Depois de perder o seu companheiro Henry, o cão que recebeu em casa no início da pandemia, e de ver a tristeza da mãe e da irmã, o comediante norte-americano Pete Davidson, 29 anos, decidiu trazer uma nova alegria à família. Algo que não agradou muitas pessoas, especialmente as organizaçõoes da causa animal.
Uma semana depois da morte do cão, que tinha apenas dois anos, o comediante, que faz parte do elenco do programa “Saturday Night Live”, foi com a namorada, Chase Sui Wonders, a uma loja de animais em Nova Iorque, comprar um Cavapoo.
Quando as fotografias da sua visita à loja chegaram às redes sociais, houve poucas pessoas a congratular o novo membro da família. Em vez disso, surgiram milhares de críticas ao facto de Pete ter comprado um animal. Uma delas da organização não governamental People for the Ethical Treatment of Animals (PETA).
“É uma pena que Pete não tenha recorrido a um abrigo da cidade para adotar um rafeiro nascido na rua, porque um nova-iorquino com charme, personalidade e uma beleza pouco convencional teria sido o seu par perfeito“, começou por apontar Daphna Nachminovitch, vice-presidente do departamento de investigação de maus-tratos da organização, à revista “TMZ”.
Perante este comunicado, houve diversas pessoas a revoltarem-se contra o comediante. Mas este não ficou de braços cruzados. Em vez disso, decidiu deixar uma mensagem de voz à PETA, colocando a investigadora no local.
“Olá. O meu nome é Pete Davidson e esta mensagem é para Daphna, Obrigada por fazer comentários públicos sobre o facto de eu não ter adotado um cão”, começava o ficheiro de áudio a que a “TMZ” teve acesso. “Só para saber, eu sou bastante alérgico a cães, por isso tenho de ter uma raça específica”.
“Só não sou alérgico a Cavapoos e a esse tipo de cães. E a merda do cão da minha mãe, que tinha dois anos, morreu uma semana antes. Estávamos todos tão tristes que eu fui buscar o cão”, continuou com a explicação, aumentando tom agressivo de voz. “Por isso, por que não fazem uma pesquisa, antes de se porem a criar notícias de merda, apenas porque são uns uns cabrões chatos e secantes? Vão-se foder e chupem-me a pila”, disse, antes de desligar.
Esta reação rapidamente ficou viral nas redes sociais, e a PETA teve uma última palavra a dizer. “Se o Pete tivesse feito a sua pesquisa, saberia que não existem cães hipoalergénico e que cerca de um quarto dos cães que estão nos abrigos são de raça pura”, garantiu à “TMZ”.
Perante esta afirmação, Pete disse que não tinha conhecimento de que se podia “adotar um cão hipoalergénico específico” e que lhe foi dito que “não era opção e, se fosse, era rara”.
Quando caiu em si, já sem os ânimos aos saltos, o comediante foi capaz de dizer que “foi um mau uso de palavras”: “Não via a minha mãe e a minha irmã chorar desta forma há mais de 20 anos. Estava a tentar animar a minha família. Já estava zanagado pela loja me ter filmado sem autorização ou conhecimento. Depois, esta organização faz-nos uma crítica pública, deixando o nosso processo de luto ainda pior. Estou revoltado. Não devia ter dito aquilo, mas também não peço desculpa por me ter defendido e à minha família”.
Antes dessas declarações, a PETA já se tinha pronunciado quanto à morte de Henry, o cão da família: “Os nossos corações estão com a família de Pete, pela perda do seu cão, mas ele devia saber que não há desculpas para comprar um cão, quando há milhões nos abrigos, à espera de encontrar a sua verdadeira casa. Esperamos que ele faça o correto e que adote da próxima vez”, disse um responsável da organização .
“Se não houver criadores, não há raças”
Apesar de não ter acontecido em Portugal, não é só lá fora que as celebridades são criticadas por comprar animais em vez de os adotar. Ainda no início do ano, o apresentador Manuel Luís Goucha, 68 anos, foi criticado ao receber mais dois gatos Sphynx em casa. No entanto, a realidade não é tão simples quanto isso.
“Não compre, adote” é uma das frases mais utilizadas pelos defensores da causa animal. Com o número de abandonos a subir, a criação de cães de raça, por vezes, não é bem vista. Contudo, conforme Rodrigo Saraiva, criador de cães American Staffordshire Terrier e fundador da Lover’s House, disse à PiT, “se não houver criadores, não há raças: “E nós conseguimos controlar mais os cães que criamos”.
À PiT, o criador partilhou ainda que já foi buscar um cão ao canil e teve uma má experiência. “Nós não sabemos os traumas que os animais têm. O cão mordeu-me várias vezes e eu com a experiência enorme que tenho, não consegui controlá-lo e nem perceber o que se passava”, contou. “As pessoas irem buscar animais no canil é muito bonito e louvável, e os que os fazem lá chegar são uns filhas da mãe, para não dizer outra coisa. Mas, como criador, faço com que os meus não cheguem lá”.
Carregue na galeria para ver algumas fotografias de Pete Davidson e dos seus cães.