Foram quatro anos à espera e alguns traumas pelo caminho, mas Sirius conseguiu ultrapassar o seu segundo maior desafio — o primeiro foi a esgana e o que se seguiu foi conseguir encontrar um lar definitivo. O cão que tem o nome da estrela mais brilhante do universo a olho nu vai finalmente fazer parte de uma constelação. Desta vez, na Margem Sul.
“Este menino merece”, diz à PiT Vanessa Cabral, a cuidadora do patudo nos últimos anos e dona da mãe de Sirius, a falecida Lyra. “Fico descansada porque tenho a certeza que ficou muitíssimo bem entregue”, acrescenta. No passado sábado, 14 de setembro, Vanessa foi de Coimbra até a Lisboa para levar o cão ao novo lar, situado na Margem Sul.
A nova tutora, que prefere ter a identidade reservada, conheceu a história do cão através de um artigo da PiT e não conseguiu ignorá-la. Se Sirius não encontrasse um lar até o final do mês de setembro, não teria para onde ir.

A história de Sirius remonta à pandemia de Covid-19, quando a mãe, Lyra, fugiu da casa onde vivia com os tutores em Coimbra. Devido às limitações da altura, Vanessa contou-nos que não tiveram sorte na sua busca. “Não havia sequer ninguém na rua para perguntar se tinha sido avistada”, recordou à PiT. Mas quis o destino que a patuda retornasse.
Dois meses mais tarde, Lyra voltou ao lar grávida de três bebés — e Sirius era um deles. Os donos da cadela encontraram um lar para um deles, mas não tiveram sorte com os outros dois. Sirius e a irmã Vega permanecerem no quintal da casa, à espera de encontrarem alguém que os pudesse acolher.
Os dois manos foram sempre bem tratados por Vanessa, mas apesar de terem nomes de estrelas, o universo não lhes foi muito favorável. O bairro onde viviam foi atingido por um surto de esgana e Lyra foi a única que escapou. Os dois irmãos, que na altura tinham apenas quatro meses, foram acompanhados por um veterinário, receberam soro e medicação endovenosa, mas a fêmea acabou por não sobreviver.
O macho, por sua vez, ficou com sequelas — não a nível motor, mas sim a nível cognitivo. “Ele não aprende e não compreende o que se lhe diz. Bloqueia ou foge quando lhe falamos um pouco mais alto, quando se assusta corre a direito, sem olhar ao que se lhe depara à frente, passa por cima de tudo”, explicou.
Os anos foram passando e Sirius ficou esquecido, sem uma família que o aceitasse acolher. Após a morte de Lyra, Vanessa continuou a cuidar do único sobrevivente e volvidos quatro anos, o cão vai finalmente ser feliz.
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