Ainda há, no nosso país, muitos tutores que consideram que um animal é um objeto e não um ser senciente, que tem sentimentos, sofre e sente dor – física e emocional. Por isso mesmo, sentem-se no direito de lhes bater com violência, mesmo em plena luz do dia, achando que nada lhes acontecerá. Mas, desta vez, um polícia assistiu a tudo e o agressor está detido.
Tudo aconteceu no domingo, 4 de agosto, na zona lisboeta de Alcântara. A brutalidade da agressão foi descrita pelo Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, numa publicação na sua página do Facebook, e conta com centenas de likes e elogios à forma como a polícia atuou, fazendo valer a lei que criminaliza os maus-tratos a animais de companhia, que está em vigor desde 2014.
“A 4.ª Divisão Policial, na freguesia de Alcântara, procedeu à detenção de um homem, por prática do crime de maus-tratos a animal de companhia”, informa a PSP, explicando como tudo se passou. “O polícia, quando se encontrava a passar junto a um estabelecimento comercial, apercebeu-se de dois indivíduos a passear os seus animais de companhia, sendo que um dos canídeos estava solto. No momento em que os canídeos se cruzaram, o canídeo solto tentou atacar o outro animal que se encontrava preso a uma trela e devidamente controlado pelo detentor. O proprietário do canídeo solto tentou evitar que este atacasse o outro animal, começando a agredi-lo, fazendo com que o próprio canídeo o mordesse”.
As cenas seguintes foram de grande violência. “O proprietário do animal desferiu vários pontapés e socos no animal, principalmente na zona da cabeça, chegando mesmo a agarrar o canídeo pelo pescoço, elevando-o e lançando-o contra o solo. As agressões só terminaram perante uma rápida intervenção do polícia que se encontrava próximo do local”, refere.
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PSP levou cão para Casa dos Animais de Lisboa e deteve o tutor
“Mesmo na presença do polícia, o indivíduo alegava que podia fazer o que quisesse, uma vez que o animal era sua propriedade, afirmando várias vezes que não estava a agredi-lo, mas sim a dar-lhe educação”, sublinha a PSP. “Perante o crime praticado, o indivíduo foi imediatamente detido, tendo recusado qualquer tipo de tratamento hospital”, acrescenta.
Segundo a PSP, o patudo foi recolhido pela Casa do Animais de Lisboa – nome atual do centro de recolha oficial de animais da capital –, salvaguardando-se assim o seu bem-estar. Quanto ao detido, “foi notificado para comparecer nos Serviços do Ministério Público, Instância Local Criminal de Lisboa, Secção de Pequena Criminalidade, tendo aquele Tribunal agendado julgamento para uma data posterior”.
Entre as reações à publicação da Polícia de Segurança Pública abundam os elogios pela forma como a situação foi tratada. “Parabéns pela vossa pronta atuação! Obrigada em nome de todos os animais maltratados”, “Os animais não podem andar soltos, se há uma desgraça é o animal que é abatido” e “PSP – Comando Metropolitano de Lisboa , excelente trabalho. Aproveito ainda para alertar para a necessidade de atuar contra os detentores que não levam os cães pela trela. Os cães não podem andar na rua sem trela. Essa prática tem de ser combatida. Continuação de bom trabalho” são alguns dos muitos comentários deixados pelos seguidores.
Além da obrigatoriedade de ter de levar o seu cão pela trela, não o deixando passear solto nem sozinho, a legislação portuguesa também obrigada a que cães, gatos e furões tenham identificação eletrónica. Percorra a galeria para saber mais sobre os procedimentos a ter com o registo do seu animal de companhia – e olhe que a coima pela falta de chip pode chegar aos 45 mil euros.