Os cães e os gatos são vistos por muitos como parte da família. Por isso, existem cada vez mais lugares onde os animais são bem-vindos, como hotéis, restaurantes, bares e transportes públicos. No entanto, no caso dos ginásios, continua a haver uma resistência invulgar para adotar esta tendência.
A maioria dos ginásios não foi pensada para receber animais de companhia, o que dificulta muito a vida dos donos na hora de treinar. Porém, existem algumas boas exceções em Lisboa. Por exemplo, Crossfit Black Edition, em Cascais, é um dos espaços de treino que se assumem orgulhosamente pet friendly.
“Algo que nos destaca dos ginásios convencionais é o sentimento de comunidade e a inclusão, daí todos os membros da família serem bem-vindos, até mesmo os de quatro patas”, dizem. E acrescentam: “Para alguns atletas poderem vir treinar têm de trazer o seu animal de estimação e podem fazê-lo. Temos um espaço perto da porta e longe do espaço de aulas, onde tanto o animal, como os nossos atletas, podem coexistir em segurança.”
Será boa ideia treinar com o animal?
Se perguntar a um tutor, claro que ele vai dizer que quer treinar sempre com o seu animal de companhia por perto. Mas ainda existem muitos portugueses, sobretudo os que não têm animais em casa, que não querem partilhar o seu espaço de treino com cães e gatos. Até porque podem sofrer de alergias.
À NiT a imunoalergologista Ana Mendes da sociedade portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), explica que há realmente uma probabilidade de desenvolvermos alergia a cães, por exemplo, quando treinamos ao pé destes animais.
“Especialmente se o indivíduo tiver uma condição alérgica pré-existente ou for geneticamente predisposto a alergias”, diz a especialista em alergologia. “As alergias a cães ocorrem quando o sistema imunológico identifica pelos, saliva ou urina de cães como substâncias nocivas e inicia uma reação alérgica”.
Os sintomas de uma alergia a cães podem variar de ligeiros a graves. Alguns dos sintomas mais comuns são espirros, pingo nariz, lacrimejo, comichão, erupções cutâneas tipo borbulha, eczema ou urticária. Existe ainda a possibilidade de desenvolver tosse, respiração ofegante, dificuldade em respirar ou aperto no peito. “Se sentir algum destes sintomas ao treinar no mesmo local que um cão, é essencial tomar medidas para reduzir a sua exposição ao alérgeno”.
Apesar de alarmante, não tem de ser um fator limitativo. Existem algumas medidas que podem ajudar a reduzir a exposição. “Utilizar máscara de proteção pode impedir a inalação de alérgenos durante o treino e evitar levar as mãos ao rosto, pois isso pode transferir alérgenos para os olhos, nariz e boca. A lavagem das mãos e rosto logo após o treino pode ajudar a remover quaisquer vestígios que possam ter entrado em contacto com a pele”.
“Os ginásios que queiram ser pet friendly podem sempre utilizar um filtro de ar HEPA, que captura pêlos de cachorro e outros alérgenos do ar, reduzindo a sua exposição”, adianta ainda a imunoalergologista. Desta forma, garantem que os restantes atletas não ficam em risco.
Se adora cães e gatos — ou é tutor de animais de companhia — e ficaria mais feliz em treinar num espaço em que pudesse conviver com eles, saiba que a NiT encontrou sete espaços de treino na Grande Lisboa que são pet-friendly. Carregue na galeria para os conhecer.