Quando Sophie e Illona se conheceram na Internet, em outubro de 2017, não estavam à procura da algo sério. As duas neerlandesas tinham acabado de sair dos antigos relacionamentos e não pretendiam dar início a um novo. Ainda assim, combinaram um encontro — e o resto é história. “Conhecemo-nos e sentimo-nos bem de imediato”, conta à PiT Sophie.
Hoje, passado sete anos, continuam a partilhar o mesmo amor que tinham antigamente, mas agora, num País diferente. No fim de 2022, Sophie, de 34 anos, e Illona, 36, apaixonaram por uma terra em Castelo Branco e sabiam que era ali que queriam construir um futuro. No ano seguinte, já em janeiro, mudaram-se para Portugal. E não vieram sozinhas.
Antes de organizarem a viagem, colocaram a quinta onde viviam nos Países Baixos à venda. A 5 de janeiro de 2023, enquanto Illona permaneceu na região a finalizar os últimos detalhes, Sophie embarcava num avião com uma amiga e os seus dois cães — Lena e Zorro — para Portugal. Três dos quatro gatos que tinham ficaram sob os cuidados do pai de Sophie, até conseguirem vir para o País com um amigo do casal.
Na altura, Sophie também trouxe uma autocaravana para viver no novo terreno em solo portugês. “Quando a quinta foi vendida, fiquei com os vizinhos durante dois dias enquanto os animais ainda viviam num lugar familiar”, explica Illona. “Com a ajuda deles, consegui colocar todos os outros animais no camião com partida para Portugal”.
Lá dentro, a família era grande: dois cavalos, três póneis, três ovelhas, três gansos, quatro coelhos, seis porquinhos-da-índia e cerca de 20 galinhas — todos preparados para uma nova vida em solo português. Durante a viagem, Illona contou com a companhia da irmã e de Harvey, o gato mais velho da família.

“Tínhamos o sonho de termos mais silêncio e contacto com a natureza”
Ambas sempre partilharam um amor infinito pelos animais — Illona descobriu a paixão aos seis anos, ao lado dos póneis, e Sophie sempre teve patudos em casa, entre gatos, coelhos, porquinhos da Índia e galinhas. Quando começaram a viver juntars seis meses depois de se terem conhecido, juntaram as famílias de quatro patas na casa de Sophie na cidade de Utrecht, nos Países Baixos.
“Gostávamos muito de viver ali, mas tínhamos o sonho de ter mais silêncio e mais contacto com a natureza”, partilha Illona. Menos de um ano depois de começarem a viver juntas, em fevereiro de 2019, começaram a pensar na possibilidade de comprar uma quinta no norte dos Países Baixos para que os cavalos que tinham na altura, Jerom e Cee, pudessem viver mais perto das tutoras. Em julho do mesmo ano, realizaram este sonho. E o amor pelos animais só cresceu.
Quando foram para o novo lar, levaram os gatos Harvey e Paco, alguns porquinhos da Índia e quatro cavalos. “Como havia muito espaço para os animais, já tínhamos decidido que queríamos adotar um cão”, recorda Sophie. Foi assim que o Zorro, um canídeo resgatado após ser encontrado na berma de uma auto-estrada em Espanha, chegou à família.
Ali, foram incrivelmente felizes, mesmo durante a pandemia do Covid-19. Illona trabalhava na área de administração e Sophie como professora de biologia e confessam que “não tiveram preocupações” com os ordenados. “Passávamos o nosso tempo livre com os animais e uma com a outra. Nessa altura, mais e mais animais juntaram-se a nós”, partilha.
Quando as restrições da pandemia diminuíram, Illona veio para Portugal pela primeira vez, em 2021, para visitar um amigo. E apaixonou-se de imediato pelo nosso País. “Consegui ver-me a viver cá com a Sophie e os nossos animais”, recorda. Quando voltou para casa, o entusiasmo era tanto, que Sophie não conseguiu ignorá-lo.
“A esta altura, já tínhamos descoberto que a vida na quinta nem sempre era romântica, por causa da enorme quantidade de chuva que caía e dos longos dias que tínhamos de trabalhar e depois, cuidar dos animais”, partilha Sophie. Em Portugal, sabiam que o clima não era tão mau, e começaram a planear a mudança.

“Queremos dar aos nossos animais a melhor vida possível, para que sejam tratados de forma justa”
O casal batiza todos os seus animais em conjunto. Devido ao elevado número, pode não parecer fácil, mas Sophie e Illona criaram um sistema para ajudar. “Para as galinhas, patos, coelhos, porquinhos-da-índia e gansos, escolhemos um tema de cada vez. Temos galinhas com nomes de estrelas pop, estrelas de cinema, séries de TV e filmes”, partilha.
Há uma galinha chamada Audrey Hepburn e um galo Clint Eastwood. “Também temos porquinhos-da-Índia com nomes de ‘O Rei Leão’. Para os nossos dois gatos, que adotámos depois de uma aluna minha os ter comprado sem a permissão dos pais, escolhemos os nomes Bonnie e Clyde. Eles são mesmo inseparáveis”, avança.
Illona acrescenta que as duas tentam também analisar a personalidade de cada um deles. Já aconteceu terem de mudar os nomes depois de alguns dias, porque aquele que escolheram não combinou com o animal. Já os seus três cães, todos adotados de associações, receberam novos nomes para “terem uma nova vida”.
A quinta em Portugal também tem um nome específico — e este veio do antigo lar nos Países Baixos. “Fair Life Ranch” (em português, uma vida digna) remete a todos os animais resgatados que acolhem.
“Queremos dar aos nossos animais a melhor vida possível, para que eles sejam tratados de forma justa”, explica Illona. “Concordámos que o nosso novo lar teria o mesmo nome. Além disso, temos uma outra propriedade que chamamos de The Farm, onde os animais da quinta vivem, e outro lado que chamamos de ‘The Ranch’, onde os cavalos ficam”, acrescenta.
Acolher vários animais, porém, nem sempre é uma alegria: constantemente têm de se despedir de alguns deles. As galinhas, por exemplo, são as que morrem com mais frequência porque são “criadas para não viverem muito” e acabam por desenvolver graves problemas de saúde. Ainda assim, a dupla não desiste de as ajudar.
“Acreditamos que os animais vêm até nós por uma razão. Eles encontram o nosso caminho”, frisa. “Cada uma das suas histórias é única. O que eles têm em comum é que, na nossa opinião, a vida deles melhorou quando vieram até nós, mesmo que não façamos tudo perfeitamente”.
No futuro, o casal quer abrir a quinta para receber visitas, oferecer atividades educacionais e recreativas em forma de campismo. “Gostaríamos de partilhar a nossa casa com os outros. Também queremos que as pessoas da nossa área queiram vir cá ajudar, relaxar e aproveitar os nossos animais”, partilha Illona.
Com todas as mudanças que já passaram, não se arrependem de nenhuma. Em Portugal, o que mais gostam é o clima e as pessoas. “É maravilhoso poder viver ao ar livre desta forma”, frisa. “Nos Países Baixos, só conseguíamos durante alguns meses, às vezes apenas algumas semanas. Aqui em Portugal chove, felizmente, mas não tanto quanto lá, onde os animais estavam frequentemente na lama”.
Sophie e Illona também querem aprimorar o português e caso o número de animais continue a crescer, querem conseguir donativos para os manter.
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