Marcos Pereira estava a passear por um jardim em São João da Madeira, no Porto, quando se deparou com a Dona Rosa e o cão Jack. “Posso tirar-lhe uma fotografia?”, perguntou, como está habituado a fazer. A resposta foi positiva e o jovem deu início a uma breve conversa com a tutora do Podengo.
“Foi a história que mais me marcou”, começa por contar o fotógrafo e estudante de medicina veterinária, de 24 anos. “Falei com a Dona Rosa e ela disse que o Jack está doente, que tem um linfoma centralizado. Tem 10 anos e ela é a única companhia dele.”
O encontro aconteceu em maio deste ano e, nessa altura, a Dona Rosa ainda não tinha qualquer rede social ou WhatsApp. “Por isso, não lhe podia oferecer as fotografias”, recorda. No entanto, quando partilhou o vídeo e as fotografias da dupla, foi surpreendido.
“A vizinha da Dona Rosa viu o meu vídeo, imprimiu algumas fotografias e deu-lhe em quadro. Ela adorou”, partilha. “A partir daí, até criou uma conta no Instagram para me agradecer.”
A história é uma das várias que Marcos tem presenciado desde que começou a andar pelas ruas a fotografar animais e tutores. A ideia surgiu em maio e foi um sucesso imediato nas redes sociais, sobretudo no Instagram e no TikTok, onde já reúne milhares de visualizações.
“Eu era uma pessoa muito tímida e introvertida. Então, decidi criar um projeto para melhorar a minha ansiedade em público”, explica. No início de ano começou a fotografar pessoas, mas em maio apostou nos animais, uma paixão que tem desde pequeno. Nos tempos livres, agarra na câmara e vai caminhar pela cidade à procura de modelos de quatro patas.
View this post on Instagram
A paixão pelos animais e a conexão com as pessoas
Tudo o que sabe sobre fotografia aprendeu sozinho e através do YouTube. Aos 15 anos, recebeu a primeira câmara como presente de Natal dos pais e, desde então, começou a eternizar todos os momentos que conseguia.
“Não eram muito bonitas no início, mas tentei sempre melhorar”, confessa Marcos. “O interesse foi crescendo. Comecei a tirar fotografias de paisagens, de animais e depois de pessoas.”
O jovem é natural de Arouca, em Aveiro, mas aos sete anos emigrou com a família para França. Aos 18, quando regressou, foi viver para Vila Real. Atualmente, encontra-se no último ano do curso de Medicina Veterinária, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
A paixão pelos animais é algo que sempre esteve presente e quando chegou a altura de decidir o futuro, não houve dúvidas. “Desde os meus três anos, já brincava com formigas, insetos e já estava junto a cães grandes. Tinha um Pastor-alemão.”
Com o novo projeto, costuma ir para a rua duas vezes por semana. Em cada um dos dias, conhece e retrata imagens de cerca de 14 animais. “Depois, publico ao longo dos dias todas as interações”, aponta. “Já estou mais à vontade tanto com os tutores, como com os animais.”
Até à data, o jovem conseguiu fotografar todos os animais e tutores que abordou, e nunca recebeu um “não” como resposta. “O que mais gosto é de criar uma ligação com as pessoas e saber mais sobre os animais”, sublinha. “Por vezes vemo-los na rua, mas não conhecemos a história e podem ser muito comoventes, tristes ou até felizes.”
Carregue na galeria para conhecer alguns animais que Marcos já fotografou.