Saúde

Cães com demência têm as mesmas perturbações no sono que os humanos

Num estudo com 17 cães seniores com declínio cognitivo, a conclusão é clara: quando dormem, o estado é quase sempre de vigília.
Sono profundo dura pouco.

Os cães com demência apresentam as mesmas perturbações no sono que os humanos que sofrem do mesmo problema. A conclusão foi apresentada num novo estudo, levado a cabo por investigadores da North Carolina State University, nos Estados Unidos, e publicado a 28 de abril na na revista científica “Frontiers in Veterinary Science”.

A equipa de investigadores realizou eletroencefalografias (EEG) a cães seniores para determinar se a leitura das ondas cerebrais durante o sono tinha correlação com sinais de declínio cognitivo. Os resultados foram claros: os cães com estados mais avançados de demência sofrem mais perturbações no sono e dormem menos, em geral, do que os cães com uma normal função cognitiva.

O estudo – que faz parte de uma investigação clínica sobre envelhecimento e cognição em cães que está a ser conduzida naquela universidade do Estado da Carolina do Norte – foi feito junto de 28 cães seniores: 17 fêmeas e 11 machos.

Os investigadores realizaram técnicas não invasivas para reunirem dados: os cães não foram sedados e os elétrodos foram colocados no crânio com a ajuda de um gel. Os patudos envolvidos no estudo fizeram duas sessões de sono no laboratório – a primeira para os familiarizar com o ambiente e com a colocação dos elétrodos, e a segunda para monitorizarem e gravarem a atividade cerebral durante um período de duas horas de sono, refere o comunicado da universidade.

“Os estudos mais antigos sobre o sono nos cães costumavam envolver elétrodos implantados através de cirurgia. Este tipo de investigação não invasiva é relativamente recente”, sublinha Alejandra Mondino, investigadora naquela universidade e principal autora do estudo.

Grau de demência influi na qualidade do sono

Antes da experiência, os cães passaram por testes físicos e cognitivos e os seus tutores preencheram o questionário CADES (Canine Dementia Scale), de modo a determinar a severidade do seu declínio cognitico.

As eletroencefalografias avaliaram quatro fases do sono: estado de vigília, sonolência, NREM e REM. O estado NREM (Não-REM) é o de sono profundo, que antecede o REM (que significa rapid eye movement e está associado aos sonhos).

“No estado NREM, o cérebro limpa as toxinas, incluindo as proteínas beta-amiloide envolvidas em doenças como o Alzheimer. Já o estado REM é quando os sonhos acontecem e esta fase é muito importante para a consolidação da memória”, apontou Alejandra Mondino.

Segundo os resultados do estudo, quanto maior era a pontuação do cão em termos de demência, menos tempo ele passava nos estados NREM e REM.

“Estes cães têm demência, pelo que as perturbações no sono fazem parte. Além de terem períodos mais curtos a dormir, quando olhamos para a EEG vemos que a sua atividade cerebral durante o sono é mais propensa ao estado de vigília”, acrescenta a principal autora do estudo. “Por outras palavras, quando eles conseguem dormir, os seus cérebros não estão realmente a dormir”.

Os investigadores esperam que este trabalho, que estabelece orientações para identificar o declínio cognitivo nos cães, possa levar a diagnósticos e intervenções mais atempadas nos patudos seniores com sinais de demência.

Percorra a galeria para conhecer melhor algumas raças de cães e as suas características.

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