Família

Pó D’Arroz vive episódio traumático em viagem de metro: “Não tem vergonha?”

O cão levou com diversos comentários de um homem incomodado com a sua presença e ainda foi pisado: "Saltou e ganiu bastante"

“O senhor nem devia estar aqui. Não tem vergonha de trazer os animais para aqui? Não sabe que é proibido? Eles deviam estar a usar um açaime”. A forma como estas palavras terão escorregado da boca de um homem foi demasiado fácil para o seu verdadeiro significado. Mas não foi por isso que caíram bem a quem elas foram dirigidas, e João Molinar, tutor de Pó D’Arroz e Broa de Mel, está revoltado com o episódio que viveu numa viagem de metro.

Tudo aconteceu na passada terça-feira, 29 de agosto, em que, “depois de um longo passeio”, o lisboeta, de 33 anos, decidiu “apanhar o metro de volta a casa”. “Como ainda eram seis paragens, sentei-me com a Broa ao colo e o Pó ao meu lado, no chão. A carruagem estava vazia”, começou por descrever.

Com a Teckel no seu colo e o Weimaraner no chão, estavam reunidas as condições para uma viagem de metro como todas as outras. Isso até as portas se abrirem novamente para a entrada de “uma pessoa que, claramente, estava a ter um mau dia”.

“Na paragem seguinte, entrou um senhor que disse não conseguir passar ao lado do Pó. Por isso, sentei-me no banco ao lado e puxei-o para mais próximo de mim”, continuou João, que tem, juntamente com a mulher, uma conta no Instagram dedicada aos animais. Mesmo depois disto, o homem permaneceu estático, escolhendo “não andar, nem se sentar, apesar de a carruagem estar vazia”.

Já quando o metro arrancou, os “gritos” de Pó deram a entender de que algo de grave tinha acontecido: “Ele pisou-lhe a pata, acredito que com força, o que o levou a ganir bastante a saltar. Pedi-lhe para ter cuidado e que podia sentar-se numa das 40 cadeiras livres”. Nesse momento, todas as questões, obrigações, proibições escorregaram da boca do homem.

“Levantei-me e, sem responder, avancei cinco filas para a frente, onde me sentei noutra cadeira. Sempre com a Broa ao meu colo e o Pó de trela, no chão”. Nesse momento, outro grito levantou as orelhas de João, mas não o suficiente para ele virar a cabeça: “O cão mijou aqui”, terá exclamado o homem, segundo as palavras do tutor.

“Ao perceber que nem sequer me virei, continuou aos gritos. E, à medida que entravam pessoas, queixava-se de que cães são sujos e não podem andar nos transportes”. O dono dos cães não explicou como é que o episódio terminou, mas o que viveu antes de chegar ao seu destino foi suficiente para causar uma grande revolta.

“Sei que uma pessoa não faz um todo, mas não deixo de me perguntar se, mesmo com petições para se alterar a Constituição, uma manifestação com milhares de pessoas, centros comerciais que permitem cães, um dia internacional do cão, a mentalidade das pessoas mudou? O respeito pelos animais aumentou?”. Ainda que sejam ambas perguntas retóricas, João não deixa de expressar a sua opinião.

“Acredito que nunca vai mudar… Num mundo onde tomamos tudo por adquirido, roubamos, ocupamos e poluímos espaços e habitats que não nos pertencem, não toleramos a presença de seres vivos que nos dariam uma lição no que toca a respeito pelo planeta”, rematou.

O que diz a lei?

Pó D’Arroz não foi o único a ser intimidado durante uma viagem num transporte público português. Em junho, um gato bebé e a sua acompanhante foram expulsos de um comboio da CP, devido aos seus miados assustados, apesar de a lei dizer que podem circular livremente. O caso abanou o País e o felino acabou por ser adotado pouco tempo depois, tendo até escrito uma carta ao revisor a contar-lhe a boa nova. E o que diz a lei a respeito do cão de João Molinar?

De acordo com o exposto no site do Metropolitano de Lisboa, “é permitido o transporte de animais de companhia no Metro, salvo motivo atendível, designadamente perigosidade, o seu estado de saúde ou as suas condições de higiene”.

No que diz respeito à “perigosidade”, o site destaca as raças Cão de Fila Brasileiro, Dogue Argentino, Pitbull Terrier, Rottweiller, Staffordshire Terrier Americano, Staford Bull Terrier e Tosa Inu, como as “potencialmente perigosas”, não podendo “ser deslocadas em transporte público”. Sendo Pó um Weimaraner, não há qualquer impedimento, nesta matéria.

Está escrito ainda que os “os animais transportados deverão encontrar-se devidamente acompanhados e sujeitos a meios de contenção que não lhes permitam morder, causar danos ou prejuízos a pessoas, outros animais ou bens”. Desta forma, é “admitido o transporte de cães não encerrados desde que não ofereçam perigosidade” e que “estejam devidamente açaimados, contidos à trela curta e acompanhados do respetivo boletim de vacinas atualizado e da licença municipal”.

Carregue na galeria para ver algumas fotorgafias de Pó D’Arroz e Broa de Mel.

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