A agonia e a aflição voltaram a ser engolidas em seco pelos voluntários da associação madeirense Ajuda a Alimentar Cães. Quando achavam que Morango e os seus filhotes, que foram resgatados esqueléticos, com sarna e quase sem pêlo, seriam a última família de patudos em perigo, surgiram Hera e Alfredo.
“Um guia de mountain bike estava a passar pela serra e viu-os completamente sozinhos”, começa por contar à PiT Mariana Nóbrega, 28 anos, presidente da associação sediada no Funchal. A mãe e o filho foram abandonados e ficaram completamente à sua mercê. Foram precisos vários dias até que alguém desse por eles, mas, felizmente, ainda foi a tempo de os salvar.
Estavam num estado de magreza extrema quando foram resgatados, e “os corpos esqueléticos mostravam que não deviam comer há muito tempo”. “Para sobreviverem, tiveram que comer pássaros e ratos. Não havia absolutamente mais nada ali”. Assim que chegaram à clínica, Hera e Alfredo, como foram batizados pelos voluntários, vomitaram o pouco que tinham comido “devoraram a o que lhes puseram à frente, sem mastigar”.
Agora que já estão a ganhar alguns quilos, e que foram desparasitados, já estão a conseguir mostrar aos poucos a sua personalidade adorável. Ainda assim, é difícil deixar as mágoas para trás: “São cães muito amorosos, mas também muito tristes. Basta olhar nos olhos deles para percebermos que sofreram muito. Mesmo assim, são gratos. Hoje, abanaram a cauda pela primeira vez”, diz Mariana animada.
A associação não sabe como é que eles foram parar àqueele “sítio, onde não tinham qualquer chance de sobrevivência”, mas têm “a certeza de que foram ali deixados por alguém”. Mariana e os restantes voluntários querem justiça, e não querem que o autor deste ato passe impune.
Enquanto tal não acontece, preocupam-se em arranjar boas famílias para eles. Felizmente, isso não foi problema para o pequeno Alfredo. Mesmo antes de ser higienizado pelos funcionários da clínica, os seus olhinhos já conquistavam diversas pessoas nas redes sociais.
Não levou muito tempo até arranjar uma casa. Para a sua mãe é que vai ser mais difícil: “Os adultos são menos adotáveis”, confessa a presidente. Ainda assim, a associação não perde as esperanças. Já houve interessados por Hera, e o seu lar parece estar cada vez mais perto.
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