24 de fevereiro. Esse é o dia que marca uma das maiores mudanças que o povo ucraniano teve de enfrentar nos últimos tempos. Está quase a fazer um ano desde que milhares de pessoas tiveram de se despedir prematuramente dos seus familiares, da sua casa e da sua vida confortável. Veronika Krasevych foi uma delas.
Após um míssil russo ter destruído o apartamento onde vivia com a sua família, no quinto andar de um prédio, na cidade de Borodyanka, a miúda de 11 anos pensou apenas numa coisa: onde estava o seu gato, Masik.
Assim que se reuniram as condições seguras para Veronika ir com a sua mãe procurar pelo felino, a miúda vagueou pelas ruas, agora destruídas, de olhos bem abertos: “Queria ir alimentá-lo, mas acabei por ver muitos outros gatos. Senti-me mal por eles”, confessou a miúda ucraniana à agência Reuters.
Não deixou de pensar em Masik, mas focou-se temporariamente no bem-estar dos outros gatos, que, tal como ela, tinham ficado sem casa e sem amparo: “Procuro por gatos de rua, para ter a certeza de que têm comida. Até já sei onde vivem”.
Quando encontrou o seu gato, já ele se tinha habituado à vida dos outros companheiros vadios, e recusava-se a abandoná-los: “Queríamos levá-lo para casa, mas já não conseguimos. Ele não queria vir connosco”.
Não foi isto que impediu Veronika de continuar a ver Masik. Há um ano que o gato faz parte do núcleo de gatos que se reúne regularmente para ser alimentado pela miúda de 11 anos, junto a um parque infantil, perto da antiga casa da família.
Agora, Veronika e a sua mãe vivem a cerca de 20 minutos dos seus amigos felinos, enquanto o governo ucraniano não lhes arranja outro alojamento.
Depois de ter testemunhado os animais a “encolherem-se imenso, durante as explosões” dos misséis, algo que “nunca tinha visto”, e de ter sido obrigada a mudar de vida, Oksana Krasevych, mãe de Veronika, só quer o fim da guerra. E que acabe com um final feliz para o seu lado: “Esta guerra, esta liberação… Espero que ganhemos. Não vou chorar”, disse, agarrada à filha.
Veronika não é a única a ajudar os animais em cenários de guerra. Também Natalia Pasternak cuidava de mais de 100 gatos, em Kharkiv. Tal como a miúda, a cidadã ucraniana ficou sem casa e, para salvar os seus felinos, acabou por ajudar tantos outros.
Carregue na galeria para ver algumas fotografias dos animais abandonados na Ucrânia.