Liberdade. Foi essa a palavra que mais se ouviu desde a notícia da morte de Kiska. Há muito que vários ativistas lutavam para que soltassem a “orca mais solitária do mundo”, que já estava a desistir de viver. E acabaram por não chegar a tempo de o impedir.
Estima-se de que tivesse por volta de 47 anos, e viveu quase sempre em cativeiro. Foi capturada em outubro de 1979, com apenas três anos, das águas da Islândia, e levado para o parque Marineland, em Ontário, no Canadá. Foi lá que viu passar 26 orcas, das quais 20 acabaram por morrer, e onde passou os últimos 12 anos de vida sozinha no seu tanque.
“O governo foi avisado pelo Marineland que a orca Kiska morreu, no dia 9 de março de 2023. A autópsia foi realizada pelos profissionais do parque”, disse Brent Ross, porta-voz da Procuradoria-Geral de Ontário, num comunicado enviado por e-mail, citado pela agência “Reuters“.
“A equipa de bem-estar animal dos mamíferos marítimos fez de tudo para garantir o conforto da Kiska e sentimos com grande pesar a sua perda”, disse.
Ainda que seja estimado que as orcas possam viver entre 50 a 60 anos, a maior parte morre antes disso, por ser mantida em cativeiro. E já se sabia que o fim de Kiska estava para breve.

Já tinha perdido cinco crias, e foi depois da última morte que começou demonstrar diversos comportamentos depressivos. A orca, que já não tinha dentes, foi vista a boiar totalmente imóvel, a nadar em círculos e a ir contra as paredes.
As associações de defesa animal de tudo fizeram para libertar Kiska, não para o mundo selvagem, mas sim para um santuário, tendo chegado a circular uma petição que já contava com mais de 500 mil assinaturas.
Apesar de todo o esforço, não conseguiram contrariar a vontade da orca. Agora, a organização canadiana sem fins lucrativos Animal Justice pede para que seja uma investigação ao Marineland, para averiguar os cuidados que foram dados ao animal, durante o tempo em que lá viveu: “Estamos a apelar às autoridades locais para que divulguem os resultados da autópsia e que ajam sobre o Marineland, pelos maus-tratos ilegais que a Kiska sofreu nos últimos anos”, escreveu Camille Labchuk, advogada e diretora executiva, num e-mail, citado pelo jornal “Daily Hive Canada“.
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