Família

Mia foi refém do Hamas durante 53 dias. Mesmo em cativeiro nunca largou a sua cadela

A adolescente escondeu Bella debaixo da roupa quando foi raptada, a 7 de outubro. A patuda ajudou-a a superar os piores momentos.
Sempre juntas.

Quando Mia Leimberg, uma israelita com 17 anos, acordou no passado dia 7 de outubro, estava longe de imaginar o terror por que iria passar. Foi nesse dia que o grupo terrorista Hamas matou centenas de participantes num festival de música que decorria numa zona próxima da Faixa de Gaza, tendo também assassinado outras centenas de vários kibbutz (comunidades agrícolas) das redondezas. Mas o grupo também levou consigo mais de 200 pessoas como reféns – para mais tarde poder negociar a sua libertação em troca de prisioneiros palestinianos nas cadeias israelitas. Entre esses reféns estava Mia, que foi raptada do kibbutz Nir Yitzhak juntamente com a sua mãe Gabriela e a sua tia Clara Marman.

O que ninguém sabia é que Mia conseguiu esconder a sua cadelinha Bella por baixo da roupa que tinha vestida. E agora que teve a felicidade de estar entre os reféns libertados, o mistério foi resolvido. O pai de Mia tinha procurado incansavelmente pela cadela, na esperança de ser uma boa ajuda para a filha quando – se – esta fosse libertada. E afinal Bella esteve sempre junto da sua dona nos quase dois meses de cativeiro.

Mia, a sua mãe e a tia estavam no grupo de reféns libertados pelo Hamas a 28 de novembro, no âmbito de uma pausa de sete dias nos combates entre Israel e o grupo terrorista que serviu para levar ajuda humanitária a Gaza e para a entrega de reféns a Israel em troca de prisioneiros palestinianos. Nesta pausa, 105 reféns foram libertados da Faixa de Gaza, entre os quais 80 israelitas (havia reféns de outras nacionalidades ou com dupla nacionalidade), em troca de 240 palestinianos que estavam nas cadeias de Israel. Ficaram ainda, segundo Israel, 138 reféns em cativeiro.

Mia conseguiu manter a cadela consigo

Durante e depois dos ataques do Hamas a 7 de outubro, o grupo divulgou vídeos dos massacres e também dos raptos. Num desses vídeos via-se Mia e a sua mãe a serem levadas do kibbutz – onde tinham ido visitar familiares – na parte traseira de uma carrinha branca, com dois homens armados junto delas.

O pai de Mia, Moshe, procurou por Bella no dia seguinte ao massacre – o Hamas assassinou mais de 1.200 pessoas, sobretudo civis – mas não conseguiu encontrar a Shih Tzu. A sua esperança era que a cadelinha pudesse confortar a sua filha quando ela finalmente regressasse a casa, contou ao jornal “Israel Hayom”.

Agora sabe-se o que aconteceu. Mia conseguiu esconder Bella debaixo da roupa, sem que os seus captores dessem por isso. O facto de a cadela ser muito tranquila e não ter ladrado, também por medo, ajudou a que não fosse descoberta. Só mais tarde, já nos túneis – antes de serem colocadas numa casa -, é que se aperceberam da cadela, mas acederam a que ficasse com a sua jovem dona – dentro de uma gaiola para pássaros. Alguns observadores consideram que os captores terão decidido não matar Bella como forma de propaganda, para parecerem mais “humanos”.

O apoio moral e o conforto que Bella deu a Mia

Mia contou ao canal público israelita Kan que Bella a ajudou com “apoio moral”. “Ela foi uma enorme ajuda para mim. Manteve-me ativa”, disse a adolescente. “Durante o cativeiro, dávamos-lhe os restos da nossa comida”, explicou, citada pelo “Times of Israel”. Mia sublinha ainda que Bella a confortou, nunca ladrando e ficando sempre encostada a ela para os abracinhos que lhe sabiam tão bem.

Os captores não repararam em Bella, mesmo quando ordenaram aos reféns para seguirem por um túnel. Só quando viram a cadela a passear-se é que perceberam que não se tratava de um boneco de Mia. Segundo a adolescente, os elementos do Hamas ainda discutiram um bocado sobre o destino a dar à cadela até decidirem que poderia continuar com a dona. E foi então que levaram uma gaiola de pássaro para a manter lá dentro. Mia tem a certeza que foi o facto de Bella ter um temperamento calmo e não significar um incómodo que permitiu esta decisão.

“Amo-te daqui até Gaza. Ida e volta”, diz Mia a Bella

Agora que estão de regresso a Israel, o pior já passou. Fisicamente estão bem, mas aquilo por que passaram deixou marcas. Resta o tempo para ajudar a atenuar a memória de uma experiência tão aterradora. Mia já regressou à escola, em Jerusalém, onde foi recebida em euforia.

O pai de Mia diz que a determinação da filha em proteger Bella também foi uma ajuda para que regressasse a casa sã e salva. “Uma das expressões que ela agora usa com a cadela é ‘Amo-te daqui até Gaza. Ida e volta’”, contou Moshe, citado pela “CBS News”.

Para outros reféns que também foram libertados durante esta trégua de sete dias, o reencontro com os seus animais de companhia tem também ajudado muito ao regresso à normalidade. Foi o que aconteceu a três irmãos igualmente libertados nesta altura e cujo cão Rodney os recebeu com muita alegria e amor.

Percorra a galeria e veja algumas fotos de Mia Leimberg e da sua Bella, que tem cinco anos.

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