“Um espaço de refúgio, construído com o máximo de respeito pela espécie canina” – assim é definido o Sobral da Patada, um projeto que une creche, hotel e treinos para cães, numa quinta de 10 hectares em Vila Nogueira de Azeitão, em Setúbal. O centro foi projetado em honra a Stark, o cão do fundador, que morreu em 2024.
Vitor Antunes, fundador do projeto, conta à PiT que o Sobral da Patada foi criado com o propósito de proporcionar aos cães um espaço físico onde podem ter “um escape”. “No meio natural podemos aumentar o bem estar deles e as capacidades de treino e socialização”, começa por explicar. “Aqui eles podem escavar, correr, subir para cima das árvores, em vez de ficarem confinados a espaços mais pequenos”, acrescenta.
Vitor defende ainda que o trabalho que faz com os cães ao ar livre permite garantir “três pilares: drenagem energética, estimulação cognitiva e socialização”. O treinador adianta ainda que “tendo esse escape diário, os cães têm mais equilíbrio e não apresentam em casa problemas comportamentais habituais”
O treinador explica que o serviço do Sobral da Patada “permite que os clientes deixem os cães quando querem”, pelo que todos os dias são diferentes. A pensar no conforto dos patudos, as boxes “têm 18 metros quadrados e são climatizadas”.
Atualmente, o espaço conta com dois operadores e um estagiário. “Podemos trabalhar à vontade e com segurança com cerca de 20 cães”, afirma. A clientela do Sobral da Patada é variada. “É muito heterogéneo. Temos desde cachorros com quatro meses até adultos com 12 anos. Cada cão tem uma formulação própria de equilíbrio. Há cães com necessidade de atividade elevada e há outros, como os braquicefálicos ou geriátricos, que tentamos reservar mais e respeitar as suas necessidades”.
Vitor explica que, graças ao vasto espaço verde, um dos objetivos do Sobral da Patada é que os cães não passem muito tempo nas boxes. “Durante o dia eles não passam tempo nenhum nas boxes“. Esta realidade, afirma o responsável, permite que os cães gastem energia e “quando chegam à noite, acabam por adormecer logo”. “Um dos comentários que recebemos é que é fantástico estar num espaço assim sem cães a ladrar constantemente, que é algo que acontece na maior parte dos hotéis – há aquele ladrar de stress. Aqui eles só vão para as boxes à noite e dormem que nem uns anjinhos”.
Os cães chegaram de forma inesperada
Nem sempre os cães fizeram parte da sua vida. “Já fiz muita coisa antes de ser treinador de cães”, conta Vitor Antunes. Passou por barman e por eletricista, e finalmente decidiu juntar-se à força aérea. “Dentro da especialidade de polícia aérea conheci a sub especialidade que me permitia trabalhar com os cães, e ganhei amor pela profissão”, conta.
Quando o contrato terminou, Vitor agarrou-se aos patudos. “Fiz dog sitting, passeei cães e trabalhei em alguns hotéis para cães, e percebi que os hotéis e as creches são necessários e que são bons complementos para dar continuidade aos treinos”, explica,
Com a experiência que conseguiu, o treinador abriu o seu primeiro projeto – a escola Unique Dog – que existiu durante 15 anos e que teve como inspiração Stark, o American Staffordshire Terrier de Vitor.
Em 2024, Stark morreu. “Ele era toda a essência da Unique Dog, e por isso senti a necessidade de começar algo do 0. Mudei o espaço, o nome, a imagem, tudo, e há alguns meses mudámo-nos para aqui”, conta o treinador. “Este espaço foi construído com carinho e respeito à imagem do Stark, e o objetivo sempre foi respeitar ao máximo a espécie“, afirma.
Uma escola a pensar nos cães
“Vindo de outras escolas, percebi o que é que estava a faltar e o que é que poderia fazer para ter mais satisfação dos cães, e precisamente por isso é que escolhi um espaço onde podem andar ao ar livre”, afirma Vitor.
O treinador conta que, para os treinos, recebem todos os cães, e “todos os tipos de problema”. “Também fazemos internato para certos cães”, acrescenta. Porém, na creche, não aceitam cães de raça potencialmente perigosa. “Não temos o curso de condutor dessas raças, e não temos as instalações que a lei requer”, clarifica.
Além dos serviços fundamentais do Sobral da Patada, a escola organiza eventos e iniciativas que unem tutores e patudos. “Fazemos “cãominhadas” e “doggy papers”. O objetivo é juntar os tutores e os cães para criarem vínculos. Também fazemos formações de primeiros socorros com a nossa médica veterinária, e algumas formações sobre comportamento”, conta o responsável.
“Acho que fui atrás daquilo que é o melhor para os cães”, afirma Vitor. O fundador conta que o feedback tem sido muito positivo, reconhecendo, porém, que nem todos os tutores gostam da mistura entre os seus cães e a terra. “Há quem não goste de que os cães andem aqui, porque eles sujam-se. Apesar de os higienizarmos sempre, não agradamos a todas as pessoas, mas agradamos de certeza a todos os cães”.
A estadia no hotel tem um valor de 16€ por dia, com descontos dependendo da quantidade de dias de estadia.
Percorra a galeria para conhecer o Sobral da Patada.