Família

Mónica estudou comunicação animal para tratar dos seus. Hoje, ajuda dezenas

É através de terapias complementares, como reiki e florais, que faz o acompanhamento de vários animais que precisam de ajuda.
Eles fazem parte de si.

Não é segredo que o universo das terapias complementares é repleto de ceticismo — ainda mais quando destinada aos animais. Há quem não acredite nos resultados e Portugal é um dos países onde as práticas ainda estão a ser “desbravadas”. Pelo menos, é assim que Mónica da Cunha Teixeira, 51 anos, descreve o trabalho que desenvolve atualmente através da Padápet, o projeto criado oficialmente em 2017.

Mafalda Sofia, a Rottweiler com nome de gente, foi a responsável por inspirar a iniciativa pensada pela reikiana natural de Vila Nova de Gaia, no Distrito do Porto, e que surgiu de repente. O próprio nome denuncia: Páda significa “caminho” e é a junção de tudo que Mónica viveu ao lado dos seus companheiros de quatro patas.

“Tirei o curso de comunicação animal para ajudar os meus animais, não estava nada à espera disso”, confessa à PiT. “Foram coisinhas que foram somando, um caminho que foi sendo percorrido e eu e uma amiga que fez o logótipo achámos que era ideal”. A primeira a aproveitar as técnicas da tutora foi Mafalda Sofia que foi diagnosticada muito cedo com uma displasia da anca.

“Ela foi operada e a cicatriz teimava em todos os meses abrir. Formava-se um meio ovo, uma pele muito fina, rebentava e ficava em carne viva”, recorda. Na altura, tomava antibióticos, injeções e ia constantemente ao veterinário. Já adulta, chegou mesmo a viajar até Barcelona, em Espanha, para fazer análises e ver se tinha a sorte de descobrir o motivo pela qual a ferida continuava a abrir. Mas sem sucesso. Até que uma vizinha deu-lhe uma sugestão.

Mónica já tinha experiência em Reiki para humanos — a terapia tibetana cujo principal objetivo é revitalizar a energia geral de um indivíduo. Como sabia das crenças na prática, a vizinha sugeriu-lhe que encontrasse alguém que fizesse sessões na companheira de quatro patas para tentar acabar com o sofrimento.

“Ela começou a fazer sessões, comprei-lhe um antibiótico e um anti-inflamatório naturais indicados pela médica e comecei a dar-lhe. Aquilo fechou definitivamente”, partilha. “Não foi num estalar dos dedos, mas fechou”.

Anos mais tarde, já velhota, Mafalda foi diagnosticada com um tumor no baço. Desta vez, Mónica decidiu que além da medicina, desde o início iria optar também pelas terapias integrativas, como acupuntura e ozonoterapia. “Foi através de uma veterinária que me meti nessas andanças porque ela achava que eu tinha jeito e que era capaz de ter aptidão para ser outras valências além de ser só tutora”, diz.

Mafalda Sofia.

Em 2017, tirou a primeira formação em Comunicação Animal e desde então, tem expandido. Hoje, com a Pádapet, oferece serviços de doula (acompanhamento de animais em fase terminal), reiki, radiestesia, florais, massagem terapêutica e terapia integrativa interespécies. Pode conhecer o significado de cada um deles através do site do projeto.

Os florais e a comunicação animal são os mais procurados

Depois da morte de Mafalda Sofia, Mónica partilha que ficou mais de seis meses sem ter um animal de companhia. “Foi muito complicado. Tinha uma ligação muito forte com esta cadela até porque ela acompanhou a minha separação e tornou-se muito protetora. Tínhamos mesmo uma excelente relação”, conta-nos.

Houve um dia porém, que ao olhar para os cantos da casa sentiu que ali faltava algo. “Estava muito vazia, como um jardim sem flores”, recorda. A partir daí, nunca mais esteve sem um patudo. Os primeiros foram um casal de gatas fêmeas que acabaram por morrer aos dois anos após desenvolverem problemas de saúde graves por causa da FeLV (leucemia felina). Agora, é ao lado dos felinos Vasco Casimiro e Joana Etelvina, com quase sete anos, que partilha a paixão pelos animais.

No seu dia a dia de trabalho, são vários os clientes que entram em contacto consigo à procura dos seus serviços, sendo a comunicação animal e os florais os mais requisitados.

“As pessoas levam um pouco a comunicação animal aspara a parte da educação e treino canino mas não tem nada a ver”, frisa. “Esta é basicamente ter uma conversa. Posso conseguir por palavras, cheiro, sensações… é uma coisa telepática que todos nós em criança conseguimos fazer. Temos uma glândula na cabeça que é a pineal em que com o crescimento, a partir da altura da pré-escola, ela começa a ficar calcificada porque a sociedade assim o exige. Não nos deixa fazer os teatrinhos nem ser criativos, tem de ser tudo muito certinho porque é o que a escola manda, é o BAB”, explica.

Com o passar dos anos, a reikiana explica que “se perde a capacidade de comunicar com a natureza”. “Eu não sou diferente de ninguém, todos nós temos esta possibilidade”, refere. “Mas claro, ao fazer o curso e as formações, temos ferramentas, protocolos que nos dão para ser mais fácil de abrir a comunicação”.

 

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Mónica refere que os animais tendem a espelhar os sentimentos dos tutores. “Por norma, é quando as coisas estão menos bem que vêm ter connosco”, aponta. Através de uma conversa inicial, coloca questões aos donos mediante ao tema em questão, sem fugir, em momento algum, deste.

“Nunca devemos fazer uma comunicação com um animal sem o tutor saber”, diz. “Imagina que a pessoa é cética e depois não quer ouvir o recado. É muito complicado porque ficamos mal com o animal, pois não estamos a fazer a sua vontade de passar a mensagem ao tutor, e também com a pessoa que vai perguntar-nos quem somos para fazermos uma coisa dessas. Isto requer muita responsabilidade”.

Já os florais, uma terpia descoberta por Edward Bach, um médico inglês, e reconhecida pela ciência, procura trabalhar as emoções. “Somos como cascas de cebolas e desde a infância vamos recalcando sentimentos”, resume. A técnica é feita com o uso de um pêndulo para Mónica descobrir quais as emoções deverão ser tratadas.

“Tenho tido histórias muito bonitas, mas nada disso é um estalar dos dedos”, sublinha. “Não é como um anti-inflamatório que depois que a pessoa toma, passado meia hora, o braço ou o cotovelo deixa de doer. É um tratamento que tem o seu tempo mas tenho tido resultados belíssimos”.

Um deles é de uma cadela que tem acompanhado há mais de um ano. A patuda foi diagnosticada com um tumor e, além da medicina convencional, tem sido acompanhada por Mónica. “A tutora ainda ontem me dizia que a via praticamente morta e ela renasce milagrosamente e ela não sabe como”, conta. “Claro que não é só o reiki, a medicina faz o seu trabalho também. Uma coisa não exclui a outra, é um complemento”. 

Embora possa receber os clientes em casa, Mónica opta por fazer todas as consultas à distância. “Convém que eu esteja sossegada e sozinha, não tenha o animal a minha beira. É em minha casa que faço tudo”, partilha. “25 minutos já chegam para os animais, eles são muito mais sensitivos [do que os humanos]”.

Além disso, numa altura em que os maus tratos continuam a aumentar no País, Mónica frisa que as terapias complementares, especialmente o reiki e os florais, são “muito benéficas” para animais traumatizados. “O reiki ajuda a equilibrar, os florais tratam emoções”.

Caso tenha interesse em conhecer mais sobre o trabalho de terapias naturais ou até agendar uma consulta com Mónica, pode entrar em contacto através do Instagram, do contacto 917 399 296 ou o e-mail (padapet.terapias@nullgmail.com). Pode também ver alguns testemunhos de antigos clientes no site do projeto.

A seguir, carregue na galeria para conhecer Mónica e os seus animais.

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