Há quem diga que são os animais que nos escolhem e no caso de Runna, não houve dúvidas. Em novembro passado, Adailton Roger decidiu partir num desafio de correr cem quilómetros em cinco dias (cerca de 20 por dia) e não imaginava que num dos dias ia ser acompanhado por um ser especial: uma cadela de rua.
Tudo começou em Vale do Amanhecer, o bairro onde vive em Brasília, no Brasil. Naquele dia, partiu para uma corrida de 27 quilómetros e pouco tempo depois, quando olhou para trás, apercebeu-se da presença da patuda. “Após correr cerca de um quilómetro, ela começou seguir-me”, recorda à PiT Adailton, 30 anos.
Determinado, o atleta continuou o exercício e a cadela também. Durante os 26 quilómetros seguintes, Runna, como foi posteriormente batizada em tom de brincadeira com a palavra “run” (correr, em português), continuou a acompanhar Adailton até a residência do corredor. “Após a corrida, por conta própria, ela começou a seguir-me até a minha casa e entrou”.
Adailton, que já tem outras duas cadelas, ofereceu-lhe água e comida, mas sem qualquer intenção de adotá-la. “Abri o portão algumas vezes pra ver se ela iria embora, mas não ia, queria ficar”, partilha. Poucas horas depois, o atleta, que acabou por criar um vínculo especial com a patuda, decidiu adotá-la oficialmente.
“Adotei-a porque gostei muito da personalidade dela e achei-a determinada por correr 26 quilómetros comigo, ainda mais no estado em que estava, muito magra e com o nariz magoado”, partilha.
Desde que chegou oficialmente à vida de Adailton, Runna não tem escondido a gratidão. “Ela é muito carinhosa, meiga, companheira e educada”, frisa à PiT o tutor. “Tem um olhar que encanta e uma postura muito bonita.”
Runna já se habituou à nova vida ao lado da nova família e das manas Sasha, uma Pitbull, e Lilica, uma Pinscher. “Inicialmente, a Sasha ficou com muito ciúmes, mas hoje elas já conseguem conviver juntas sempre com supervisão porque ainda é muito recente”, diz. “A mais ciumenta agora é a Runna”, conta o atleta, entre risos.
O gosto pela corrida surgiu em setembro passado, quando Adailton começou a dedicar-se aos treinos para completar o Teste de Aptidão Fisica (TAF), para conseguir integrar a polícia brasileira. “Comecei a levar a corrida a sério e correr com regularidade vindo a completar em 2024 distâncias de 21 e 42 quilómetros”, explica.
Atualmente, o desafio continua, mas Adailton já não corre sozinho. Sempre que possível, Runna junta-se ao novo “pai” — agora com um fisico completamente diferente e mais saudável do que quando foi encontrada — e adora cada segundo ao seu lado.
De seguida, carregue na galeria para saber mais sobre a nova vida de Runna.