A imagem de cães abandonados pelas ruas, sem destino e sem saberem se nesse dia conseguem comer e beber, não é apenas uma imagem. É a realidade no nosso país. Apesar da existência de abrigos das associações, de centros de recolha municipais e de particulares que vão cuidado e acolhendo à medida das suas possibilidades, a verdade é que não há espaço para todos. As instalações vão ficando lotadas e muitos deles não conseguem um porto seguro. Os que estão sinalizados, sozinhos ou em matilhas, vão tendo o conforto e alimento de voluntários que todos os dias saem de casa de coração nas mãos, sem saberem se os seus protegidos de quatro patas ainda estarão vivos. E a vida vai seguindo a preto e branco para estes animais.
Thor era um desses cães. Recolhido a 5 de maio de 2021 em péssimo estado das ruas de Vila Meã – freguesia do concelho de Amarante, no distrito do Porto –, este patudo revelou-se um sobrevivente. Aquilo por que passou até esse dia só ele sabe. Mas não foi bom.
“Bem-vindo à família, Thor”, anunciava a 6 de maio desse ano a Associação Ajuda Animais em Amarante, localizada na freguesia de Cepelos. “Abandonado em Vila Meã, nem sabemos o tempo que este anjo leva neste estado miserável. Ninguém agiu até ontem, quando fomos alertados”, explicou então a associação.
O seu estado devia-se sobretudo à leishmaniose, que não é um bicho de sete cabeças se estiver controlada com medicação – o que não era o caso de Thor, nome que a associação lhe deu.
Nessa altura, Thor, que se calcula que teria cerca de três anos, começou a fazer o tratamento para a leishmaniose e a receber muito amor e cuidados. Aos poucos, tudo isso deu frutos. Dois meses depois, a 9 de julho de 2021, associação anunciava com grande alegria que o pequenote peludo tinha tido alta veterinária e. “Já está connosco. Nem imaginam a sua alegria quando chegou ao abrigo. Depois de tanto tempo, volta a brincar, correr e ser feliz! Mas desta vez em segurança, amado e cuidado”.
Dois anos depois, Thor – que é considerado o papá do abrigo por tomar conta de todos os bebés de quatro patas que ali dão entrada – está bem de saúde e continua à espera de um lar. É feliz com as suas protetoras, mas a sua realidade está prestes a mudar, o que deixa as voluntárias da associação uma vez mais com o coração nas mãos.
O que está neste momento em causa é a mudança de instalações, o que poderá abalar bastante este pequenote. “Agora, infelizmente, temos de sair do sítio onde estamos e parte-se-nos o coração levá-lo para um meio cheio de animais que ele não conhece, tirá-lo do meio dele. O melhor para ele seria ter uma casa”, explica à PiT um dos elementos da associação.
“O sítio que ele conheceu como a sua casa desde que o resgatámos vai deixar de existir. Temos de sair do nosso abrigo em Cepelos e conseguimos alojar todos os animais, menos o Thor”, lamenta a sua protetora.
Thor é um furacão de amor
Quando a associação fala deste patudo, todos os elogios são poucos. “É um cão pequeno, mas que entra na vida das pessoas e dos nossos voluntários como um furacão! Um furacão de amor, de doçura e de carinho. Está mortinho por se reformar num sofá fofinho e ter uma casa só para ele”.
A associação tem procurado ativamente soluções para o realojar, já que está prestes a mudar-se para Gondar. “Procuramos uma família que queira um cão calmo, pequeno, que adora andar a trela e tomar banho de rio. Escrevemos isto com lágrimas nos olhos, porque é nosso, porque o amamos, mas é incomportável levá-lo para um abrigo cheio de cães novos que ele não conhece… Vai entrar nas vossas vidas para as marcar para sempre. Isso é garantido”, afiançam.
“O Thor é um cão que está a ir para sénior, não é muito velho mas também não sabemos bem a idade. Já terá perto seis anos. Tem leishmaniose e é por isso que também achamos que esteve este tempo todo sem nunca ter sido adotado”, diz à PiT a sua protetora de Amarante. “Mas nós fizemos o tratamento à leishmaniose e ele está ótimo. Toma a medicação diária, que é barata, e precisava agora quem cuidasse dele para sempre”, apela.
O papá Thor espera por si
Aquele que foi o paizão de tantos está prestes a ver-se sem a família de quatro patas que sempre conheceu e isso vai ser muito duro para ele. O seu maior milagre de amor seria que alguém se apaixonasse e lhe oferecesse o conforto de um lar. “O Thor foi pai mais vezes que as que possam imaginar. Não dos filhos dele, mas de todos os bebés que ao longo dos anos foram passando pelo abrigo”, vinca a associação. Não estará na hora de alguém lhe retribuir com um especial afeto familiar?
Este pequenote é roliço, mas tem motivos para isso. “É um papá emprestado e gorducho porque aproveita para comer ração júnior super nutritiva”, conta a sua protetora com uma gargalhada.
De porte pequeno – a associação descreve-o como sendo de ‘porte sofá’ –, está vacinado, castrado e com microchip. Só lhe falta mesmo uma casinha. Estará desse lado?
Percorra a galeria para ver a evolução do lindo e meigo Thor nestes dois anos em que recebeu muito amor e cuidados na Associação Ajuda Animais em Amarante, que está registada na PiTmatch, a plataforma de adoção responsável da PiT.