Saúde

Beagle – Esta é a raça preferida como cobaia nos testes com cães. Porque será?

O porte pequeno implica menos custos e a docilidade também é um atrativo para os cientistas.
É um cão curioso e amistoso.

Quando se fala em testes em animais – para áreas como a medicina, farmacêutica e cosmética, por exemplo –, a primeira palavra que se associa é cobaia. E o tema da experimentação médica e científica em animais está longe de ser consensual. Apesar da melhoria das leis em geral que regem esta prática – e da apertada regulação e supervisão no sentido de não infligir dor, sofrimento, aflição ou dano duradouro desnecessário –, são muitas as vozes que não consideram éticos estes procedimentos.

O certo é que esses procedimentos existem – em ratos, coelhos, porcos, cães e outras espécies de animais. Quando são usados cães, sabia que a raça preferida dos investigadores é o Beagle? E porquê?

Há várias características no Beagle que o levam a estar no topo da escolha dos investigadores, como o facto de ser um cão de porte pequeno e dócil. Com efeito, um Beagle deixa, por norma, que faça tudo com ele e ainda lhe lambe o rosto.

No Beagle Freedom Project, a maior organização mundial de resgate e adoção de animais usados para experiências laboratoriais, apontam as principais razões para a escolha desta raça como cobaia: s suas boas características comportamentais, tamanho e outros traços físicos, além do temperamento dócil. “Por outras palavras”, sublinha a organização, “as características que fazem dos Beagles fantásticos animais de companhia e adorados membros da família são também aquelas que os tornam vítimas vulneráveis para experiências em laboratório”.

O facto de o Beagle ser um cão de porte pequeno facilita o controlo e os gastos aplicados na investigação. Por outro lado, o facto de haver mais estudos sobre esta raça leva a que, ao ser escolhida numa experiência, seja mais fácil obter parâmetros de comparação mais fiáveis.

Beagle tem sido uma raça sofredora

Uma vez que se trata de uma raça tão procurada para fins de experimentação, têm sido muitos os casos que chegam a público sobre Beagles mantidos em condições deploráveis – tanto em institutos como em “fábricas de cachorros”, onde a procriação desenfreada é o foco.

Um deles foi o caso do Instituto Royal, no Brasil, quando em 2013 um grupo de ativistas – entre os quais Luisa Mell – invadiu as instalações do laboratório e resgatou 178 Beagles, além de coelhos e ratos.

Outro caso mais recente aconteceu nos Estados Unidos, no ano passado. O Departamento norte-americano de Justiça foi essencial para todo este processo, já que ordenou o resgate de quatro mil Beagles que a empresa Envigo estava a criar num canil em Cumberland, no Estado da Vírginia, para serem vendidos a empresas farmacêuticas e serem usados como cobaias em testes com medicamentos e cosméticos. O canil foi fechado devido a violações dos direitos dos animais e foram entretanto acolhidos por várias instituições de proteção animal para serem preparados para as suas novas vidas.

Meghan Markle e o príncipe Harry estiveram entre os adotantes destes cães, ao acolherem na família uma Beagle de sete anos, à qual deram o nome de Mamma Mia.

A primeira instituição, em todo o mundo, que decidiu fazer experiências com Beagles foi a Universidade do Utah, nos Estados Unidos. Em finais da década de 1950 soube-se que a universidade tinha usado estes cães nos seus testes financiados pela Comissão norte-americana da Energia Atómica, tendo mais de 7.000 Beagles morrido nas experiências – onde eram injetados com plutónio, um radionuclídeo altamente tóxico.

Percorra a galeria para saber mais sobre os Beagles – e, por cá, o famoso Simão mostra Lisboa com as suas melhores poses.

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