Quando Ana Plácido contou aos amigos e familiares que pensava vender a casa e despedir-se do trabalho, sem nenhum plano B, chamaram-lhe louca. A jovem de 29 anos tinha, porém, um objetivo claro: concretizar um sonho antigo com o marido, Renato.
“Estavam com medo da nossa aventura, disseram que nos íamos arrepender”, conta. O casal ansiava “fugir de Lisboa” e começar uma nova vida no campo. Esta vontade de deixar para trás a cidade onde se conheceram e trabalharam nos últimos 10 anos surgiu com mais força na altura da pandemia.
“Vivíamos num apartamento sem varanda, era caótico. Chegou a uma altura que percebemos que estávamos a ficar cansados e eu disse: vamos vender tudo e procurar uma casa no meio do mato”, confessa.
Na altura, disse-o apenas “da boca para fora”, mas nunca mais se esqueceu desta ideia — e quanto mais pensava nela, mais tinha vontade de a concretizar. Já andava a sonhar com uma quinta cheia de animais no Ribatejo, onde pudessem receber pessoas, quando decidiu colocar a casa à venda, no início de 2022. Dois meses depois, muito antes do que estavam à espera, já estava vendida.
Durante esse período, aproveitaram para comprar uma carrinha (por cerca de 3.000€), que transformaram numa espécie de casa sobre rodas onde pudessem dormir, caso não conseguissem arranjar logo uma nova morada. Compraram os materiais necessários e dedicaram grande parte do tempo livre a remodelar a Deolinda, como lhe chamaram. Instalaram uma cama e um frigorífico e foram fazendo pequenas viagens com ela.
Depois de “correrem muitas terras” e de visitarem muitas casas, encontraram uma quinta no Ribatejo, no concelho de Constância, que lhes deixou “o coração a bater de forma diferente”. Mudaram-se em março de 2022, altura em que Ana se despediu do trabalho numa instituição que ajudava pessoas com deficiência para se dedicar a 100 por cento na recuperação da propriedade com meio hectare.
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“Há uns anos comecei a interessar-me pelas terapias alternativas e pelos retiros, a ajudar as pessoas a conectarem-se com elas próprias e decidi que queria fazê-lo na nossa quinta”, revela.
Ana começou a organizar workshops de desenvolvimento pessoal com vários parceiros e, ao mesmo tempo, cuidava da quinta, dos animais e da horta acabada de criar. “Sou uma pessoa da cidade, por isso, não tinha muitos conhecimentos nesta área. Aprendi sozinha, mas os vizinhos também nos ensinam muito”, confessa.
No meio de tudo isto, a vontade de receber pessoas de todo o País ainda perdurava — e decidiu que estava na altura de abrir as portas de uma das casas. A Quinta da Fé transformou-se assim num alojamento local no meio do campo, num ambiente intimista — começaram a receber hóspedes no mês de junho.
Com um quarto com uma cama de casal e um sofá-cama na área de estar, a casa acomoda confortavelmente uma família de quatro pessoas. No exterior, o casal decidiu criar ali uma esplanada para refeições ao ar livre.
A propriedade tem ainda uma pequena piscina e um trampolim para os mais novos, mas os protagonistas do espaço são os animais: ali vivem cerca de 30 patos, galinhas e até cabras anãs. “Quando há miúdos costumo levá-los a tratar dos animais, levam os ovos para o pequeno-almoço e aprendem várias coisas”, conta.
As reservas podem ser feitas através do Booking e os preços rondam os 80€ por noite. Além das estadias, a Quinta da Fé também visitas diárias: qualquer pessoa pode lá ir brincar com os animais durante uma hora. As marcações são feitas através do Instagram e custam 4€ por adulto e 2€ para miúdos até aos 10 anos.
A seguir, carregue na galeria para conhecer melhor esta quinta no Ribatejo que conquistou o coração do casal.
