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LX Film. O novo paraíso da fotografia analógica em Lisboa tem centenas de máquinas

O espaço pet friendly mudou-se para a Avenida de Roma, com uma oferta ainda mais vasta — que inclui a revelação dos rolos.
Começou como uma marca online.

Quando Américo Amor recebeu uma antiga câmara oferecida pelo avô, por volta de 2014, foi um caminho sem volta. Embora na altura pouco se falasse sobre o tema, nos anos seguintes, dedicou-se a colecionar modelos antigos. “Havia algumas casas que ainda faziam revelações”, recorda.

“Era algo que estava mesmo morto. As marcas iam praticamente todas para o lixo e encontrava algumas bastante baratas”, acrescenta o fundador, de 26 anos. “Quando me cansei de ter tantas máquinas, comecei a vender algumas e o negócio desenvolveu-se a partir deste impulso. Havia alguma procura entre a geração mais nova.”

Os anos decorreram e a LX Film começou como uma loja do Instagram, em 2021. Volvidos dois anos, Américo abriu a primeira loja física na capital — inicialmente chamada de LXAOMILIMETRO. Desde então que se dedica ao negócio a tempo inteiro, após ter desistido do curso de engenharia mecânica.

O negócio foi crescendo de forma orgânica, acompanhando o interesse crescente neste tipo de mercado. Este é um dos motivos para a abertura do novo espaço na Avenida de Roma, com mais espaço e mais visibilidade. A inauguração aconteceu a 29 de março.

“Fomos evoluindo, a equipa cresceu e surgiu a necessidade de mudar de local”, diz. “Quando apareceu a oportunidade de ir para um espaço maior e numa rua mais central, era a altura certa. Podíamos trabalhar o espaço de uma forma totalmente diferente.”

Com cerca de 150 metros quadrados, o interior foi pensado para ser o mais minimalista e clean possível, “mas com um toque luxuoso”. Destacam-se os apontamentos rosa na superfície branca, que realça a oferta de máquinas fotográficas e acessórios, agora em maior número e ainda mais expostas.

Como a maioria das pessoas atentas a este comeback não são profissionais, mas curiosos, os clientes procuram sobretudo as point & shoot, mais compactas, automáticas e fáceis de levar para todo o lado, como a Olympus Mju ou a Canon IXUS 175, dois dos modelos mais vendidos.

Porém, também existe uma procura cada vez maior pelos modelos digitais e igualmente compactos, reminiscentes dos anos 2000. “São tão compactas que podem continuar a ser levadas para todo o lado”.

A parte mais difícil deste negócio, confessa, foi o stock. “Sempre fiz a procura de todo o material, em mercados como a Feira da Bagageira ou marketplaces”, acrescenta. “Mais tarde, comecei a comprar na Europa e conheci um ou dois fornecedores, colecionadores com quem criei uma relação.”

 
 
 
 
 
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Quanto aos serviços, de revelação ou digitalização, mantêm-se os prazos para entrega. No caso dos rolos a cores, o processo demora, no máximo, até 24 horas, enquanto os rolos a preto e branco podem levar até uma semana, uma vez que tem de ser feito á mão e não acontece em loja, mas num laboratório parceiro.

O fundador destaca o atendimento personalizado que consegue dar ao cliente. “Enquanto na outra loja as pessoas já se sentiam apertadas”, refere, a disposição ampla da nova LX Film dá mais conforto a quem entra pela porta desta morada.

Para Américo, “é bom ver muita gente desta geração a procurar este tipo de máquinas e perceber que está a ressuscitar”. E acrescenta: “Acredito que veio mesmo para ficar e que vai ser comum nas futuras gerações terem algum equipamento deste género.”

As câmaras digitais ganharam popularidade pela primeira vez nos anos 90. Entre meados da década e o início dos anos 2000, diminuíram em tamanho e preço, enquanto aumentaram em resolução. A evolução gerou também mais popularidade, até porque permitia capturar momentos especiais num instante — em vez de esperar que as fotos fossem reveladas.

No entanto, nos anos seguintes, o desenvolvimento de smartphones com câmaras integradas de alta resolução substituiu, de forma gradual, a hegemonia das máquinas fotográficas digitais. Ainda assim, e apesar da queda em popularidade, havia vários espaços a dedicarem-se exclusivamente a este negócio.

“Existe uma parte nostálgica, mas também se deve ao facto de sermos inundados com tanta tecnologia hoje em dia”, continua Américo. Enquanto as digitais são objetos mais trendy, “no caso das analógicas é porque existe um registo, além da fotografia, do momento em que foi tirada.”

“Ainda há muito espaço em Lisboa para dar a conhecer este conceito”, conclui Américo, que não esconde que já tem em vista a internacionalização, sem desvendar muitos detalhes. “Vamos apontar para Espanha.”

Carregue na galeria para ver mais imagens da LX Film e do que pode encontrar por lá.

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