Família

Morreu a Miúda. Depois de uma vida miserável, ainda teve um ano de amor

Resgatada há um ano pelo IRA, no concelho da Amadora, Cibelle mudou de nome e mudou de vida. Foi feliz no tempo que lhe restou.
A tristeza passou.

Há animais que vivem toda a sua vida num verdadeiro suplício. Acorrentados, fechados em espaços mínimos, a comerem mal – quando comem –, sem cuidados veterinários e, muitas vezes, a serem espancados. Miúda era um desses casos, já sem qualquer esperança de que a vida pudesse ser diferente. O amor salvou-a. Não o teve durante muito tempo, mas foi o suficiente para partir em paz.

Cibelle era o seu nome. Foi resgatada na Brandoa – concelho da Amadora, a 30 de dezembro de 2022, pelo grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA) com a ajuda de agentes da esquadra local da PSP e dos Bombeiros Voluntários de Camarate. Além dos cuidados veterinários imediatos, também lhe mudaram o nome – que isto de passar a ter uma vida digna exige que todo o passado fique para trás.

“Além de esquelética, vinha com buracos no corpo causados por mordeduras de ratazanas. Vinha com os membros todos inchados e feridos devido à ausência de passeios. Estava num pátio elevado, de onde não descia ou saía”, recorda o IRA numa publicação nas suas redes sociais.

Há um ano, quando a resgataram, os elementos do grupo explicaram qual era o seu estado: “unhas infetadas tão grandes que encaracolavam e perfuravam a sua carne; articulações tão doridas e inflamadas que ficar de pé era um suplício de dor; ouvidos com otites e entupidos de porcaria que a única coisa que ouvia era o seu latejar de dor; o corpo esquelético e coberto de feridas impediam-na de se deitar confortável, fosse em que posição fosse. E o pior de tudo, um ser tão meigo e amoroso ignorado pelos seus próprios donos, impedido de socializar e de conhecer a verdadeira felicidade. Adora cães, gatos, pessoas, cheirar, sentir o vento, viver…”. E viveu. Finalmente viveu.

Depois de retirada do local onde tentava todos os dias sobreviver, foi transportada para o hospital veterinário. E depois… o que mais se desejava para esta cadela tão meiga e sofrida aconteceu. “A Miúda foi adotada pela única pessoa capaz de lhe proporcionar tudo aquilo que ela queria e precisava. A Miúda teve a sorte, que nem os nossos olhos queriam acreditar, quando encontrou o Clemente”, diz o IRA.

“O Clemente transformou a Cibelle na Miúda, a sua Miúda. Onde ele fosse, ela estava com ele. Tivemos a sorte de morarem perto da nossa sede em Lisboa, podendo acompanhar a sua magnífica evolução”, conta o grupo de defesa animal na mesma publicação.

Mas a Miúda já não está entre nós. “Transformou-se num anjo. Fechou os olhos rodeada de pessoas que a amavam muito, que cuidaram e estimaram, repararam a sua vida e fizeram-na esquecer o seu passado”, escreveu o IRA. “Ao Clemente, o nosso respeito e muitíssimo obrigado. À Miúda, que agora olhes por ele como ele olhou por ti. Descansa em paz”, remata o post.

Percorra a galeria e conheça melhor a Miúda, que ainda soube o que era ser amada.

ver galeria

ÚLTIMOS ARTIGOS DA PiT