Acabou por regressar no dia a seguir, tendo sido novamente recompensada. “A partir daí, começou a vir todos os dias”, detalha o cidadão galego. Aos poucos, começou a ganhar o afeto de todos os que ali moravam e trabalhavam. Mas as suas origens permaneciam desconhecidas de todos.

“Levámo-la ao veterinário para ela tomar as vacinas e para verificarmos se tinha microchip. Vimos que sim, e que era português. Mas o dono nunca apareceu”, garante Jose. Então, Lúa, como foi batizada, por ali foi ficando. E os residentes acabaram por adotá-la, dando-lhe todo o amor que merece.

Vive numa estação de serviço, mas de forma muito cómoda: “Tem uma cama e alimentam-na constantemente”. Quando não vão ter com ela, vai a cadela ter com eles. Todos os dias, faz uma paragem especial na pastelaria Cancela, “para tomar o pequeno-almoço”. De seguida, dirige-se à oficina Elétrica, que também fica nas redondezas, onde come uma sanduíche.

Pode ser interesseira no que diz respeito a comida, mas também é uma grande amiga: “Vai com os vizinhos nos seus passeios e faz companhia aos miúdos até ao autocarro. Também costuma acompanhar uma vizinha idosa nas suas consultas ao médico”, refere.

Lúa já faz parte da família dos moradores de Tui. Por isso, foi com grande espanto que encararam o caçador português que apareceu repentinamente, dizendo que era o dono da cadela: “Quando ele aqui chegou, vi-o a pô-la dentro do seu carro. Perguntei-lhe o que estava a fazer e disse que a cadela era dele e que a tinha perdido há vários anos”.

Jose não acreditou numa única palavra dita pelo caçador. Por isso, pediu-lhe para ver a documentação que comprovava que Lúa lhe pertencia. O português respondeu que não tinha.

“Disse-lhe que já era como uma vizinha e que todos a amavam. No final, consegui convencê-lo a não a levar”, diz aliviado à PiT. Jose garantiu ainda ao caçador que ia contar a história de Lúa, “para que ela fosse conhecida em todo o mundo”.

E assim foi. Em Espanha, a cadela já se tornou uma celebridade. A sua história foi contada em jornais de todo o país e já ganhou vários fãs que ficaram radiantes quando souberam que ela ficaria junto dos seus na Galiza. Já Lúa, “está um pouco surpreendida”, pois têm recebido várias “estações de televisão a fazer reportagens”.

Quanto ao caçador, nunca mais ouviram falar dele, mas é uma vontade de Jose: “Espero que, com este artigo, ele volte a entrar em contacto, pois gostaria de lhe agradecer por ter permitido que a cadela aqui ficasse”.

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