Os micróbios intestinais encontrados em lobos selvagens poderão ser a chave para ajudar a aliviar um problema gastrointestinal debilitador que é muito comum nos cães domésticos: a doença inflamatória do intestino. A conclusão é de um estudo realizado por investigadores da Oregon State University (OSU), nos Estados Unidos. No estudo, publicado no final de setembro na revista científica “Applied Microbiology”, os autores dão conta de uma nova estirpe da bactéria Paenibacillus, com características de um probiótico – um organismo que beneficia a saúde do hospedeiro.
Neste caso, sublinha a equipa de investigadores citada pela universidade, o benefício será combater a doença inflamatória do intestino, um problema crónico que se caracteriza por vómitos, perda de apetite, perda de peso, flatulência, estômago “barulhento” e/ou desconforto abdominal, sublinha Bruce Seal, um dos autores do estudo e que faz parte do programa de biologia da Universidade de Oregon.
A investigação – feita em parceria com o Carlson College of Veterinary Medicine da OSU – é um passo importante para se chegar a um suplemento ou aditivo alimentar capaz de direcionar a composição da flora intestinal de um cão para a de um lobo – sendo que ambos têm uma ancestralidade comum, refere a equipa que publicou o estudo.
“A moderna dieta alimentar dos cães, rica em hidratos de carbono, não reflete a alimentação de um lobo. A título de exemplo, o amido nos alimentos processados para cães são resistentes à digestão e isso pode ter um impacto negativo”, aponta Seal.
Bactéria Paenibacillus abre novos caminhos
Neste estudo, o material gastrointestinal analisado foi recolhido de um lobo morto, um dia depois de ter morrido devido a ferimentos por atropelamento. Os cientistas isolaram 20 bactérias intestinais diferentes que as análises genéticas preliminares indicam possuírem qualidades probióticas. Para este caso, os investigadores fizeram a sequenciação do genoma de uma nova variante da bactéria Paenibacillus. “Esta bactéria integra enzimas capazes de digerir hidratos de carbono complexos, como o amido”, diz ainda Seal.
“As bactérias não tóxicas e formadoras de esporos promovem respostas imunitárias anti-inflamatórias nos intestinos e inibem o crescimento do organismo patogénico. Tendo tudo isto em consideração, esta bactéria pode ser um potencial probiótico muito útil para os cães”, salienta o mesmo investigador, adiantando que a sua equipa pretende fazer a sequenciação genómica de quatro ou cinco outras espécies bacterianas de entre as 20 que foram isoladas. O que pode vir a ajudar – e muito – os amigos de quatro patas que vivem nas nossas casas.
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