À semelhança dos humanos, os cães podem sofrer de demência. As conclusões decorrem de um estudo realizado na Universidade de Washington, em parceria com o Dog Aging Project (um consórcio que procura compreender quão determinantes são a parte genética, o estilo de vida e o ambiente no envelhecimento dos cães).
Designada por Síndrome da Disfunção Cognitiva Canina (SDCC), esta forma de envelhecimento neurológico traduz-se numa perturbação neurodegenerativa e resulta em alterações cerebrais como défices sensoriais, perda de memória ao nível das aprendizagens, ou desregulação dos ciclos de sono.
A investigação teve por base dois inquéritos, feitos a mais de 15 mil tutores de cães, durante um ano (de dezembro de 2019 a dezembro de 2020), para averiguar a saúde e o estado cognitivo dos animais. Os dados recolhidos levaram a crer que a probabilidade de os cães desenvolverem SDCC aumenta em 52 por cento ano após ano nos patudos com mais de 10 primaveras completadas.
Fatores como a raça, problemas de saúde em acréscimo, a falta de atividade física, ou até as consequências da esterilização contribuem, também, para a deterioração das faculdades cognitivas — os cães menos ativos chegam a ter um risco de demência sete vezes maior.
Publicado da revista Scientific Reports, o estudo indica que cães com menos de 10 anos de idade raramente apresentam este tipo de sintomas alarmantes.
Em síntese, os sinais a ter em conta são os seguintes:
1. Desorientação
A demência cria desorientação, mesmo nos ambientes familiares como, a título de exemplo, a casa em que o animal vive. O próprio reconhecimento dos donos pode ser afetado.
2. Alteração do ciclo do sono
A insónia é um sinal evidente deste tipo de degeneração cognitiva, em que os cães vêem os seus horários trocados — acordam de noite, dormem de dia.
3. Perda de aprendizagens
Quando eles deixam de fazer as necessidades no espaço e tempo em que foram ensinados, ou se esquecem do treino que desenvolveram com os donos ao longo dos anos, é motivo para preocupação.
4. Alteração de comportamentos
O excesso, quer de carência e dependência, quer de afastamento e isolamento, é revelador de que algo não está bem, a começar pela saúde neurológica.
5. Redução da atividade física
A perda de interesse nos jogos, nas brincadeiras, nos passeios — e até a indiferença perante os donos — é mais um sinal que pode indiciar princípio de demência.