Família

Tejo, o cão que foi posto na rua, já tem uma família. E foi viver junto ao rio

Abandonado e desnorteado, com meio mundo a procurá-lo, Tejo foi encontrado e teve muitos candidatos. Já dorme numa casa só dele
Em casa.

A aventura de Tejo dava um livro. Vivia em Alcabideche, no concelho de Cascais, e foi posto na rua. Andou pela Amadora, Odivelas, Alfragide e Lisboa. Na noite do temporal meteu-se num comboio da Fertagus e saiu em Coina. O apelo correu as redes sociais e alguns dias depois chegava a boa nova: tinha sido apanhado na zona de Sesimbra. Muito andou o Tejo até ficar em segurança.

Depois disso, era hora de Rita Beleza – que desde que tinha visto um apelo sobre aquele cão triste na zona de Belém, em Lisboa, não mais o tinha tirado da cabeça – começar a analisar as candidaturas à adoção deste patudo que encantou muitos portugueses.

Nesta segunda-feira, 19 de dezembro, Rita dava a notícia: o Tejo já tinha uma família. A foto que acompanhava era a de um cão totalmente diferente: aninhado numa cama só dele, descontraído, numa casa a que pode chamar de sua.

“Isto enche sem dúvida o coração! É tão bom!”, comentou Rita Beleza à PiT, dizendo que este amigo de quatro patas foi viver para Alhandra, no concelho de Vila Franca de Xira. “O Tejo tinha que ficar junto ao Rio”, acrescentou esta protetora com um sorriso.

Rita conta que a lista de candidatos à adoção contava com 21 pessoas. A sua intuição fez uma “seleção natural” e diz que não se enganou. “Não podia ter ficado melhor”.

Quanto aos restantes 20 candidatos, o que Rita mais deseja é que não desistam de preencher a sua vida com um animal de companhia, pois há muitos outros Tejos na rua e em canis. “É tão gratificante que todos na vida deviamos saber o que é a sensação de termos no nosso seio familiar um cão ou um gato – pelo menos!”, sublinha.

A história de Tejo

Tejo – nome que lhe deu Rita – tinha razões para tanta desconfiança. Afinal de contas, o seu início de vida não foi feliz. Muito pelo contrário. Viveu em condições miseráveis para acabar depois por ser abandonado. Durante alguns meses, sobreviveu à lei das ruas.

André Ferreira, amigo de Rita, fotografou-o a 7 de dezembro na zona de Belém. Nesse mesmo dia, já perto da meia-noite, o cão apanhou o comboio da Fertagus na estação de Roma-Areeiro, talvez para se abrigar da tempestade que assolava Lisboa. Por essa altura já Rita o procurava. E o facto de ter ido parar à margem sul de Lisboa, onde não tinha quaisquer referências, era preocupante.

Foi nesta altura que a força da união nas redes sociais se fez sentir ainda com mais evidência. Os apelos de Rita Beleza e de muitas outras pessoas preocupadas com o destino deste cão foram rapidamente partilhados pela Internet, em especial no Facebook.

Tejo não parava de andar, o que dificultava a sua captura. Mas havia muitas pessoas atentas. No dia 12, Teresa Nobre localizou-o perto de um restaurante em Sesimbra. A partir dali, várias publicações partilhavam a sua suposta localização. E graças à residente, que seguiu o patudo desde que o viu, os voluntários sabiam onde procurar.

A meio da tarde, Rita Beleza e Marta Mourão já o tinham nos braços, pronto a ser levado até junto de Nuno Paixão, veterinário do Hospital VetCentral que se ofereceu de imediato para o ver. Felizmente estava tudo bem com ele. E agora Tejo tem uma casa e pode, finalmente, descansar.

Percorra a galeria para ver fotos do Tejo durante os dias de rua, que felizmente ficaram para trás, e aquando do seu resgate.

ver galeria

ÚLTIMOS ARTIGOS DA PiT