Max podia ser apenas mais um cão relegado para os fundos de um quintal, acorrentado e com uma vida miserável, e sobre o qual a maioria de nós nunca iria ouvir falar. Mas o seu resgate, por parte do núcleo dos Açores do grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA), mudou tudo. Depois de uma existência em sofrimento, este doce patudo ganhou um nome, engordou, adora passear e estar com pessoas e outros animais. Até parece que sorri, agora que sabe que o futuro só pode ser risonho. E é com essa expectativa que adormece à noite, enquanto a sua família definitiva não chega.
Foi há pouco mais de uma semana que Max foi salvo da vida que levava. Numa publicação feita nas suas redes sociais a 30 de abril, o IRA dizia ter recebido uma denúncia para um cão sem comida nem água, acorrentado num quintal de uma habitação na Povoação – uma vila na Ilha de São Miguel. A foto era chocante: um patudo, pele e osso, que implora por ajuda com o olhar.
O IRA – que tem delegação em São Miguel – deslocou-se de imediato com uma equipa para o local, onde iniciou diligências para o resgate imediato, devido ao seu estado. E foi mesmo rápido. Numa segunda publicação, a partilha era de um vídeo já com o cão a receber cuidados veterinários e a devorar o paté que lhe é colocado – por duas vezes – numa taça.
Max precisa de um lar
Agora, as notícias não poderiam ser melhores. O bonito e carinhoso cão está a recuperar bem e a adorar a nova vida. “O Max, resgatado na Povoação – Açores, já anda nos banhos de sol. Adora passear ao ritmo dele, adora conviver com outras pessoas e animais, é muito meigo e tranquilo. Ainda está muito magro, mas nada comparado com o esqueleto que era quando foi resgatado”, escreveu o IRA no Instagram, a dar conta da evolução do patudo.
“Se procura um amigo de quatro patas, o Max é uma ótima escolha. Se não puder adotar ou acolher temporariamente, partilhe”, apela o grupo de intervenção, que tem conseguido boas famílias para os animais que tem sucessivamente resgatado de péssimas condições.
Pelo Max e por muitos outros
No passado dia 2 de maio, o IRA lembrava isso mesmo. “Com delegações em Lisboa, Porto e Açores, o nosso trabalho em defesa do bem-estar animal mantém-se 24h por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Com os objetivos de nos estendermos ao Algarve, implementar a ambulância animal no distrito do Porto e ainda apresentar a quinta pedagógica e o autocarro hospital móvel, seguimos convosco lado-a-lado”, sublinhou o IRA numa publicação com uma série de fotos dos últimos animais resgatados e recordando os projetos que estão ainda em curso.
Uns dias depois, a 6 de maio, o presidente do IRA, Tomás Pires, homenageou a cadela que deu origem a este grupo de resgate. “Faz hoje cinco anos que me despedi da Kira. Três anos depois de ter sido resgatada, deixou um vazio e silêncio profundos. Mas mais do que um vazio e silêncio profundos, fez-me prometer-te que a defesa animal teria de ser diferente. A KIRA foi o primeiro resgate, levando-me a criar o IRA que todos conhecem hoje”, desabafou numa mensagem sentida com a foto de Kira quando foi salva de uma vida de maus-tratos e com a sarna a atormentar-lhe o corpo. “A ti, muitos te agradecem. Eu inclusive. Até ao nosso reencontro”, rematou.
Desde 2016 que o IRA tem resgatado muitos animais em condições miseráveis. Nestes anos de atuação, o grupo já realizou inúmeras intervenções em incêndios e cheias, centenas de resgates, ações sociais de ajuda aos sem-abrigo, apoio na Ucrânia e Turquia, e ajuda com donativos em géneros a famílias carenciadas. Percorra a galeria para ver alguns dos resgates do IRA no último ano e meio e conhecer Kira, a cadelinha que deu origem ao grupo.