Estávamos no início de março de 2022. Um grupo de rapazes, ao passar por um contentor do lixo, perto do Garrancho – na zona de Campo Maior, Portalegre –, ouviu gemidos. Foram ver o que seria e encontraram um cão, quase morto, fechado dentro de três sacas. Sim, três sacas para esconder o crime cometido. E que poderia ter terminado da pior forma para aquele cão no limite.
Felizmente, não foi isso que aconteceu. Conseguiu-se retirar o cão do caixote do lixo, tendo sido chamada a GNR e os serviços da câmara para o recolher. Várias amigas dos animais estavam presentes e viram o mau estado em que se encontrava. Foi alimentado e resguardado, tendo de seguida sido encaminhado para uma clínica veterinária e ficado a cargo da associação Amigos dos Animais de Campo Maior, que tem lutado por ele e pela sua felicidade. A batalha da vida foi dura, mas está vencida. Falta-lhe agora uma família.
Valentino foi o nome que lhe deram. Mafalda Ensina, responsável da associação, foi sua família de acolhimento, quando teve alta da clínica VetSul Campo Maior. Em meados de abril de 2022, já restabelecido, deu entrada no abrigo da associação, que desde então tem continuado a dar a conhecer melhor este rapagão, na esperança de que alguém se apaixone por ele. E esta semana integrou também a PiTmatch, a nova plataforma da PiT de adoção responsável e de match entre tutores, onde se espera que encontre a família que o amará com todas as suas cicatrizes.
Quando foi resgatado, temeu-se o pior. O prognóstico era muito reservado. Valentino pesava 26 quilos, quando deveria ter mais de 40. E o seu corpo carregava muitas fraturas, antigas e recentes. Tinha uma ferida enorme na cabeça, tudo indicando que teria levado uma pancada forte na tentativa de o matarem. Estava assustado e cheio de dores. Também tinha sarna.
Contra todos os receios, revelou uma enorme vontade de viver e, aos poucos, foi conseguindo recuperar das mazelas físicas. As psicológicas demoraram mais a sarar, mas o amor de que tem sido rodeado ajudou no processo.
“Revelou-se um amor, sem grande trauma das pessoas. O único ‘problema’ é que não pode ver uma trela. Imaginamos que tenha estado acorrentado e ainda tem muito medo”, explicou inicialmente a associação.
Segundo os veterinários, Valentino terá nascido em 2018. Menos de quatro anos depois, o seu destino era acabar no lixo, fechado dentro de três sacas, num sofrimento enorme. Mas um grupo de jovens atentos não permitiu que isso acontecesse. “Foi resgatado quase morto. Mas deu a volta por cima”, diz Mafalda Ensina à PiT.
O amor transforma, os cuidados ajudam. E agora Valentino é um patudo recuperado, que ainda confia nas pessoas e que guarda secretamente a esperança de vir a ter uma família – desta vez de raça.
“Hoje estamos tristes e muito em baixo. O sentimento de não saber como poder ajudar, de ver o Valentino cheio de dores, o corpo dele tão frágil… Mas ele quer lutar, ele tem vontade de viver e vamos fazer tudo por ele”. Eram estas as palavras da associação Amigos dos Animais de Campo Maior no início de março do ano passado. Hoje, as palavras são outras: “Se há animais agradecidos, o Valentino é um deles. Venha conhecê-lo. Adora toda a gente, biscoitos e mimos e mais biscoitos”.
“A PiTmatch vai ser mais uma maneira de o divulgar e poder chegar à família certa”, sublinha Mafalda Ensina. Acreditamos que sim.
Percorra a galeria para conhecer melhor o Valentino e a sua evolução desde que foi encontrado.