Seuk Kim “ganhou as asas a fazer o que amava”. Foi assim que a mulher anunciou a morte trágica do marido e piloto que dedicava o seu tempo livro a transportar e a salvar animais de situações de risco na sua aeronave 1986 Mooney M20J. No passado domingo, 24 de novembro, embarcou no seu último voo antes de sofrer um acidente nas montanhas de Catskill, em Nova Iorque. Deixou para trás a mulher, três filhos e uma vida dedicada à causa animal.
“Estou de coração partido. O meu marido, Seuk Kim, ganhou as asas de anjo a fazer o que amava”, começou por escrever a mulher, Anna Kang, no Facebook. “Transportava cães de resgate para Albany quando o acidente ocorreu. É o meu companheiro de vida, a minha alma gémea e pai dos meus filhos. Sinto falta dele e da sua personalidade brilhante. Por favor, rezem por ele e por nós. Sentiremos muito a sua falta.”
Kim transportava três animais, sendo que Lisa, a única cadela, não resistiu ao acidente. Os outros dois estão a recuperar. Whiskey, um cachorro mix de Labrador, foi encontrado na neve com duas pernas partidas. Está bem disposto e irá ser submetido a uma cirurgia. Já Pluto, um mix de Yorkshire com pouco mais de um ano, não teve qualquer ferimento grave.
“Há muito poucas pessoas como o Seuk neste mundo. Ele não tem segundas intenções. Nunca precisou de reconhecimento”, apontou Sydney Galley, uma piloto voluntária e amiga do homem de 49 anos à “Associated Press”. “Ele só queria ajudar.”
O voluntário dedicava todo o seu tempo livre ao transporte de animais. Muitos deles eram provenientes de abrigos sobrelotados ou estavam na lista de eutanásia. Kim era o responsável por os levar até outras associações do país ou até mesmo diretamente para as suas famílias.
O piloto também ajudava cães e gatos em situações de risco. O salvamento mais mediático em que participou foi o de Connie, a cadela que ficou mais de uma semana presa num contentor.
As causas do acidente ainda estão a ser investigadas. Peter Kusminsky, o comandante da polícia do condado de Greene, disse que a visibilidade era fraca no dia da tragédia e que Kim pediu permissão para alterar a sua altitude por causa da turbulência antes de o avião cair no fim da tarde daquele dia.
Sydney Galley, a amiga, acrescentou que a aeronave tinha sido comprada nos últimos meses e estava equipada com tecnologia para ajudar a localizá-la em caso de emergência. Ainda assim, as autoridades demoraram até cerca da meia-noite para encontrar o avião, que estava a alguns quilómetros da estrada mais próxima, apontou o comandante.
Desde que a mulher anunciou esta terça-feira, 26 de novembro, a morte do marido, foram angariados mais de 124 mil dólares americanos (117 mil euros, à taxa de câmbio atual) para pagar as despesas do funeral.
De seguida, carregue na galeria para recordar a vida e alguns resgates do piloto voluntário.