A crueldade para com os animais não é um exclusivo do nosso país. Acontece em todo o mundo. Mas, por cá, sucede quase diariamente – e nunca deixa de nos chocar. Na semana passada, em Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, uma cadelita foi atirada para o lixo. Felizmente, foi salva antes de lhe acontecer algo pior.
Chama-se Mel desde que nasceu, há cerca de sete meses. Está chipada, o que faria prever que tem uma família responsável. Mas não. A sua tutora decidiu que não a queria mais e, inexplicavelmente, colocou-a no lixo. Isso mesmo. A Mel foi encontrada no dia 7 de março dentro de um contentor do lixo, em plena vila de Arcos de Valdevez.
Daniela Sousa, de 22 anos, não conseguiu ficar indiferente assim que soube do sucedido. Moradora na zona e amante dos animais, prontificou-se a ficar responsável por ela e a tentar apurar responsabilidades. “Não consigo ficar indiferente perante situações destas. Tenho uma paixão enorme por animais. Neste momento tenho três cães e três gatinhos”, conta à PiT.
“A Mel, além de ter microchip, não apresenta quaisquer sinais de maus-tratos. Foi colocada no lixo, com coleira e trela, como se de um objeto se tratasse”, diz Daniela. Nem o facto de poder ser descoberta, através do registo do chip, impediu a sua tutora de cometer tal crueldade.
E rapidamente se chegou a ela. “A suposta responsável pela Mel, depois de confrontada com toda a situação, acabou por admitir que tinha sido ela mesma a colocá-la dentro do contentor. Admitiu que deixou um animal ali, abandonado, no meio do lixo, sem um pingo de consciência”, sublinha Daniela.

“Infelizmente este caso, que devia ter sido denunciado às autoridades de imediato pela entidade que esteve responsável pela ocorrência, não o foi, mas eu própria me certificarei de que existirá uma queixa contra a pessoa que fez isto”, acrescenta a sua nova protetora.
Daniela conta que já foi feita uma transmissão de titularidade. “A Mel está neste momento comigo até encontrar uma família que esteja disposta a dar-lhe todo o amor e carinho que merece. Tem cerca de sete meses e será entregue à nova família desparasitada, vacinada e esterilizada”, diz.
De momento, já há uma família do Porto interessada nesta patuda de olhos doces, “mas ainda não está nada definido”, explica Daniela, que está a fazer um estágio profissional numa empresa que presta serviços de consultoria de marketing.
Em relação à queixa que já apresentou, não tem grandes esperanças, dados os recentes exemplos de absolvição de indivíduos que maltrataram animais – pelo facto de a lei existente, de 2014, estar a ser considerada institucional por alguns juízes. Essa mesma lei está mesmo em perigo de vir a cair.
“Acho completamente incompreensível o que está a acontecer com a lei”, aponta Daniela à PiT. “Muito sinceramente, não acho que a pessoa que fez isto vá sofrer as consequências que merece, mas ainda tenho esperança que alguma coisa seja feita”. Pela Mel e por tantos outros patudos maltratados, todos os amantes de animais esperam que sim. A boa notícia, neste caso, é que a Mel está a caminho de um resto de vida muito feliz.
Percorra a galeria para conhecer esta cadelinha de olhos doces e muito carinhosa.