Família

Obra da ResGato em Oliveira de Azeméis precisa de si para continuar

Depois da morte do “avô da associação”, a ajuda é ainda mais necessária. Para os gatos e para Bobi, que perdeu o melhor amigo.
Um abrigo que aconchega.

Matilde Evangelista cresceu com um sonho: ter um abrigo para resgatar os gatos em risco, cuidando deles até estarem aptos para serem adotados por boas famílias. Com a ajuda do avô João, que lhe cedeu parte do terreno da propriedade onde vivia, em Oliveira de Azeméis – no distrito de Aveiro –, Matilde conseguiu dar asas o seu projeto, que viu ser concretizado em 2019. O sonho foi crescendo e em junho de 2020 era formalmente constituída a associação ResGato, à qual preside. Mas agora precisa, mais do que nunca, da solidariedade de todos.

Em todo este tempo de atuação, Matilde e as restantes voluntárias que se juntaram à ResGato conseguiram criar boas condições no abrigo e já ajudaram centenas de gatos, com uma média de 250 adoções por ano. No entanto, as despesas veterinárias estão sempre a aumentar e agora surge também a necessidade de cuidar de Bobi, o cão de João Evangelista – que morreu no no início do mês, aos 79 anos. Assim, além dos muitos felinos que a ResGato acolhe, também é preciso ajudar Bobi – o patudo do “avô da associação” –, que ficou sem o seu melhor amigo. E para que o projeto possa prosseguir sem ficar em apuros, é preciso o apoio de todos.

Perante as elevadas contas veterinárias por saldar – que ascendem a seis mil euros, repartidos por três clínicas – e com Bobi a precisar de ser acompanhado, as cuidadoras da Resgato pedem a ajuda de quem puder apoiá-las. “O Bobi e o senhor João eram inseparáveis. Dormiam juntos, iam juntos à pesca e para qualquer outro lugar. O senhor João jamais sairia de casa sem o seu Bobi, diz a ResGato numa publicação no Facebook, explicando que o patudo ficará sob os seus cuidados. “Conhecendo o senhor João como conhecemos, achámos que a melhor solução para o Bobi seria ficar a cargo da ResGato”.

Bobi é feliz onde sempre viveu

Atualmente com oito anos, Bobi sempre conheceu a mesma realidade – desde bebé. “Está habituado ao terreno gigante, onde corre feliz. O abrigo fica nesse mesmo terreno, ao qual nós vamos duas vezes ao dia, no mínimo, tendo o maior gosto em olhar por ele. Não ponderamos adoção porque sabemos que seria uma tremenda desilusão para o senhor João. Ele nunca nos falou no futuro do Bobi caso ele não pudesse tomar mais conta dele, mas consideramos que essa conversa nunca foi tida porque ele saberia, de certeza, que a sua neta iria pensar no melhor para o Bobi. E assim foi”, prossegue o post.

ResGato
João Evangelista com o seu Bobi ao colo.

“A nossa ideia será assumir guarda total do Bobi e passá-lo para o nosso nome. As voluntárias estão dispostas a passeá-lo, alimentá-lo, levar ao veterinário e proporcionar-lhe a melhor vida possível. O Bobi continuará assim, no mesmo lugar onde cresceu. Sem o seu humano, mas com novas humanas com garra e vontade de lhe proporcionar uma vida feliz”, sublinham as cuidadoras da ResGato.

E, para isso, contam com a ajuda dos portugueses solidários. “Fazemos esta publicação porque precisamos da vossa ajuda. Não temos cães a nosso cargo, só gatos. O Bobi irá precisar de ração (vamos optar por comprar sacos grandes) e de cuidados veterinários. Como sempre foi saudável o senhor João nunca o levou a um veterinário, pelo que precisamos de fazer tudo do zero. Castração, desparasitações, vacinação, boletim e até uma destartarizacao. Sabemos que é mais uma despesa contínua e mais um desafio para nós, mas temos noção também que alguém lá em cima estará imensamente orgulhoso e isso não tem preço. O Bobi é família”, remata a publicação, onde pode encontrar as formas de ajudar.

A chegada de Avelã à ResGato

Mas o patudo do avô da associação não será o único elemento canino na propriedade. No passado sábado, 9 de março, as cuidadoras da ResGato deram uma notícia que encantou os seus seguidores. “Hoje fomos ao Canil Intermunicipal da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria. Será que fomos entregar o Bobi? Nunca. Jamais. Fomos, sim, dar uma oportunidade a quem tanto precisa. Fomos mudar mais uma vida. Fomos acender mais uma centelha de esperança”, escreveram.

“Não queríamos que o Bobi deprimisse, e por isso, só víamos uma solução: dar-lhe uma companhia. Apenas queríamos uma cãopanheira para o Bobi. A única exigência era ‘ser o animal mais antigo do canil’. E assim foi. Trouxemos a Avelã. Estava no canil há mais de seis anos”, comunicou a associação. “Nunca olhámos a cores, idades ou outro tipo de características, apenas quisemos mudar a vida que há mais tempo esperava”.

Apesar das dificuldades financeiras, a opção foi a certa e justa para Bobi, que agora tem assim uma amiga com quem brincar a qualquer hora. “Para nós, a Avelã é perfeita e custa acreditar ter estado tanto tempo numa box sem nunca ser escolhida. Sempre foi muito bem tratada no canil. Aliás, todos são – contam com uma equipa fantástica, só lhes falta liberdade”.

“Já se fartou de correr, cheirar tudo e andar atrás de nós. Já se sente em casa. Um recomeço para a querida Avelã e um novo capítulo na vida do Bobi e da nossa. Estamos felizes, de coração cheio! Adotar é isto: mudar a vida de um ser sem olhar a mais nada. Adotem, sem exigências. Só com o coração”, apelam.

Além de Bobi e Avelã, todos os gatos do abrigo precisam da nossa solidariedade. “Tal como eles dependem de nós, também dependem de vocês e da vossa boa vontade. Mais uma vez, as contas não param e precisamos de vocês”, apela a associação de Oliveira de Azeméis.

Percorra a galeria e conheça alguns dos gatos para adoção, bem como João Evangelista e o seu Bobi – agora mais feliz com a sua amiga Avelã.

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